1 - Nicolle Murray

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-Já mandei tirar essas lentes quando vier treinar.

-Eu preciso treinar com elas. Senão, quando eu estiver numa briga de verdade, posso não me adaptar e acabar com os olhos irritados. Preciso da minha visão boa em qualquer circunstância. Aliás, por que eu ainda preciso treinar? Sabemos que eu consigo bater em você - sorrimos. Ele tentou me acertar uma série de vezes.

-Por que usa essas lentes mesmo?

-Pro caso de eu precisar me disfarçar, infiltrar e atravessar alguns leitores de retina.

-Você só fez isso uma vez.

-Prefiro estar sempre pronta.

E começamos nossa seção diária de tentar matar um ao outro.

Estávamos na sala de treinamento. Eu ia ali todos os dias desde que havia sido mandada para aquela base. Acordara num quarto - ou cela - na base da Hidra em um país frio, sem quaisquer habilidades táticas, sem lembrança alguma e com nada mais do que uma tatuagem de pássaros no braço.

"Você vai se tornar a melhor, Nicolle."

Tudo o que eu sabia era o que tinham me contado quando acordei. Eu era especial, tinha um poder real correndo nas veias - que eles insistiam em tentar esvaziar, mas meu corpo sempre repunha quase que semanalmente o sangue retirado.

Logo aprendi o poder que a Hidra possuía. Perambulando pelos laboratórios na volta de mais uma retirada de sangue, vi armas mágicas, algum tipo de monstro alienígena, e os gêmeos, que ainda tentavam controlar os seus poderes. Eu pelo menos conseguia não botar fogo nas coisas. A garota parecia tão maravilhada com tudo o que podia fazer...

Me deram um nome e um propósito: ser uma arma especial da Hidra, neutralizando ameaças. Precisaria de várias habilidades, entre elas saber outros idiomas (já que onde eu estava o idioma predominante era alemão), treinos de luta e de armamento. Para tal, fui transferida para a base de Washington poucas semanas depois.

Com relação às aulas de Russo e Alemão não tive grandes problemas, eu já estudava isso antes de ser realocada. Mas o treino corporal tinha começado muito mal.

Comecei apanhando muito de soldados de baixo escalão, num joguinho chamado de "Desafio do Saco de Pancada", onde o saco era eu e o objetivo era me causar o maior número de danos. Eles eram brutamontes natos, que chutavam e socavam ainda que o oponente estivesse morto no chão. A diferença é que eu sempre ia pro chão e levantava segundos depois, praticamente em perfeito estado. Certa vez um deles me enfiou uma faca em um momento de distração. Todos os três ficaram assustados quando comecei a emitir uma cor laranja enquanto curava.

Foi um dia divertido, sem dúvidas.

Se esforçaram mais em me bater depois daquilo, mas eu fui melhorando. Em três semanas de lutas constantes eu conseguia derrubar cinco deles em uns sete minutos apenas com golpes.

Meus superiores acharam que aquele treinamento estava muito demorado, e que eu tinha um potencial que poderia ser altamente explorado se tivesse o estímulo certo. Eu não questionava decisões, então pra mim tudo bem um treinador.

Passei uma semana com exercícios físicos esperando-o chegar. Gostaria de ter conhecido ele em outra ocasião e outro lugar, por que Barnes não foi nada gentil comigo no nosso primeiro encontro. Me deu uma surra tão feia que eu apaguei.

Também pudera né... O safado tinha um maldito braço de metal.

Perguntei de onde aquele cara tinha saído, e o que sabiam dele. Alguns guardas me falaram que ele era muito velho, e que era mantido congelado pra atravessar as décadas em serviço da Hidra. Por um momento eu me perguntei se haviam feito isso comigo também.

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