Capítulo 6 (Por Laura)

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Depois do jantar, Maya e Kathryn sumiram, me deixando sozinha. Então, vou até a varanda, onde vejo Peter lendo um livro. Reprimo um suspiro. Ele é tão lindo, musculoso e cavalheiro! Literalmente, o homem dos meus sonhos. Porém, ele não sabe disso, e é frustante gostar de alguém e ela nem ao menos notar perceber. Se eu apenas tivesse coragem de lhe falar tudo que sinto... Mas não consigo, tenho medo de ser rejeitada e ter meu coração partido.

- Laura? - Peter pergunta, se dando conta de minha presença.

- Ah, oi! - Exclamo, saindo de meu transe e mudando o peso do corpo para outro pé.

- Senta aqui. - Ele oferece, batendo no espaço vago ao seu lado, no banco balanço que está sentado.

Mesmo nervosa, vou até lá e me sento.

- Livro de poesias? - Pergunto, olhando o nome do livro. - Que fofo.

Peter ri de lado.

- Você acha? Júlia sempre me dizia que achava muito brega ler poesias. - Peter revela.

- Ela é uma imbecil. - Xingo-a, sem pensar duas vezes. - Não sei como conseguiu ficar com ela.

- Na verdade nem eu sei. - Ele confessa. - Não foi por amor, sabe? Talvez só por... luxúria. Eu acho.

- Entendo. - Respondo. - E você não pretende... É ... Se relacionar de novo? - Pergunto. Meu Deus! Por que perguntei isso?! Será que pareci muito atirada?

- Sim, quando aparecer a pessoa certa. - Ele me olha nos olhos.

- Talvez ela esteja na sua frente. - Digo, me arrependendo no mesmo segundo. — Eu quero dizer, bem debaixo do seu nariz, sabe? Às vezes, as pessoas não percebem o óbvio. - Falo tudo muito rápido, por conta do nervosismo.

Chega, Laura! Chega! Não se envergonhe assim.

- É verdade... - Peter concorda, parecendo pensar sobre o que disse. - Sabe, Laurinha, você deveria ter um namorado. É bonita, simpática e tem um sorriso muito lindo também. - Ele sorri.

Ai, meu Deus! Ele me acha bonita? E simpática? E o meu sorriso lindo? Senhor, me receba no céu! Quer dizer, não, não! Pelo menos não até eu conseguir conquistar esse homem!


- Obrigada. - Respondo, sorrindo com timidez e corando que nem um pimentão. - Você também é muito bonito, simpático e possui um lindo sorriso. - Retribuo seus elogios, prendendo a respiração.

- Não mais que você, Laurinha. - Falou dando uma piscadela. - Quer ouvir uma poesia?

- Claro! Quer dizer, sim, por favor. - Falei. Laura, Laura! Se ajeita mulher! Nada de ser atirada.

- "O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..." - Disse lendo uma poesia.

- Essa foi a coisa mais linda que já ouvi. - Digo, admirada. Além de linda, a mais verdadeira também, porque tudo o que eu estou sentindo foi descrito em uma simples poesia.

- É de Fernando Pessoa. - Revela. - É uma de minhas poesias preferidas. - Ele sorri.

- É realmente muito bonita ... - Falei e em seguida olhei para o céu que estava recheado de estrelas. - Nossa! As estrelas estão tão bonitas hoje! Da cidade, mal dá para vê-las. Mas aqui... - Observo deslumbrada.

Literalmente Apaixonados [2° Temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora