" Tudo o que quero de você é te ver amanhã. E todo amanhã, talvez você me empreste o seu coração"
A luz do sol bateu sob as portas da varanda, iluminando o quarto quase que por completo.
Eve abriu os olhos e encarou as cortinas que cobriam as portas dupla da varanda e balançavam lentamente conforme o vento fraco batia sob elas.
Apesar do silêncio do quarto o som alto da música que tocava no andar de baixo ecoava por todo o espaço. Tudo parecia perfeitamente bem apesar de Eve estar com uma sensação estranha.
Ela olhou pro lado e arregalou os olhos ao ver que horas eram:
- aí merda...- ela se livrou da coberta e saiu da cama as pressas tropeçando nos lençóis que estavam jogados e caindo de cara no chão.
Ela gemeu de dor e se arrastou até o banheiro levantando só quando chegou até a porta.
Eve tomou um banho rápido e se trocou as pressas. Quando terminou pegou a mochila e saiu do quarto indo pra cozinha onde suas mães estavam preparando o café como sempre:
- Bom Di...
- Eu estou atrasada!- Eve gritou interrompendo a mãe- Eu fui dormir tarde e acabei não escutando o maldito do despertador. Eu estou um desastre, com sono e pareço uma morta viva de tão pálida, meu dia começou uma droga e se eu não sair de casa agora não chegou a tempo no colégio. Então por favor não me diga bom dia, por que não está sendo um bom dia pra mim...
- calma foguenta, eu posso te levar de carro- Pegg falou
- Não dá tempo, eu vou sair agora. Se eu não chegar a tempo foda- se também, eu não ligo- Eve pegou um pedaço de bolo na mesa e modeu um grande pedaço correndo pra porta- amo vocês.
Ela saiu da cozinha e correu pra porta e saindo de casa às pressas.
Pegg e Louise se entreolharam:
- o que deu nela?- Louise perguntou
- quem é que sabe- Pegg puxou a cadeira e se sentou balançando a cabeça negativamente- garota estressada.
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"Querida folha de papel que eu acabei de arrancar do meu caderno.
A minha vida é uma droga. A puta de uma droga.
Sinto muito por usar um palavreado tão informal mas eu não aguento mais a maldita da minha vida e não há outro jeito de expressar isso sem usar o velho e bom palavrão.
Bom, eu poderia contar toda a porra que me aconteceu durante essas três longas horas que passei presa nesse colégio, mas, não quero me entediar ainda mais escrevendo todas as merdas que me aconteceu desde que eu coloquei o pé no corredor.
É claro que comparado a todos os anos de merda que eu vivi nesse inferno o dia de hoje passa longe de ser um dos piores.
Mas se eu for contar o total de vezes que eu acabei me fudendo por apenas querer passar um dia sem ter que aguentar a Puta da Nina, a vadia da Lola e o Viado corno do Peety me enchendo só hoje, eu vou acabar perdendo o resto do meu dia fazendo isso.
Não suporto mais esses projetos de gente enviados pelo próprio capeta e pra terminar não suporto mais a porra dessa aula de matemática que não acaba mais.
Mas, se eu não levar em conta todas essas merdas de hoje, o que sobra pelo menos é algo bom. Dexter Rutherford é definitivamente o lado bom da minha vida.
Ter virado amiga dele foi talvez a melhor coisa que eu fiz em toda a minha vida até porque eu não cheguei a fazer muitas coisas boas nessa minha curta vida nada divertida.
Resumindo Dexter Rutherford é com certeza a melhor coisa que já me aconteceu, as vezes quando estou perto dele sinto vontade de jogar tudo pro alto e começar a cantar Hands To Myself pra ver se consigo a atenção dele do jeito que eu quero, e é claro, não estou falando da atenção que ele me dá como amigo. Isso é vergonhoso? Sim, é muito, muito vergonhoso. Isso é loucura? Sim, é a puta de uma loucura. Mas do que isso importa? Eu vou morrer em alguns meses mesmo.
Não dou a mínima pro que os outros vão pensar de mim, acredite, pior do que tá a minha vida não fica.
A partir de agora não sei se o que vai acontecer comigo será bom ou ruim, mas seja o que for eu vou aguentar. Vou aguentar porque não tenho motivo pra desistir e vou aguentar principalmente porque de agora em diante o tempo é o meu único limite, só ele pode me parar e quer saber folha de papel, eu não tenho mais medo dele.
Assinado: A estranha. "
Eve dobrou a folha de papel e a guardou no caderno.
Ela olhou envolta da sala e viu que muitos dos alunos dormiam enquanto a professora passava um texto gigantesco sobre matrizes.
Eve fez uma careta e suspirou revirando os olhos.
"Puta. Merda" ela pensou e bateu com a mão na testa.
Ela olhou na direção do relógio e abriu um pequeno sorriso diabólico ao ver que faltava apenas dois curtos minutos para bater o sinal e ela se livrar daquela aula chata.
Mas, para o azar dela aqueles foram os dois minutos mais longos de sua vida. Era como se o relógio não quisesse mesmo que o tempo passasse.
Assim que o sinal finalmente bateu ela pegou suas coisas e foi uma das primeiras a sair da sala.
Ela parou no corredor e esperou até que o movimento diminuísse. Era hora do intervalo, todos iriam para o pátio menos ela.
Assim que todos haviam saído do corredor Eve se sentou num banco e pegou seu celular e os fones de ouvido.
Ela colocou no rock mais pesado que tinha e aumentou a música até o último volume.
Ela estava cansada, com raiva, com vontade de socar qualquer um que tentasse qualquer coisa com ela. Aquele realmente não era um dia bom pra Nina tentar alguma coisa, se havia alguém com raiva em todo aquele colégio era ela.
Eve se levantou e seguiu corredor a frente na direção da saída.
O pátio de entrada estava completamente vazio o que era muito bom colocando em conta o que ela pretendia fazer.
Ela se aproximou das grades e respirou fundo olhando envolta e conferindo se a área estava mesmo vazia.
Eve colocou as mãos nas grades de ferro pronta para fazer uma pequena escalada.
Não devia ser tão difícil como nos filmes que ela assistia, respirando fundo mais uma vez ela avançou prestes a subir quando ouviu uma voz masculina o que a fez parar:
- é melhor não fazer isso.
Ela olhou para trás e pros lados mas não viu ninguém:
- Deus? Deus é você?- ela perguntou puxando os fones de ouvido e olhando pros lados e pro céu.
Ouve uma risada e então ela deu um passo para trás se afastando das grades:
- Quem é?- ela perguntou um pouco irritada.
- com certeza não sou deus.
- então é o diabo? Olha tá legal que eu não sou tão santa mais matar acidentalmente um esquilo não é lá um pecado, ou é?
- aí depende, se foi mesmo um acidente não é um pecado mas se você matou o pobre do esquilo de propósito...
- Isso realmente não vem ao caso- Eve cruzou os braços e olhou de um lado pro outro curiosa- Quem Diabos está aí?
Dexter deu um passo pro lado e apareceu do outro lado das grades. Seu cabelo estava levemente bagunçado o que o deixou absurdamente lindo:
- o que é que você está fazendo aí?- ela perguntou.
Dexter deu de ombros:
- eu não estava fazendo nada, já você...
- é, eu sei. Eu estava dando uma de maluca querendo escalar essas grades pra fugir do inferno desse colégio só porque não aguentava mais ou melhor, eu não suportava mais esses filhos da puta que só sabem me perturbar.
- Eve...
- não me venha com concelhos de merda Dexter e por favor não diga que a culpa de tudo isso é minha por que não é. Até onde eu bem me lembro não é nenhum pecado dizer o que sente pra uma pessoa. Ta legal, eu fui a errada me declarando pra um viado, mas a culpa NÃO É MINHA!!!
Eve parou de falar respirando fundo e tentou se acalmar. Dexter a encarou com as sobrancelhas arqueadas e antes que ele pudesse dizer algo, mais uma vez Eve o interrompeu:
- eu sei que eu estou parecendo uma louca muito mais do que o normal, mas eu estou estressada.
- OK- Dexter assentiu- Deu pra perceber que você não está muito bem, e eu não pretendia te chamar de maluca por estar escalando essas grades, só acho que há outras formas de deixar o colégio sem acabar se machucando.
- eu não ia me machucar.
- ah você ia sim. Não estou dizendo isso porque não acho que você seja capaz de escalar, mas acho que não te avisaram que bem alí em cima a grade é elétrica, você levaria um belo de um choque e provavelmente iria cair lá de cima e com certeza não seria nada legal.
Eve engoliu em seco e olhou no topo das grades e estremeceu só de pensar que poderia cair de uma altura tão grande.
- Como eu disse- Dexter continuou- existem outras formas de deixar o colégio sem acabar no hospital.
- então como você chegou aí do outro lado?
- ah isso foi fácil.
- como?- ela perguntou com toda a paciência que tinha.
- foi muito, muito fácil. Eu simplesmente usei o portão.
- o portão?
Dexter apontou na direção do portão que inacreditavelmente estava aberto:
- legal não é?- Dexter perguntou sorrindo- e quer saber mais, ele fica aberto assim todos os dias.
- ele não estava aberto quando eu saí...
- acontece que você estava bastante estressadinha quando saiu do prédio.
- e não é porque ele está aberto que eu deixei de ficar- Eve se virou e seguiu na direção do portão.
Ela passou por ele e seguiu pela calçada:
- onde você está indo?- Dexter perguntou indo atrás dela.
- estou indo embora. Não estou a fim de ficar aqui.
- e você vai pra onde?
- sei lá, talvez eu pare numa lanchonete e coma tudo o que me der vontade, ou talvez eu simplesmente vou pra minha casa pra dormir.
- ou talvez, como é uma garota adorável você vai aceitar o meu convite para dar uma volta.
Eve parou de andar e se virou o encarando:
- o que você disse?- ela perguntou.
- que você vai aceitar o meu convite pra dar uma volta.
- dar uma volta...?- Eve o olhou nervosa, não sabia o que fazer ou falar. Pela primeira vez ela recebia um convite pra dar uma volta e olha só, ela não sabia mesmo como reagir a tudo àquilo.
- eu vou... Eu preciso...- ela falou meio atrapalhada.
- Não, você não vai- ele se aproximou dela e segurou sua mão- dessa vez você vai vim comigo.
- O- OK- ela assentiu.- eu vou com você.
Dexter sorriu:
- é isso aí, agora você é minha até o resto do dia
- O QUE?!...

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All Star Azul
RomanceTalvez ela não nasceu pra viver num conto de fadas, nem perderia seu sapatinho de cristal pra seu príncipe finalmente a encontrar. Eve nunca acreditou que teria um final feliz e depois da descoberta de um tumor no cérebro acreditou mesmo que sua his...