Capitulo Vinte e Cinco

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Seu All Star Azul combina com o meu preto de cano alto...”

Os próximos segundos foram tão confusos quanto tudo em sua cabeça.
Eve foi puxada com tudo pra longe da briga e a única coisa que viu foi Dexter se soltando dos capangas de Peety e avançando contra ele.
Logo depois ela viu Dexter e Peety no chão se socando e Diniz e Max, cada um lutando com um dos capangas.
Em questão de segundos todo o salão de dança pareceu se tornar uma zona de guerra. Em algum lugar dos quatro cantos do salão uma nova briga começou e então todos estava socando um ao outro.
Eve já tinha visto aquele tipo de coisa em filmes mas nunca pensou que veria uma verdadeira briga de bar com todos literalmente se socando.
Para Eve tudo aquilo parecia assustador ao mesmo tempo que divertido. Culpa do álcool, ela pensou
Nick a puxou para fora do salão e a guiou pelo bar até que saíram. Ele continuou puxando ela até que ambos pararam perto da caminhonete preta de Max:
- espera aqui- Nick falou e se virou para voltar ao bar mas Eve o puxou.
- você me tirou de lá e vai me deixar aqui?- ela perguntou.
- eu tenho que voltar lá.
- e eu não queria sair de lá!
- Eve...
- olha só, eu não sou uma boneca frágil OK? Sabia que pessoas com câncer também podem se divertir ou brigar? Somos normais, sabia?!
Nick arqueou as sobrancelhas e assentiu:
- Eu sei Eve mas você não está bem...
- eu estou bem sim! Eu já disse que pessoas com câncer são totalmente normais...
- não- Nick colocou as mãos nos ombros dela- eu não estou falando isso pelo câncer. Você está bêbada, pode se machucar lá dentro.
- eu não estou bêbada- Eve se livrou das mãos de Nick e deu um passo não muito seguro para trás. Sua cabeça parecia um redemoinho que girava e girava sem parar.
Nick a segurou antes que ela caísse e a pegou no colo a mantendo segura em seus braços:
- Me solta...- Eve se debateu contra ele e Nick a apertou contra ele tentando mante-la parada-... Wow! Você está me apertando.
- eu sei e não vou soltar.
Nick se aproximou do carro com ela ainda em seus braços e abriu a porta. Ele a colocou sentada no banco do passageiro e fechou a porta travando o carro com o pino da janela.
- Niiiick- Eve gemeu tentando abrir a porta- me deixa sair!
- não, não deixo.
- mas eu quero sair!
- você quer sair mas não vai.
Nick se afastou da porta:
- isso não é coisa que se faz com uma Careca!- Eve gritou- eu vou te processar!
- fique à vontade!- Nick gritou de volta.
- Nick! Nick não me deixa aqui!
Nick mandou tchau de onde estava e antes que ela podesse gritar mais alguma coisa ele entrou no bar.
Eve cruzou os braços irritada e gritou expressando tudo o sentia dentro se sí.
Ela olhou pela janela do carro na direção do bar e suspirou ao ouvir os gritos vindo de lá. Se ainda estavam brigando deviam estar bastante animados e dispostos porque cada grito que vinha de lá era um pior e mais alto que o outro.
- maldito!- ela gritou naquela direção como se alguém fosse ouvi-la.
Eve se inclinou ligando o rádio do carro e aumentou o volume no máximo. O som do carro era alto, tão potente que dominou toda a área próxima do bar.
Eve não fazia ideia da música que tocava e não dava a mínima, tudo o que precisava era de algo para ocupar sua mente.
Ela encostou a cabeça no banco e fechou os olhos se concentrando na batida da música. Parecia algum tipo de pop rock, era uma música boa e animada com um solo de bateria incrível.
Eve se perdeu completamente naquele som e só abriu os olhos quando ouviu uma batida forte contra o capô do carro.
Ela se inclinou tentando olhar pelo vidro da frente o que era e viu Peety correndo todo atrapalhado. Ele parecia estar fugindo de alguém pois estava bastante desesperado.
Ele olhou pra ela e arregalou os olhos quando Eve mostrou os dois dedos do meio para ela:
- viado!- ela gritou e queria poder sair daquele maldito carro para ir dar mais um tapa na cara dele. Ela pode até ter caído, e pode ter perdido sua peruca no meio da confusão que ele fez, mas a marca de seus dedos na cara dele era um prêmio e tanto.
Peety começou a correr em disparada assim que viu Dexter sair às pressas do bar.
Dexter tentou alcança-lo mas Peety conseguiu escapar desaparecendo rua a frente:
- Dexter!- Eve gritou/chamou.
Dexter se virou e semicerrou os olhos conseguindo Ver Eve dentro do carro. Ele foi até ela e parou em frente à porta:
- o que está fazendo aí?- ele perguntou.
- o Nick me trancou aqui, eu não consegui...- Eve parou de falar e desligou o rádio irritada.
Dexter puxou o pino destravando o carro e abriu a porta. Eve o encarou surpresa.
Como raios eu não pensei nisso?!, ela pensou consigo mesma.
Dexter a ajudou a sair e assim que ela colocou os pés pra fora do carro ele a abraçou forte a levantando em seus braços:
- você está bem?- ele perguntou próximo ao ouvido dela.
- ã-ham.
Ela o apertou forte e fechou os olhos sentindo todo o conforto que precisava naquele único abraço.
Dexter deu um beijo no pescoço e não a soltou. Eles continuaram apenas abraçados por mais um longo minuto e continuaram assim por mais outro e outro e outro minuto até que Eve se desligou definitivamente de tudo.
- você tem um cheiro tão bom- ela falou e Dexter riu. Eve se arrepiou por completo ao sentir o som da risada calorosa de Dex contra seu ouvido.
- que bom saber disso.- ele falou logo em seguida- Você também tem um cheiro maravilhoso, chega a ser perturbador.
Eve sorriu e saiu do paraíso assim que ele a soltou a colocando no chão. Ele a encarou e a encarou mais até que sorriu com aprovação:
- quer saber Evangeline, você fica bem melhor sem aquela peruca.
- sério?
- sério- ele assentiu sem deixar de sorrir- você é tão linda.
- não, não sou e não tente me convencer disso Dexter porque eu não vou acreditar.
- mesmo que não acredite tem muitas pessoas que acham você linda e cada uma dessas pessoas estão certas.
Eve o encarou pensando numa resposta boa para aquele comentário que ela acreditava mesmo ser uma grande mentira mas antes que tivesse a chance de responder ela acabou notando o estado em que ele estava. Seu rosto branquelo agora estava vermelho e havia um corte ou outro próximo ao olhos, no canto da boca causados pelos socos do Peety:
- se rosto está...- ela levantou a mão para tocar o rosto dele mas Dexter a impediu. Ele pegou a mão dela e a apertou de leve.
- não se preocupe com isso- ele falou abrindo um pequeno sorriso- não é nada tão sério assim.
Eve assentiu e tentou sorrir apesar de estar um pouco preocupada com ele. Por algum motivo maluco Peety havia feito aquele show todo e por conta disso agora Dexter estava machucado, ela estava sem sua peruca, e todo o povo do bar estava brigando. Maldito Peety.
Eve abriu a boca pra falar algo como “Sinto muito pela merda do Peety ter estragado a noite” quando seu celular vibrou em sua cintura.
Ela o pegou e leu a mensagem na tela:
Mamãe: CADÊ VOCÊ?!!!!!!!!!! ESQUECEU???????????? SUA TIA E SEU TIO JÁ ESTÃO AQUI!!!!!!!!!!! SEJA O QUE FOR QUE ESTEJA FAZENDO PARE E VENHA AGORA PRA CASA!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eve arregalou os olhos prestando mais atenção nos vários pontos de exclamação do que na própria mensagem. Sua mãe devia mesmo estar uma fera e quando a visse naquele estado talvez fosse repensar um pouco sobre as novas amizades dela:
- acho que eu preciso ir- ela falou antes de guardar o celular- eu preciso realmente ir.
- OK- Dexter olhou na direção da rua suspirando- aguenta a caminhada?
Ele olhou pra ela a tempo de vê-la fazer uma careta:
- caminhada- ela repetiu- mais ou menos....
Dexter sorriu e balançou a cabeça:
- da próxima vez eu venho de moto, juro.
- na verdade prefiro caminhar do que encarar aquela sua moto de novo.
Dexter arqueou as sobrancelhas:
- está falando sério?- ele perguntou surpreso.
Eve deu de ombros:
- odeio sua moto.
- odeia!- Dexter falou parecendo ofendido- Como odeia? A minha moto é uma fera na pista.
- eu sei, mas ultimamente eu venho procurando evitar esse tipo de fera.
Eve sorriu e se virou para seguir na direção da rua mas ele a puxou:
- calma aí Pandacornio- ele a fez se virar. O sorriso de Eve se tornou ainda maior ao notar que ele havia chamado ela pelo apelido que Diniz havia dado a ela.- eu te levo.
- me leva?- ela perguntou.
- é te levo. Sobe nas minhas costas e aí eu...
Eve parou de escutar no momento em que ele disse a palavra “Costas”. Uma onda de pensamentos surgiram em sua mente, muitos deles quase a fizeram ficar zonza de tão malucos que foram.
Ela tentou se imaginar nas costas dele sentindo todos os músculos definidos de Dexter, sentindo ainda mais aquele perfume e tendo que encarar os milhares de pensamentos maliciosos que ela com certeza teria até chegarem em casa o que não seria “nada legal”.
-...OK?
Ela piscou saindo de seus pensamentos e sorrindo para Dexter:
- OK- ela falou nem um pouco segura.
- ótimo- Dexter se virou- Agora sobe nas minha costas.
- é o que?!
- sobe nas minhas costas. Não precisa ter medo eu não vou morder você... A não ser que você queira, é claro, mas isso não vem ao caso agora.
- ta legal...- Eve respirou fundo e precisou de um minuto pra se preparar mentalmente.
Eu não vou ficar pensando nos músculos dele.
Não vou vou ficar me drogando com aquele maldito -mas gostoso-, perfume.
E não, eu não vou ficar pensando em coisas maliciosas.
Poder da careca, poder da careca, poder da careca...!
Ela deu um passo a frente e pulou nas costas dele passando as pernas envolta do quadril de Dexter que pôs ambas as mãos nas coxas dela a segurando forte. Eve enlaçou o pescoço dele de leve se segurando e não pôde evitar sentir o maravilhoso cheiro do perfume dele. Aquele perfume era uma droga para o nariz dela que agradecia e a xingava ao mesmo tempo por ela não ter o mínimo controle da situação.
- vamos lá?- Dexter falou parecendo animado- Vamos ver se um meio bêbado que acabou de sair de uma briga consegue carregar uma princesa até seu castelo.
- a gente não devia se preocupar com os rapazes lá dentro?- ela perguntou.
- não, eles gostam de brigar. E além do mais, aquilo lá é uma briga de bar e briga de bar são divertidas.
- Ok...
- bora?
Eve sorriu:
- bora.
Dexter começou a andar e seguiu caminho a frente indo para a casa de Eve.
O caminho pareceu tão perturbador quanto a sensação de estar tão grudada nele. Parecia que todos os pensamentos ruins quiseram tomar conta de sua mente naquele momento.
Não que fosse ruim pensar nele mas, levando em conta aquela situação aqueles pensamentos do pecado pareceram pesadelos.
Dexter até que conseguiu deixa-la bastante distraída. De vez ou outra ele fingia que ia derruba-la o que a deixava apavorada, mas, havia vezes que ele realmente ia derruba-la não de propósito e nem de brincadeira mas sim porque ele estava bêbado e mal se aguentava em pé.
Conversar com Dexter sempre foi bastante agradável mas conversar com o Dexter bêbado era bastante divertido. Ele estava sempre falando coisas sem sentido que no final acabavam fazendo com quê os dois caíssem na gargalhada sem dar a mínima pro que falavam.
Assim que Dexter finalmente parou já estavam em frente à casa de Eve. Ele a colocou no chão e antes que podesse dizer algo ela saltou nos braços dele o abraçando com força:
- hey...- Dexter riu tentando se manter em pé enquanto a abraçava de volta.
- te amo- ela falou sem pensar.
Dexter sorriu e a apertou bem forte contra sí. Aquela era a primeira vez que ela dizia algo do tipo para ele e mesmo estando um pouco bêbada, Dexter sentia que o que ela havia dito era tão verdadeiro quanto qualquer coisa que ela já havia dito.
Naquele pouco tempo que passou com ela, ele não só aprendeu a ver um novo lado da vida como também aprendeu a amar. Sim, era isso o que ele sentia por ela e mesmo sabendo que de alguma forma um dia tudo aquilo que eles estavam vivendo ia acabar ele também sabia que seu amor era sincero.
O importante alí era viver o agora, ele pensou, o importante era pensar apenas no hoje e talvez o amanhã fosse algo que devessem esquecer. Estar com ela valia cada segundo, cada hora de sua vida. Nada mais importava quando os dois estavam juntos e nada fazia sentido quando estavam separados.
Dexter nunca soube se algum dia estaria pronto para amar e aquilo o assustava ao mesmo tempo que o deixava feliz pois seu primeiro amor era não só a pequena Eve, como também era a garota do All Star preto de cano alto que ele sempre observou e nunca se achou bom o suficiente para se aproximar e dizer “Oi”.
Depois de tanto tempo ela finalmente passou a ser dele e não daquele idiota do Peety e agora como em todos os momentos em que esteve com ela, aquilo ficaria marcado em suas lembranças. Ele não estava disposto a esquece-la da mesma forma que ela também não estava disposta a esquece-lo.  
Ele a apertou em seus braços e suspirou sussurando no ouvido dela:
- e eu te amo de volta.
Ela o soltou e se inclinou dando um pequeno beijo no rosto dele. Dando um único passo para trás Eve se afastou e se virou abrindo o portão de sua casa mas parando ao ouvi-lo chamar.
Ela se virou e no mesmo momento Dexter avançou colocou ambas as mãos no rosto dela e selou seus lábios num beijo delicado. A boca dela ainda tinha o gosto de cerveja e para Dexter aquela com certeza foi a melhor cerveja que já provou.
Eve subiu as mãos pelos braços dele até que parou em seu pescoço. Uma de suas mãos subiram até os fios sedosos do cabelo dele é ficou alí sentindo os fios entre seus dedos.
Um forte arrepio percorreu todo o seu corpo enquanto ele a apertava com força contra sí. Era estranho sentir seu corpo tão entregue em contato com outro, aquilo era algo que ela achou nunca poder sentir por ninguém.
Várias e várias sensações tomaram conta de seu corpo naquele momento como se com um único beijo ele podesse provocar diversos sentimentos num pacote só.
Eve quase se derreteu por inteira quando com a outra mão ele acariciou seu corpo, tocando suas curvas. Seu toque era diferente de qualquer coisa que já sentiu, parecia tão delicado ao mesmo tempo que forte. Parecia completamente errado e completamente certo.
Eve não tinha certeza do que era tudo aquilo, todas aquelas sensações misturada ao fato dela estar beijando o ruivo sedução a fez se esquecer de tudo e a única coisa que conseguia pensar era naquele corpo definido contra o dela e nas sensações e arrepios causados por cada toque dele:
- Evangeline!!!
Demorou pelo menos um minuto até Dexter e Eve se darem conta de que aquele grito foi pra eles.
Dexter a soltou e ambos se viraram para encarar o rapaz que estava parado na varanda da casa de Eve.
Dexter não fazia ideia de quem ele era mas estava muito zangado por ter sido interrompido logo naquele momento. Justo naquele momento.
- Puta merda!- Eve falou arregalando os olhos- Erik!...

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