Capitulo Vinte e Um

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Aquela era a primeira vez que a dor a atingia tão repentinamente depois de anos.
E por mais que tentasse aguentar depois de longos e intermináveis minutos a dor pareceu ficar impossível de suportar.
Eve se levantou e seguiu a passos pequenos até a mesa da professora parando assim que se aproximou:
- Srta. Kenon, algum problema?- a professora olhou para Eve por cima dia óculos.
- eu... Eu posso ir ao banheiro?
- vá, mas não demore.
Eve assentiu mas parou ao ouvir a professora chama-la:
- Está tudo bem com você Eve?
- está sim professora.- ela se afastou da mesa da professora e saiu da sala parando um único minuto apenas para respirar fundo tentando fazer a dor parar.
Eve seguiu pelo corredor que naquele momento estava completamente vazio.
As vozes vindas das salas de aula ecoavam por todos os lados, o silêncio era tudo o que Eve mais precisava naquele momento mas infelizmente não tinha.
Ela virou o corredor e seguiu por ele de cabeça baixa tentando ignorar a dor e os sentimentos confusos dentro de sí que pareciam estar numa batalha interna contra ela.
Tudo o que queria naquele momento era estar com alguém que a confortasse, que a ajudasse a enfrentar aquilo porque ela mesma não estava mais aguentando.
Dexter. Era até ele que ela estava indo. Não havia ninguém melhor do que ele para ajuda-la. Ela sabia que ele era o único que de certa forma conseguia pelo menos um pouco afastar aquela dor, havia algo nele. Algo que ela não conseguia descobrir o que era mas que a fazia se sentir bem, mesmo nos piores momentos, como aquele.
Uma raiva Incontrolável aos poucos parecia tomar conta de sí. Raiva de sí mesma por ela não conseguir controlar a dor e raiva de sí por ser fraca, raiva por não conseguir suportar e raiva por querer desistir. Isso a estava consumindo e por mais que tentasse fazer parar ela não conseguia, estava perdendo o controle de sí mesma.
Eve virou mais um corredor e parou ao dar de frente com Nina sua arqui inimiga.
A loira pareceu surpresa em vê-la mas de qualquer forma sorriu exibindo dentes perfeitos:
- olha só. Quem é vivo sempre aparece não é mesmo?
Nina olhou para Eve de cima a baixo e bufo balançando a cabeça enquanto ria:
- você não tem senso de moda não garota? É tão difícil encontrar algo no guarda roupa da sua mãe que não seja brega?
Eve não respondeu, ela abaixou a cabeça abraçando a sí mesma e respirou fundo sentindo a dor em sua cabeça aumentar cada vez mais:
- o que foi? Não vai me responder? Por acaso perdeu a língua é...
Nina encarou Eve esperando por uma resposta mas a garota permaneceu calada:
- escuta aqui garota, quando eu estiver falando você tem que olhar pra mim...- Nina agarrou o queixo de Eve a fazendo olhar para ela e empurrou Eve com força que caiu no chão.
Eve fechou os olhos com força, ela podia sentir as lágrimas quentes escorrerem por seu rosto. Ela queria mais do que tudo gritar, gritar até ficar sem voz e gritar até toda aquela dor parar. A dor latejava em sua cabeça que parecia que a qualquer momento iria explodir.
Nina rodeou Eve rindo e quando a garota se levantou ela a empurrou de novo mas dessa vez Eve não caiu mas também não ficou calada:
- me deixa em paz...- a voz de Eve saiu baixa, trêmula e rouca, Nina se inclinou fingindo que não havia escutado e zombou dando mais um empurrão em Eve.
- acho que vai  ter que falar mais alto formiguinha, eu não escutei o que disse.
- por favor...- Eve soluço mas em momento algum olhou para Nina-... Por favor me deixa em paz.
- está chorando?- Nina se aproximou fingindo se importar- está chorando formiguinha?
- me deixa...
- ah, eu não estou te ouvindo- Nina empurrou Eve mais uma vez seguida de outra e outra.
- Me deixa em paz!- Eve gritou tão alto que tudo a volta pareceu se inundar em silêncio.
Nina deu um passo pra trás assustada e mal teve reação quando Eve avançou com tudo contra ela desferindo seguidos golpes com os punhos.
Nina caiu levando os braços até seu rosto tentando o proteger dos ataques de Eve que ficou por cima dela a batendo sem parar.
- socorro!- Nina gritava enquanto buscava um modo de se livrar de Eve que parecia estar surtando, completamente Histérica, fora do controle.
A porta de uma das salas se abriu e Dexter saiu dela e parou no momento que vou Eve por cima de Nina a batendo com ódio, desespero e descontroladamente.
- Eva, para!
Ele correu em disparada na direção da briga e puxou Eve de cima de Nina com facilidade a apertando contar sí, ele olhou para Nina que chorava e estava com o rosto todo vermelho e sangue no canto da boca. O professor que antes estava em sua classe saiu e imediatamente correu para socorrer Nina que parecia desesperada.
Dexter soltou Eve e a virou para sí vendo que ela mesma parecia em choque, ela chorava muito e suas mãos tremiam e estavam vermelhas de tanto bater em Nina:
- eu não queria...- ela falava desesperada-... Eu juro, eu não queria... Eu disse, eu disse pra ela me deixar em paz...
- calma. Fica calma- Dexter a puxou para sí e a abraçou forte a mantendo segura em seus braços.
Ele olhou para Nina que Pela primeira vez parecia indefesa e humilhada e tentou entender o por quê de tudo aquilo. Eve nunca foi uma garota violenta e até onde sabia ela nunca revidou nenhuma das provocações de Nina, havia algo de errado com Eve e mesmo que tentasse ignorar o motivo ele não poderia.
O câncer lentamente estava consumindo ela e aos poucos a estava levando.
Por dias ela tentou evitar mas agora não havia mais como. Eve estava realmente ficando mal e logo ficaria ainda pior.
Para ela não havia mais tanto tempo e agora tudo o que podia fazer era esperar, porque logo o pior viria.
...........................……………….................
- tem certeza de que a garota está realmente bem diretor?- Pegg perguntou mais uma vez, aflita.
- garanto que sim. Ela não teve nenhum ferimento grave, o pais dela acharam melhor leva-la ao hospital mas não é nada demais. Não se preocupe quanto a isso.
Pegg assentiu:
- não fique tão nervosa Sra. Kenon, a situação já foi resolvida. Sabemos do problema de sua filha e entendemos que o comportamento da aluna Nina não foi totalmente adequado.
- eu me preocupo mais com o que os alunos vão dizer. Foi escolha da Eve guardar para sí sua doença mas... Eu não sei se vamos conseguir esconder isso por muito tempo.- Pegg olhou na direção do banco de espera onde Eve dormia com a cabeça encostada no peito de Dexter que mantinha seu braço envolta dela. Em momento algum ele a deixou, nem mesmo depois que Eve e Nina foram levadas a diretoria, ele estava realmente preocupado e não deu a mínima pra bronca que iria levar de seu professor ou até mesmo do diretor.
- espero que ela fique bem.
- eu também espero- Pegg olhou para o diretor e sorriu- muito obrigado por tudo Diretor Parker, eu sinto muito menos por tudo o que aconteceu.
- como eu disse, a situação já foi resolvida. Não há mais com o que se preocupar.
Pegg apertou a mão do diretor e em seguida ele voltou para sua sala. Ela foi até onde Dexter e Eve estava e se sentou ao lado do rapaz:
- bom,- ela falou suspirando- acho que estávamos livres de bronca por hoje.
- Isso vale pra mim também?- Dexter perguntou esperançoso.
- não, mas não acho que o seu professor vá se lembrar de te dar uma bronca amanhã.
Dexter sorriu assentindo:
- que as suas palavras se tornem realidade, eu agradeceria muito.
Pegg sorriu e se levantou:
- vamos embora?
- vamos- Dexter tentou se levantar mas parou ao lembrar que Eve ainda dormia agarrada a ele.
- acho melhor eu acordar ela, é capaz que ela se assuste com esse seu rosto branquelo.
- como assim rosto branquelo?- Dexter arqueou as sobrancelhas- eu sou ruivo, 99% dos ruivos são branquelos.
- mas os 99% dos ruivos que são branquelos não chegam nem perto do seu nível. Você é tão branco que poderia até brilhar no sol.
- eu não sai de um filme de romance escroto de vampiros brilhantes que parece a sininho e muito menos brilho no sol.
- isso é o que você diz- Pegg sorriu e se aproximou da filha se sentando ao lado dela a tocando de leve- filha? Querida, acorde.
Pegg chacoalhou com cuidado a filha que abriu os olhos piscando algumas vezes antes de perceber onde estava.
- o que aconteceu?- ela perguntou se ajeitando no banco.
- você fodeu com o rosto da Nina- Dexter falou sorrindo e recebeu um olhar severo de Pegg.
- eu fiz o que...
- não é nada disso querida, você não... Fodeu com o rosto da Nina só bateu nela um pouquinho...
Eve piscou confusa olhando para a mãe:
- eu bati nela...- ela falou mais para sí tentando se lembrar do que aconteceu mas não conseguia. Sua cabeça parecia dar voltas e o mesmo parecia acontecer com seu estômago que girava, girava, girava...
- você está se sentindo bem?- Pegg perguntou.
Eve assentiu mesmo sabendo que iria se arrepender disso:
- eu não... Eu não consigo me lembrar.
- calma, eu vou levar você ao médico, o doutor Hemshy vai fazer uns exames...
- não, eu não quero.
- Eve por favor...
- eu já disse que não quero!- Eve se levantou- Eu não vou a lugar nenhum com você...
Eve empurrou a mãe e passou por ela saindo correndo para fora da diretoria.
Pegg olhou na direção da porta confusa e chocada com o que a filha havia acabado de fazer:
- eu vou falar com ela...
- espera.- Dexter pegou a mão de Pegg a fazendo parar. Ela se virou para encara-lo.
- eu tenho que ir Dexter...
- deixa eu tentar. Ela está nervosa, está confusa se você for tenho certeza que só vai deixa-la ainda mais irritada...
- o que quer dizer com isso?- ela perguntou brava.
- não me entenda mal. Eu só estou tentando dizer que você pode acabar ficando irritada com ela e isso pode deixar ela mais assustada...
Dexter engoliu em seco:
- deixa eu tentar, está bem? Me dê apenas alguns minutinhos, OK?
Pegg abriu a boca para falar mas desistiu e apenas assentiu.
Dexter saiu da diretoria e correu pelo corredor parando só quando viu Eve encostada na parede abraçando a sí mesma com os olhos fechados.
Ele se aproximou dela ficando de frente para ela ao mesmo tempo que Eve abriu os olhos.
Dexter pensou em dizer algo mas ao olhar nos olhos dela viu que ela parecia confusa e assustada e não precisava ouvir nada porque isso só deixaria as coisas piores do que já estavam.
Num rápido movimento ele a puxou para sí e a abraçou forte. Eve não recusou o abraço até porque era isso o que ela mais precisava.
- pode chorar Eva, não precisa mais ter medo. Eu estou aqui e não vou deixa-la até que você queira...
Ele deu um beijo no topo da cabeça dela e continuou a apertando contra sí.
Os minutos passaram rapidamente e eles permaneceram exatamente assim, abraçados e sem dizer uma única palavra.
Quando se afastou dele Eve limpou as lágrimas com as costas das mãos e tentou não olhar para ele por medo de como poderia estar.
Dexter deu um passo na direção dela diminuindo ainda mais a distância entre os dois e levou o dedo indicador até o queixo dela a fazendo olhar para ele:
- não precisa se esconder de mim princesa...- ele passou os dedos de leve no rosto dela-... Você é linda de qualquer jeito...
- está mentindo.
- eu não mentiria pra você, nunca faria isso com você Olhos Verdes.
Eve mordeu o lábio inferior balançando a cabeça:
- você deve estar me achando uma louca...
- talvez um pouco mas eu fiquei sabendo que as melhores pessoas são as loucas...
- você sabe o que eu quis dizer Dexter. Porque ainda está aqui? Eu só dou problemas...
- não, você não dá.- ele deu mais um passo na direção dela a prendendo contra a parede- Você não sabe do que está falando Eva, e mesmo que você só desse problemas eu nunca deixaria você.
Eve o encarou confusa, e por um longo minuto o Analisou com curiosidade:
- você... Você é um ruivo estranho.
- eu sou é?- ele sorriu não parecendo nem um pouco ofendido.
- muito estranho.
- então me diga Eva, isso por acaso é ruim?
- não sei- ela falou sem desviar o olhar dos olhos dele- eu tenho medo de tentar descobrir...
Dexter se inclinou um pouco na direção do rosto dela e sorriu:
- Não tenha.
OK, ela pensou, Não morra! Pernas, não me falhem agora.
- não sei se posso aguentar mais...- ele sussurrou mais para sí do que para Eve.
Ela piscou confusa mas continuou em silêncio pois sabia que se dissesse estragaria aquele momento.
- Eva...
- EVE!
Eve olhou na direção da entrada do corredor e viu sua mãe Louise entrar desesperada.
Dexter se afastou dela e se afastou vendo Louise puxar Eve pra sí é a abraçar forte:
- Aí amor, eu fiquei tão preocupada quando soube o que você fez.- Louise deu seguidos beijos no rosto dela- Você está bem querida? Aquela vaca da Nina machucou você?
- não, mãe calma...- Eve se desgrudou de Louise e a encarou.
- o que foi?- Louise perguntou- por acaso é pecado eu me preocupar com você?
- mãe não aconteceu nada, eu nem sí quer me lembro do que aconteceu...
- você bateu a cabeça? Ela bateu na sua cabeça?
- acho que foi mais o contrário.- Dexter falou chamando a atenção de Louise.
Ela se virou para encara-lo e o Analisou antes de voltar a olhar para Eve:
- Eve o que você fez?
- eu não sei...
- ela bateu na Nina... Tipo voou nela e foi bem...- Dexter parou de falar ao receber um olhar bravo de Eve.
- Como assim bateu nela?- Louise olhou para Dexter- como é que foi isso?
- não foi.- Eve falou- Eu não bati nela, não faria isso se eu estivesse no meu melhor juízo...
- você não estava.
- Dexter!
- desculpa- Dexter calou a boca e deu um passo pra trás encostando na parede e cruzando os braços na altura do peitoral.
- Mãe, eu não surtei, se eu tivesse feito eu me lembraria não acha?
- hã...- Louise pensou em responder mas parou e olhou corredor mais a frente-... Onde está sua mãe?
- na diretoria...
- OK, eu vou chama-la, você precisa ir ao médico pra ver se está tudo bem.
- mãe sem médico...
- como assim sem médico? Você não está bem Eve, eu vou leva-la ao médico sim é nem pense em discutir.
- mas mãe...
- eu disse sem discutir Evangeline. Você vai ao médico nem que eu tenha que arrastá-la.
- não pode me arrastar- Eve falou cruzando os braços.
- não posso é?- Louise tirou a bolsa do ombro e a jogou para Dexter que a pegou sem discutir.
Ela se virou para ele um minuto e o encarou:
- avise a Pegg que eu estou levando a Eve pro médico, mande ela levar a minha bolsa pra lá imediatamente.
Louise se virou para a filha e pegou sua mão a puxando pelo corredor a força:
- vamos Evangeline!
- mãe me solta....!
Dexter viu ambas se afastar e ainda podia ouvir os gritos de Louise quando seguiu corredor à frente na direção da diretoria...

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