“Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?”
Bônus: Eve.
“Eve respire, isso não é um encontro, não vai acontecer nada demais”
Pelo menos eu esperava mesmo que não acontecesse nada demais.
Olhei envolta analisando a área, havia homens pra todo o lado. Homens altos, baixos, gordo, magro, careca, cabeludo, uns mal encarados, outros até descentes, mas nenhum parecido com a ruivo seduzente que me trouxe pra esse lugar assustador.
Sam's bar até onde eu sabia era um dos bares mais famosos de toda a cidade, aqui só vinha os motoqueiros, os caras barra pesada e aqui estava eu, bem no meio de vários deles.
Quando Dexter disse que ia me trazer pra cá eu realmente achei que ele estava de brincadeira. Bom, quando a gente parou em frente ao bar eu ainda acreditava que isso tudo era uma brincadeira, mas, quando ele pegou minha mão e me puxou pra cá eu pirei.
Em toda a minha vida eu nunca tinha ido a um bar, mas esse aqui eu podia dizer que era O Bar.
Apesar do ambiente lembrar algo bem antigo com quadros das bandas de rock clássicos do passado nas paredes e no outro lado do bar havia uma *jukebox que até onde eu vi estava funcionando muito bem esse bar parecia ser bem agradável, ninguém estava bêbado ou brigando Então até que a experiência até agora está sendo muito boa.
*jukebox- é uma máquina que reproduz música quando a gente insere fichas ou moedas.
Me inclinei sobre a mesa quase subindo de vez nela e procurei pelo meu ruivo sedução.
Todo mundo parecia estar alí menos ele. Sempre achei que era fácil achar um ruivo branquelo no meio de um monte de gente, ou eu estava errada ou, esse ruivo era com certeza um ninja o que não era uma opção muito normal.
Me sentei e afundei no banco no mesmo instante em que senti um arrepio repentino.
Olhei pro lado e vi um par de olhos verdes me encarando.
Ficamos assim, um olhando para o outro até eu perder totalmente a noção do tempo e pelo que pareceu ele também havia perdido.
Foi preciso que um cara desse uma esbarrada em Dexter pra ele voltar a realidade e vim até a nossa mesa num dos cantos mais afastado do bar trazendo consigo duas canecas grandes de cerveja.
- Aqui está- ele se sentou no banco de frente pra mim é deslizou a caneca pela mesa.
Olhei para o conteúdo espumante da caneca e o encarei por bastante tempo até olhar para Dexter e perceber que ele estava me encarando... De novo.
- o que foi?- perguntei.
- não me diga que você nunca bebeu cerveja na vida.
- como sabe que eu nunca bebi?
- oh cara, você nunca bebeu cerveja?!- ele me olhou como se eu fosse algum tipo estranho de alienígena sentado na frente dele.
- qual o problema disso?- perguntei- até parece que eu sou a única que nunca fez isso.
- eu tenho certeza que você é. Beber até ficar maluco é coisa que jovens de 17 anos costumam fazer.
- isso não é o tipo de coisa que pessoas com câncer costumam fazer.
- então me diga Eve o que pessoas com câncer costumam fazer?- ele perguntou apoiando os braços na mesa.
- praticamente nada, quer dizer, alguns fazem coisas que nunca conseguiram fazer mas que não querem morrer antes de conseguir isso, tem outros como eu que gosta de levar a vida do jeito que está.
- quer dizer que a sua vida é um disco repetido sem graça e sem diversão?
- exatamente.
- isso me parece algo assustador- ele pegou a caneca dele e tomou um gole antes de a colocar de volta na mesa e me encarar.
- por que você não tenta coisas novas?- ele perguntou me olhando meio pensativo- talvez seja bom pra você começar a fazer coisas que sejam mais interessantes do que ficar sentada num sofá assistindo Titanic pela milésima vez no ano.
- o que você tem contra o Titanic?
- eu tenho tudo e um pouco mais. Tá legal que é um filme muito triste e bla bla bla mas, porra, é muito chato.
- não é chato.
- ah é chato sim, prefiro me matar a ter que assistir esse filme mais uma vez.
- o filme não é chato, é lindo e emocionante.
- emocionante é ver a morte do poderoso chefão depois de ótimas horas assistindo todos os filmes sem parar pra ir no banheiro.
- eu nunca assisti o poderoso chefão.
Dexter arregalou os olhos e dessa vez me olhou como se eu tivesse bombardeado a estátua da liberdade depois de ter dito pra deus e o mundo que eu odeio nova York (não que eu odeie).
- pare de me olhar assim- falei na defensiva- não é nenhum pecado nunca ter visto esse filme maluco da mafia ou seja lá do que se trata.
- OK... Deixa eu rever tudo. Você nunca bebeu cerveja, gosta de Titanic e nunca, nunca assistiu pelo menos um filme do poderoso chefão?
- é...- assenti percebendo que eu era realmente muito estranha. É claro que ser estranha é algo bem visível em mim mas do jeito que ele falou eu me sinti mesmo um pedaço de merda no mundo.
- eu não tô acreditando.- ele falou e tomou mais um gole de cerveja.
- não está acreditando em quê? Que eu sou uma garota estranha e sem vida?
- não, eu não acredito que eu estou interessado em alguém que não sentiu como é assistir o poderoso chefão.
Aí Meu deus! Isso foi... Merda, isso foi... BUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMM
Ele se levantou e pegou sua caneca tomando um longo gole:
- onde você vai?- perguntei.
- eu vou buscar mais cerveja, tô sentindo que hoje a coisa vai ser difícil.
Ele colocou a caneca de volta na mesa e sorriu antes de se afastar e ir na direção do balcão.
“ ...eu não acredito que eu estou interessado em alguém que não sentiu como é assistir o poderoso chefão."
Ele disse exatamente o que eu acho que ele disse. Ele realmente falou que está interessado em mim!
Peguei meu celular no bolso da minha mochila e escrevi uma mensagem rápida enviando para a minha mãe e deixando o celular na mesa.
E- mãe não vou voltar pra casa tão cedo. Estou num bar com um amigo e vou ficar bêbada
PS:não me espere pro jantar. Bjs.
Um minuto depois minha mãe respondeu:
P- Você está fazendo o que????!.
VOCÊ ESTÁ LENDO
All Star Azul
RomanceTalvez ela não nasceu pra viver num conto de fadas, nem perderia seu sapatinho de cristal pra seu príncipe finalmente a encontrar. Eve nunca acreditou que teria um final feliz e depois da descoberta de um tumor no cérebro acreditou mesmo que sua his...