CAPÍTULO DOIS

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A sua respiração estava lenta, o seu corpo latejava de dor, os seus ferimentos eram pouco profundos, apenas tinha alguns arranhões e hematomas, mas mesmo assim, a dor era intensa e lancinante. Agora sabia que não estava morto. Sabia que Deus lhe havia dado mais um dia para sobreviver.

Ben abre os olhos cautelosamente, deixando a fraca luz entrar na sua retina. Estava encolhido, na posição fetal, encostado a uma parede de metal retorcido. Tossiu e viu poeira por todo lado. A sua cabeça latejava e a sua perna esquerda mal se mexia. Foi então, que o pânico apoderou-se dele ao ver que estava preso naquele canto do Syker com vários objetos metálicos à sua volta e, portanto, era impossível se mover.

— Alguém... me ajude! — gritou ele com dificuldade de falar, pois a sua garganta estava dorida, como se as palavras lhe rasgassem a garganta.

A sua voz ecoou no espaço mas não obteve resposta. Contudo, os pensamentos mórbidos invadiram-lhe a mente — onde estariam os seus amigos? Mortos? —, rapidamente, o coração de Ben pareceu ter duplicado os batimentos.

Pensou em Lily, que havia morrido injustamente, de seguida, pensou na sua mãe, no seu pai. Depois em Zack e Lawrence. A EVO roubou-lhe a vida e a dos seus amigos também... Agora, não queria perder Jolly, George, Big e, principalmente, Aria. Não podiam morrer. Eles eram demasiado importante.

— Aria? — ele fez uma esforço enorme em tentar gritar.

Não obteve resposta novamente.

Será que ela está morta? Não, não, não, Ben! Não penses nisso!

Subitamente, ganhou forças nos músculos dos seus braços e empurrou os objetos que estavam à sua volta um a um. Depois, com a ajuda da força das pernas, empurrou os restantes destroços do Syker. Gemeu de dor por causa da sua perna dorida, mas aguentou a dor. Viu que havia uma janela com o vidro partido a dois metros de distância do seu corpo. Disso, fez força no seu corpo e rolou pelo chão inclinado da aeronave até ela. Enfiou o seu corpo pela pequena saída, cortando-se nos braços devido aos estilhaços de vidro e saltou para o exterior do Syker.

Caiu no chão repleto de relva húmida e macia. Gritou devido à queda e aos cortes e hematomas, mas ganhou energia e levantou-se.

Rodou o seu pescoço para ver onde é que se situava — era uma floresta rodeada de árvores rugosas e em espiral. Havia folhas no chão relvoso e da clareira. Olhou para os destroços do Syker e viu que havia árvores caídas sob a aeronave. O Syker estava semienterrado na terra como se tivesse nascido ali uma flor de metal gigante. Completamente retorcido, deitava imenso fumo, mas não havia sinal de labaredas.

Ben estava por debaixo da grande sombra do Syker que lhe produzia um frio extremamente agradável, em relação à exposição do Sol. A metros de distância, vira o Sol a produzir uma quantia enorme de radiação solar intensiva devido ao Eclipse Solar. Os incêndios eram teimosos e as chamas estavam espalhadas pela floresta em várias partes.

Não havia sinal de sobreviventes. Nem um. O pânico apoderou-se de Ben, deixando-o completamente enjoado.

— Olá?! — gritou ele — Está aí alguém?!

De repente, ouviu um grito estrangulado:

— Ajudem-me! Por favor, ajudem-me!

Ben seguiu a voz de onde provinha, contornando a aeronave até chegar ao outro lado e deparou-se com um soldado estendido no chão e com algo sob o seu braço — era um pedaço de uma cadeira metálica que os Sykers possuíam. Havia sangue no seu braço. O soldado  estava preso e não se conseguia libertar. O rosto do soldado estava sujo, com poeira e tinha um corte na sua testa e outro no lábio inferior. Ele franzia a testa de dor, gritando de dor. O homem precisava mesmo de ajuda.

— Mantenha-se quieto! — disse Ben — Fique quieto para não fraturar o osso do seu braço.

O homem reparou que Ben estava lá, mas limitou-se a ignorá-lo por completo.

Ben aproximou-se do soldado e empurrou a cadeira com o seu pé. Contudo, essa não saiu do sítio. O homem gritou de dor. Posto isso, começou a falar com ele para o acalmar:

— Olhe, eu vou contar até três e irei tirar-lhe a cadeira de cima, está bem?

— Está bem — replicou o soldado, com uma voz esganiçada.

— Um... dois... três! — gritou Ben, empurrando a cadeira com toda a força. Essa rolou até a um tronco de uma árvore. Mais um grito escapou das profundezas do peito do soldado, de seguida, colocou a sua mão sobre a ferida para o sangue não jorrar por completo.

Ele levantou-se lentamente, ainda fazendo pressão no ferimento:

— O-obrigado, puto — fez um sorriso de esguelha, o que fez agradar Ben.

— De nada — respondeu, sorrindo-lhe de volta.

O soldado olhou de um lado para o outro, em seguida, olhou para Ben de cima a baixo e disse:

— Quem és tu?

Okay, sou o tipo que salvou a tua vida, duhh!

— O mesmo pergunto a ti — respondeu ele.

— Trabalho para o general Peter. E tu?

— Sou imune e eu tinha perguntado ao Peter se...

O soldado interrompeu-o:

— És um daquele grupo de miúdos que apareceram no nosso quartel-general?

Ben acenou com a cabeça.

— Legal! — exclamou ele — Chamo-me Mike.

Esticou o seu braço a Ben, esperando que ele apertasse a mão, mas depois, Mike afastou-a pois a mão estava ensanguentada.

— Sou o Ben, prazer.

Mike esboçou um sorriso. O tipo aparentava ter uns vinte anos e não havia vestígios de barba, apenas alguns pêlos, Os seus olhos eram verde-claros e tinha o cabelo rapado dos lados e bastante cabelo no cimo. Era cabelo castanho-escuro.

— Parece que somos os únicos sobreviventes, não é? — disse Mike.

Ben não queria acreditar naquilo. Não conseguia acreditar que os seus amigos haviam... morrido.

E o seu coração parte-se em mil pedaços. 


Desafio Final - O Vírus Mortal #3Onde histórias criam vida. Descubra agora