CAPÍTULO QUATRO

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— Como assim? — interrogou-se Ben — Eles levaram-nas?! Quem??!

— Uma tribo — respondeu Mike

— Isso é impossível, meu — disse George — É um bocado estranho existirem tribos... ainda por cima estamos em 2077...

— Juro! Eu vi! Uns tipos a levarem duas raparigas. Eles usavam saias, calçavam sandálias e usavam piercings de ramos e pedras pelo corpo... Eles estavam...

— Estavam o quê? — perguntou Ben

— Eles... Acho que eles estão infetados. Tinham a porcaria do vírus a espalhar-se pelo corpo.

— Meu, eu não sei se já estás com o vírus a comer-te o cérebro ou não, mas eu até acredito em ti — disse Big

Ben deu meia volta e encarou Big:

— O quê?

— Quando estava em França, ouvi boatos de uns tipos que eram infetados e que raptavam outras pessoas para as comer, pensando que ainda estavam na idade da pedra ou uma merda qualquer. Eles caçavam pessoas, tipo em tribo.

— Exatamente — respondeu Mike — Também ouvi esses boatos antes.

— Temos de ir lá salvá-las antes que as usem para o jantar — disse George

— Acho melhor esperarmos até ao anoitecer — disse Big — aparecemos lá e levamos a Jolly e a Aria enquanto eles estiverem a dormir.

— Mas alguém sabe o caminho? — perguntou Ben

— Eles deixaram rasto, tipo pegadas cravadas na terra — respondeu Mike

— Ótimo — respondeu Big —, partiremos ao anoitecer. Vamos mas é tentar encontrar mais sobreviventes e arranjar ramos para usarmos como tochas.

Todos acenaram com a cabeça e começaram a procurar mais sobreviventes.


***


Já havia passado mais de duas horas e o Eclipse Solar havia cessado e o Sol já desaparecia no horizonte. Ben ainda estava à procura de sobreviventes mas infelizmente não encontraram nenhum. Apenas encontraram o corpo de Peter já sem vida sob um destroço do Syker. Ele conhecia Peter à pouco tempo, mas sentiu uma enorme tristeza por Peter ter morrido daquela forma. Mike fez um enterro e rezou para ele descansar em paz.

Big arranjou uma tocha e sentou-se encostado ao tronco de uma árvore.

Ben conversou com George e que era algo que já não fazia à muito tempo.

Big aproximou-se de todos eles e disse:

— Já anoiteceu. Vamos salvar as nossas amigas?

— Vamos! — disse George levantando-se

Já era noite. Havia um vasto mar de estrelas no céu. A única coisa que iluminava aquele espaço era a chama alaranjada e avermelhada da tocha.

Todos eles caminhavam na direção que Mike indicava; marcharam por entre os arvoredos. Fizeram o possível para não fazerem barulho, mas de vês em quando, Ben pisava num galho ou um ramo caído e partia-o; o estalido de madeira ecoava como uma bomba no silêncio relativo da floresta. Big lançava-lhe um olhar muito sério sempre que isso acontecia, como se fosse  a coisa mais estúpida que um ser humano alguma vez tinha feito.

Tinham percorrido mais uns noventa metros de floresta quando avistaram uma fonte de luz adiante; era alaranjada e bruxuleante, uma fogueira. E das grandes.

Ben e os outros acercaram-se a uma árvore grande, grossa e velha, agachando-se atrás dela.

Viram cerca de dez pessoas de diferentes idades. Os homens usavam saias e apenas estavam em tronco nu. As mulheres possuíam panos em torno dos seus corpos e os seus cabelos estavam espigados e sujos. Eles oravam, cantavam de uma língua desconhecida, meia diabólica.

Ben reparou que Aria e Jolly estavam inconscientes ao lado da fogueira. Ele quis avançar para as ir ajudar, mas George abrandou-o, colocando a mão no seu peito:

— Não faças nada estúpido.

— Parece ser um culto qualquer — sussurrou Mike — Parecem ser loucos.

— Se calhar sempre foram assim — disse Ben, tentando perceber

— Um culto com uma doença que os enlouquecera ainda mais. Que divertido! Dão-me arrepios e ainda nem sequer os vi — disse George

Algo no tom de voz de George fez com que Ben desatasse às gargalhadas, não se contendo, quase que gritou.

— Shh! — ordenou Big com o dedo à frente dos seus lábios — Calem-se! Eles assim irão descobrir que nós estamos aqui!

Ben calou-se rapidamente. George e Mike esboçavam um enorme sorriso troçando com ele.

Quem está ai? — ouviu-se uma voz que provinha do outro lado.

Todos eles ficaram petrificados, entreolharam-se boquiabertos.

— Eu perguntei quem está ai? — tratava-se de um homem, a falar do grupo junto à fogueira — Somos pacíficos. Só vos queremos convidar para rezar ao nosso demónio.

— Oh, oh... — sussurrou Big

— Não me parece — disse George

— A mim muito menos — disse Ben afastando-se.

Tarde de mais.

Ouviram-se passos em direção a eles, antes que pudessem fazer fosse o que fosse, surgiram duas pessoas diante deles. Era um homem e uma mulher. O timbre da voz dela parecia demasiado... calmo para as circunstâncias. Nesse mundo novo em que viviam, os estranhos deviam ser abordados com cautela.

Big levantou-se:

— Só viemos à procura de umas amigas nossas.

A mulher e o homem entreolharam-se e depois um grito de guerra trespassou da mulher:

— Vamos juntá-los às nossas recém chegadas! Agarrem-nos!

Antes de Ben ter tempo de interiorizar essas palavras, já tinha duas mãos à volta da sua cintura a apertá-lo. Outras pessoas da tribo juntaram-se a eles e agarraram os amigos de Ben. Ele contorceu-se diante do homem que o agarrava, para se tentar libertar. Mas rapidamente, o homem puxou o braço atrás e esmurrou a barriga de Ben. Ele caiu ao chão e perdeu a energia dos seus músculos.

Depois começaram a arrastá-lo pela encosta abaixo.

Em direção à fogueira.

Desafio Final - O Vírus Mortal #3Onde histórias criam vida. Descubra agora