CAPÍTULO SETE

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Ben acordou e virou-se de lado, com os olhos completamente abertos e a respiração pesada. Deitou-se de costas e fitou os ramos e as estrelas lá no alto. Não se via qualquer indício do amanhecer no céu. Estava escuro, escuro, escuro. Ele não tinha sono e queria falar com alguém. Colocou a hipótese de acordar Aria, que estava a dois metros de distância dele, mas ela tinha um ar tão sereno nesse momento, a respirar tranquilamente. Com um leve gemido, desistiu da ideia, sabendo que se sentiria demasiado culpado por a privar do seu sono precioso. Eles amanhã teriam de andar muito até Alecville e ela necessitaria de energia suficiente para a viagem.

E não obstante de tudo o resto, adormeceu passado uma ou duas horas, mergulhado nos seus pensamentos. O sono apoderou-se dele como vagas frias e grandiosas.


***


Ele acordou.

O Sol já tinha nascido e brilhava forte por entre as árvores. A brisa do vento era agradável. Já fazia tempo que ele não acordava de forma tão sossegada.

— Ben? — ouviu-se uma voz do seu lado.

Tratava-se de Aria.

— Hum, então? — murmurou ele — Bom dia. Como vai isso?

— Bom dia... — respondeu ela; aproximou-se dele e encostou a sua cabeça no peito. Era agradável, bastante agradável.

— Onde é que estão os outros? — perguntou Ben

— Ainda estão a dormir. Parece que fomos os primeiros a acordar.

— Hum... OK — respondeu — Aria?

— Sim?

— Lembraste do Scott? Eu sonhei com ele esta noite.

— Lembro-me — respondeu ela; a sua voz estava tremida

— Onde é que ele está?

— Infelizmente... Já morreu. Mesmo no dia em que foste para a Terra. Ele protegeu-te.

— Do quê? — perguntou Ben

— Ele foi o primeiro de nós todos a descobrir que a EVO enviava os imunes com as memórias apagadas. Tentou-te contar, mas um dos funcionários da EVO matou-o, antes de o fazer.

Aquilo fez o coração de Ben parar. Coitado do pobre Scott. Parecia ser simpático e o facto de ele ter descoberto o que a EVO fazia, fez com que gostasse mais do miúdo.

Mike aproximou-se deles e interrompeu:

— O Big pediu-me para vos dizer para vocês se prepararem e fazerem-se à estrada.


***


O dia arrastou-se.

Após umas horas sem avistar vivalma, ele foi-se adaptando à monotonia de caminhar,  caminhar e mais caminhar pela floresta, atravessando riachos e a abrir caminho por entre a vegetação.

Era o meio da tarde e tinham parado para fazer uma pausa. Estavam a comer fruta e a beber água de um ribeiro ali perto.

— Estamos perto — comentou Big — Chegamos lá em trinta minutos.

— Isso é bom — disse George, dando uma dentada na maçã — já me doem os pés. Eles são muito preciosos.

— Tu pareces um caracol infetado a andar! — disse Mike — Andas mais devagar do que sei lá o quê!

Aria mostrou um sorriso:

— Sim. Ainda por cima eu, sendo irmã dele, sou mais rápida que ele. Ainda bem que esses genes não foram idênticos!

— Que engraçadinho... — comentou George, dando outra dentada na maçã. Depois, disse algo com a boca cheia, que não se entendeu nada.

— Não fales com a boca cheia, mano! — disse Ben — Ainda te vais engasgar!

Dito isso, George riu-se. Depois começou às gargalhadas. Jolly, que estava calada riu-se, tanto quanto os outros. O grupo de amigos desata, então, às gargalhadas.

— Até parece que alguém se peidou, com tanta risada — disse Jolly, com uma expressão distante.

As palavras dela desencadearam uma nova onda de gargalhadas que durou vários minutos. Ben riu-se até lhe doerem as bochechas e fez os possíveis para parar de rir.

Por fim, a risada acalmou, culminando num enorme suspiro por parte de Big. Em seguida, pôs-se de pé.

— Sinto-me capaz de correr uns bons quilómetros. — anunciou ele — Vamos a isto.

Enquanto deixavam o sítio para trás, Ben apercebeu-se de que a sua vida não era tão má como ele pensava e sabia que iria ser feliz com os seus amigos no Alasca.

Desafio Final - O Vírus Mortal #3Onde histórias criam vida. Descubra agora