CAPÍTULO UM

120 20 0
                                    

Há aquele momento que parece durar uma eternidade.

Mas na verdade foi uma questão de segundos.

A aeronave caía em direção à superfície. O Syker rodou sobre si mesmo pelo menos cinco vezes. Ben sentia um aperto no estômago e desejava para não vomitar. Gritos ecoavam no ar; objetos voavam pela divisão. Viu-se Jolly a desequilibrar-se, caindo no chão. George e Big estavam agarrados um ao outro para não caírem.

Ben olhou para o seu lado e não vira Aria. Onde é que ela estaria?

Não havia tempo para a procurar. Ele cai no chão, batendo com a cabeça em algo duro, sentindo o sangue a toldar-lhe a visão, ficando assim, meia turva. Ele sentia-se nauseado.

A aeronave começou a cair com mais velocidade, como se estivesse a cair do espaço, atravessando a camada de ozono, formando uma enorme bola de fogo aérea. O Syker finalmente embate no chão com toda a força. Ouviu-se uma explosão, seguida de um estrondo; depois o som de algo grande a partir-se. Ben começou a ficar surdo — o terrível ruído a dissipar-se num sussurro distante que ele ia ensurdecendo.

Os gritos cessaram e o alarme parou de soar.

Ele foi projetado para trás, batendo numa parede de metal. As suas costas estavam doridas e claramente, que ele não pôde evitar dar um grito.

Sentia mais ferimentos, mais dor... Pensou em tudo o que havia passado desde o início da sua vida. Os pensamentos de Lily invadiram-lhe as memórias. Ele sabia que ia morrer, portanto fechou os seus olhos enquanto sentia o seu corpo a bater de um lado para o outro durante o despenho da aeronave.

Algo duro voou pela divisão, acertando em cheio na cabeça dele. Doeu-lhe ainda mais a cabeça. Depois, começou a perder lentamente os sentidos e esse abismo negro levou-o para mais uma das suas recordações de infância.

***

Ben sabia que nunca mais iria esquecer o momento de Sarah a morrer à sua frente. Sabia que não era justo ela ter morrido, apesar de apenas ter sete anos de idade.

Jolly agarrou Ben pois estava bastante assustado e também não queria ser alvejada como Sarah.

Marcus começou a falar com eles; porém, Ben apenas ouviu metade porque estava em pleno choque com o que havia acontecido.

«... e a partir de hoje vocês deverão obedecer a todos os que trabalham na EVO.», disse e complementou, «Se o fizerem, as coisas irão correr bem.»

Após a viagem desde a Terra até à Estação da EVO, o Syker entrou na garagem espacial para estacionar a aeronave. As portas abriram-se e a enorme multidão de gente saiu da aeronave. Todavia, Ben, Jolly e os seus pais, foram os últimos a sair, deixando o corpo ensanguentado de Sarah para trás.

Marcus conduziu-os até a uma sala, que por sua vez, era um auditório. Toda a gente se sentou nos respetivos lugares e Marcus caminhou até ao palco, subindo uns degraus para ficar mais alto.

«Boa noite!», disse Marcus erguendo os seus braços, «Quero deixar bem claro que todos os jovens que estão aqui presentes são a chave para o futuro da Humanidade. Foi encontrado um grupo raro de jovens que não contraem o vírus. Por isso, a EVO quer estudá-los para descobrirmos uma vacina.

Ouviu-se murmúrios na sala. Ninguém estava à espera que as coisas iriam ser assim. Sendo assim, uma mulher asiática levantou-se do seu lugar e deu um passo à frente dizendo:

«Isso significa que vocês irão fazer experiências com os nossos filhos?»

«Com certeza», Marcus esboçou um sorriso torto.

«Não concordo com isso!», gritou a mulher.

Rapidamente, Marcus retira a sua pistola do bolso e aponta-a para a mulher, «Eu já disse que vocês têm de me obedecer!»

A mulher voltou-se a sentar e abraçou o seu filho. A face do miúdo era-lhe bastante familiar.

Era Zack, só podia.

Marcus ignorou e disparou três tiros para a mulher. Ben não conseguiu ver o corpo pois estava demasiado escuro, mas viu-se o corpo a dar um safanão e vários salpicos de sangue voaram pela divisão como pulgas a saltarem de um lado para o outro.

Zack gritou e abraçou a sua mãe.

Desafio Final - O Vírus Mortal #3Onde histórias criam vida. Descubra agora