Capítulo 12

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- Estou indo almoçar. - Aviso uma das secretárias.

Ao invés de entrar no carro eu decido ir a pé até o  restaurante. Preciso espairecer. Ultimamente quando minha mente não está no trabalho, está em Eadlyn. 

Não que seja ruim pensar nela.

Mas desde que voltei a Angeles parece que eu sou o cara tendo que se encontrar com ela em segredo, vivendo coisas que só existem entre quatro paredes. Eu detesto ser esse cara.

Assim que chego ao restaurante e procuro uma mesa vejo um rosto conhecido. Alice está sozinha em uma mesa, seus cabelos loiros caindo pra frente enquanto ela lê algo. Caminho até lá e apoio minhas mãos na cadeira desocupada em sua frente.

- Será que posso? - Pergunto. - Você nem precisa se desocupar do seu livro e me olhar, se não quiser.

Ela ergue o olhar do livro para mim e então sorri o fechando.

- Fique a vontade Kile. - Ela diz. Aquele grande sorriso aparecendo como na festa. - É bom ver um rosto familiar.

Puxo a cadeira e me sento. Sei como ela se sente, estar sozinha um uma cidade nova, mas se Alice for tão independente quanto parece logo estará acostumada.

- Como está o emprego novo? - Pergunto.

- Bem. Exceto que... - Alice para e balança a cabeça. - Esquece.

- Alguma coisa errada? - Insisto.

- É só algo que percebi. - Fala. - As crianças, por mais que as castas não existam, ainda se sentem obrigadas a serem o que seus pais são, o que seus avós são. Então eu fui pesquisar sobre e descobri que nos últimos vinte anos só dez por cento dos filhos seguiram profissões diferentes dos pais, e mesmo assim uma grande parcela tem dificuldades em encontrar emprego.

- Então é como se ainda estivéssemos no sistema de castas. - Concluo.

Um garçom chega para anotar o pedido e esperamos ele sair para a conversa continuar.

- Nós somos exceções Kile. - Alice diz. - Fizemos diferente, mas e todas essas crianças? Como mostrar a eles que tem outras coisas que podem ser?

É uma boa pergunta. A situação do país é delicada, e as perguntas ficam cada vez mais sem respostas, as de Eadlyn, as de Alice, as de todo mundo.

- Eu pensei em mostrar pra eles como outras profissões podem ser bonitas, fazê-los se encantarem. - Ela volta a falar. - Levar pessoas que escolheram profissões diferentes, talvez até mesmo você.

Alice é uma idealista, está escrito nos olhos dela, ela mudaria o mundo se isso tivesse ao seu alcance.

- É só chamar. - Falo. - Eu estou no gabinete de obras, só aparecer por lá.

- Ok. Mesmo assim é tão pouco, a realeza podia fazer algo a respeito, mas eu não vejo a rainha se imp...

Ela cora e está um pouco em choque. Não quero que ela se sinta mal por dizer o que sente, tampouco quero que ela pense que Eadlyn não se importa.

- Tudo bem. - Digo sinceramente. - É sua opinião. Ela se importa.

- Então por que não faz nada? - Ela me questiona.

Eu não posso dizer a ela que Eadlyn não sabe o que fazer, seria expor uma vulnerabilidade dela.

- Ela irá. - Garanto.

Mudamos de assunto durante o almoço, mas acabo perguntando se ela presenciou algo do ataque na noite que saiu da festa e ela conta que já tinha chego em casa quando ouviu a agitação.

A Verdade {fanfic de A Seleção}Onde histórias criam vida. Descubra agora