- Estou indo almoçar. - Aviso uma das secretárias.
Ao invés de entrar no carro eu decido ir a pé até o restaurante. Preciso espairecer. Ultimamente quando minha mente não está no trabalho, está em Eadlyn.
Não que seja ruim pensar nela.
Mas desde que voltei a Angeles parece que eu sou o cara tendo que se encontrar com ela em segredo, vivendo coisas que só existem entre quatro paredes. Eu detesto ser esse cara.
Assim que chego ao restaurante e procuro uma mesa vejo um rosto conhecido. Alice está sozinha em uma mesa, seus cabelos loiros caindo pra frente enquanto ela lê algo. Caminho até lá e apoio minhas mãos na cadeira desocupada em sua frente.
- Será que posso? - Pergunto. - Você nem precisa se desocupar do seu livro e me olhar, se não quiser.
Ela ergue o olhar do livro para mim e então sorri o fechando.
- Fique a vontade Kile. - Ela diz. Aquele grande sorriso aparecendo como na festa. - É bom ver um rosto familiar.
Puxo a cadeira e me sento. Sei como ela se sente, estar sozinha um uma cidade nova, mas se Alice for tão independente quanto parece logo estará acostumada.
- Como está o emprego novo? - Pergunto.
- Bem. Exceto que... - Alice para e balança a cabeça. - Esquece.
- Alguma coisa errada? - Insisto.
- É só algo que percebi. - Fala. - As crianças, por mais que as castas não existam, ainda se sentem obrigadas a serem o que seus pais são, o que seus avós são. Então eu fui pesquisar sobre e descobri que nos últimos vinte anos só dez por cento dos filhos seguiram profissões diferentes dos pais, e mesmo assim uma grande parcela tem dificuldades em encontrar emprego.
- Então é como se ainda estivéssemos no sistema de castas. - Concluo.
Um garçom chega para anotar o pedido e esperamos ele sair para a conversa continuar.
- Nós somos exceções Kile. - Alice diz. - Fizemos diferente, mas e todas essas crianças? Como mostrar a eles que tem outras coisas que podem ser?
É uma boa pergunta. A situação do país é delicada, e as perguntas ficam cada vez mais sem respostas, as de Eadlyn, as de Alice, as de todo mundo.
- Eu pensei em mostrar pra eles como outras profissões podem ser bonitas, fazê-los se encantarem. - Ela volta a falar. - Levar pessoas que escolheram profissões diferentes, talvez até mesmo você.
Alice é uma idealista, está escrito nos olhos dela, ela mudaria o mundo se isso tivesse ao seu alcance.
- É só chamar. - Falo. - Eu estou no gabinete de obras, só aparecer por lá.
- Ok. Mesmo assim é tão pouco, a realeza podia fazer algo a respeito, mas eu não vejo a rainha se imp...
Ela cora e está um pouco em choque. Não quero que ela se sinta mal por dizer o que sente, tampouco quero que ela pense que Eadlyn não se importa.
- Tudo bem. - Digo sinceramente. - É sua opinião. Ela se importa.
- Então por que não faz nada? - Ela me questiona.
Eu não posso dizer a ela que Eadlyn não sabe o que fazer, seria expor uma vulnerabilidade dela.
- Ela irá. - Garanto.
Mudamos de assunto durante o almoço, mas acabo perguntando se ela presenciou algo do ataque na noite que saiu da festa e ela conta que já tinha chego em casa quando ouviu a agitação.
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A Verdade {fanfic de A Seleção}
Fanfic"Você está banido do palácio por um ano Kile Woodwork." Um ano. Um ano em que serei livre. Um ano em que construirei coisas. Um ano longe de quem eu amo e acompanhando de longe ela viver seu casamento feliz, com seu escolhido. Acontece que eu a esco...