- Como você ainda consegue subornar Neena? - Eady ri. - Isso não é mais a seleção.
Ela mastiga o pão com pressa perdendo toda a postura de rainha e se parecendo com alguém que não come decentemente há dias.
- Vai ver ela já notou que eu sou quem me saio melhor em te fazer feliz. - Digo respondendo sua pergunta.
No fundo foi bem difícil convencer Neena a me deixar entrar no Salão das Mulheres quando Eadlyn está aqui sozinha. Mas eu consegui convencer uma das criadas a me dar a bandeja que ia levar para a rainha e depois disse a Neena que Eadlyn precisava comer. Acho que ela se compadeceu da minha insistência porque ela mesma poderia entrar com a bandeja.
- Presunçoso. - Eady fala revirando os olhos.
Pego um pão e começo a comer também. Gostaria de saber se ela está com humor para conversar hoje, nos últimos dois dias desde a festa e o ataque no centro eu tenho levado patadas sempre que tento. Ahren teve mais sorte, mas agora ele voltou para a França.
- Hoje os primeiros vinte sorteados vieram. - Ela conta por iniciativa própria.
- E como foi? - Mostro meu interesse.
Ela coloca a bandeja de lado e ao invés de deixar o espaço vazio entre nós no sofá se ajeita e encosta suas costas em meu peito.
- Eady...
- Eu sei, alguém pode entrar. - Diz. - A gente simula um desmaio se isso acontecer.
Dou risada. Ela está sendo muito prática para alguém que está praticamente enganando seu marido.
- Foi horrível. - Ela volta a falar sobre o seu dia de encontro com súditos. - Sabe qual a maior reclamação que ouvi? Não termos mais castas.
Já tinha ouvido sobre isso, mas achei que era conversa fiada. Por que alguém seria louco de querer o sistema de casta de volta?
- Sabe que seu avô rebaixou meus pais a casta oito? - Pergunto.
- Sim, eu soube antes da Seleção acabar. Sinto muito pelo que houve com eles. Eu amo a sua família. - Ela lamenta.
Beijo seu cabelo e sorrio.
- Eu sei, e amo a sua também. Mesmo seu irmão mais novo que vive aprontando. - Brinco. - Mas sobre meus pais eles subiram a seis com a ajuda do seu pai, se as castas voltassem eles seriam isso, eu seria isso, um motorista, um garçom, ou um criado do palácio.
A ideia de não poder fazer o que amo é assustadora demais para ser cogitada.
Ela segura minha mão.
- Eu nunca permitiria um mundo onde você não pudesse fazer o que nasceu para fazer. - Diz. - E nem todas as pessoas. Nem cogitei a hipótese de trazer as castas de volta, mas me fez pensar...
- Em que?
- Meu pai dissolveu as castas pelo bem do povo, e embora essas pessoas digam que a querem de volta, eu acredito que tudo que precisam é de algo tão grande quanto essa ação e que tenha efeito benéfico na população. - Ela me explica o que está pensando. - Eu acho que nem mesmo essas pessoas sabem o que querem, alguns clamam o fim da monarquia e outros a volta das castas.
Isso a está deixando tensa. De todos os desafios que a realeza traz provavelmente esse é um que ela não esperava tão cedo.
- Já tem alguma ideia em mente? - A questiono.
Tenho medo do que ela pode querer fazer para tentar acalmar o povo. Ela é inteligente e pode ter um objetivo justo, mas isso pode acabar em um monte de idéias estupidas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Verdade {fanfic de A Seleção}
Hayran Kurgu"Você está banido do palácio por um ano Kile Woodwork." Um ano. Um ano em que serei livre. Um ano em que construirei coisas. Um ano longe de quem eu amo e acompanhando de longe ela viver seu casamento feliz, com seu escolhido. Acontece que eu a esco...