— Eu quero meia dúzia, por favor — disse Yan ao mercador. Esse, por sua vez, embrulhou os pães junto com os outros mantimentos, e os entregou ao rapaz. O nômade colocou 10 peças de cobre no balcão e saiu.
E assim, mais 10 peças de cobre se foram. Só lhe restavam 25 peças dessas, e uma de prata. Tinha yuans suficientes para sobreviver por alguns meses, se racionasse.
"Vá até a cidade e compre alguns mantimentos. Você é o mais rápido com sua dobra de ar" ele disse. Aquele agente secreto maldito só esqueceu de mencionar que seria o dinheiro dele que seria usado. Na verdade, Yan tinha certeza de que ele tinha feito de propósito. Aquele cretino maroto. Se Kuzou começasse sem ele, ia matá-lo.
Com pressa, dobrou o ar e correu como o vento, assustando as pessoas na rua. Ele bateu em algo sem querer no caminho, e por algum motivo tinha repolho em sua roupa, mas ele ignorou e seguiu em frente, sem diminuir.
Entrou na parte plana e sólida do deserto que fazia fronteira com a cidade, e correu para oeste. E pensar que apenas horas atrás estava indo para o lado oposto, ansioso como nunca, pois havia chegado em seu destino, no maior polo histórico do mundo. Ainda era possível ver uma pequena nuvem de fumaça do outro lado da cidade, onde se encontrava o templo.
O céu estava lindo no deserto. Constelações inteiras pareciam ao alcance de uma mão esticada. A lua estava cheia, iluminando um pequeno deserto cheio de segredos, com sua luz clara. Tudo parecia azulado, fazendo o deserto parecer um oceano congelado no tempo. Yan tinha de admitir que existiam vantagens em estar longe da civilização industrial. Tudo parecia mais natural, mais límpido. Era tudo lindo.
Dando um grande impulso, Yan flutuou acima alguns metros e viu uma pequena luz vermelha à frente, entre as dunas. Aterrissou e voltou a correr naquela direção, deixando uma enorme nuvem de areia por onde passava.
Essa mesma nuvem anunciou a chegada do nômade a quilômetros para Kuzou, que deu um pequeno sorriso enquanto cozinhava na fogueira um cobrelho que havia caçado mais cedo. Ele sabia que o nômade estaria rabugento.
— Cobrelho? — ofereceu ele, quando Yan desceu por uma das dunas que os rodeavam, interrompendo assim o xingamento que estava para sair. O nômade ainda tentou reclamar, mas o ronco do estômago o calou. Contrariado, sentou e pegou um espeto com a carne. No entanto, após ficar satisfeito, ele não perdeu tempo em começar.
— Se você tiver começado sem mim... — ameaçou.
— Começar o quê? — perguntou Kuzou, distribuindo os outros espetos.
— A falar com eles! — disse, apontando para as duas pessoas do outro lado da fogueira, que pareciam famintas.
— Óbvio que eu falei com eles. Você não esperava que ficássemos esse tempo todo apenas olhando para o fogo, não é? — sorriu Kuzou. — Relaxa, evitei os assuntos principais para você ouvir em primeira mão — disse ele, ao perceber o nômade começar a levantar a mão.
— Estamos bem aqui, sabe? — disse, invocada, a menina do outro lado. — Não nos trate como uma exibição de museu.
Foi a escolha errada de palavras.
— Escuta aqui, moça, você não tem direito de pedir porra nenhuma, ok?! Sua dobradorazinha de fogo de araque! — Yan levantou-se, possesso.
— Como é que é? Escuta aqui, seu merdinha, se você quer outra tatuagem para combinar com sua mão, é só pedir! — a menina também se irritou. Eles pareciam à beira de um combate. — Seu mari...
— Ei! — interrompeu o homem entre eles. Sua voz combinava com sua estatura. Ele não gritou, apenas falou normalmente, e os dois interromperam a briga. Sua voz possuía um tom forte, profundo. — Estamos aqui como convidados. Pior ainda, somos convidados que vieram se redimir. Portanto, eu peço perdão por essa falta de educação. — Ele olhou para a garota.

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A Lenda da Abominação - Livro Um: Amizade
FanficFaz aproximadamente mais de 200 anos desde a Avatar Korra. Nesse tempo, avatares vieram e foram, e o mundo regrediu. O ciclo se refez, e o atual Avatar da tribo da água criou uma paz duradoura e se transformou em celebridade. Uma divindade. E então...