— Muito bem, estamos quase em Gaoling — disse Kuzou, observando a paisagem montanhosa. — Vamos fazer uma rápida pausa por aqui para nos prepararmos.
Encontravam-se ao pé da montanha, não muito longe da entrada da cidade que se escondia de vista graças a uma curva mais à frente na estrada. O sol acomodava-se em seu ponto mais alto, iluminando todo o horizonte, deixando poucas sombras para protegê-los de seu constante flagelo. Comparado com a tortura ardente do deserto de Si Wong, no entanto, aquilo não era nada.
— Prepararmos? — inquiriu Yan, inseguro.
Dentro de si, sabia o que o amigo queria dizer com aquilo, mas preferia não pensar muito no assunto. Preferia pensar que tudo sairia de forma ideal, sem qualquer problema, parecido com a maravilhosa noite anterior, na casa de águas termais.
— Sim, é bem provável que estejamos a caminho de uma armadilha — respondeu o ex-agente, calmo. — Vamos planejar nossos passos seguintes com cuidado antes de irmos em frente.
O nômade engoliu em seco, mas ficou calado apesar de tudo, aguardando as instruções. Os outros fizeram o mesmo.
— Quanto mais demorarmos, pior, portanto serei breve. Assim que eu terminar, agiremos de imediato, entendido? — exigiu o jovem agente. — Nada de reclamações e birras fúteis, fui claro?
Ember e Yan encolheram-se, e concordaram de leve, constrangidos.
— Ótimo. Faremos o seguinte — começou Kuzou — Vamos nos separar novamente. Mesma lógica de antes: uma dupla chama menos atenção que um grupo. Assim, também podemos ampliar nossas funções. As duplas também serão as mesmas da última vez.
Como esperado, a dupla catastrófica pareceu querer protestar, mas bastou um olhar do ex-agente para fazê-los desistir da ideia.
— Ember e Yan — continuou —, por justamente serem os que chamam menos atenção, vocês vão direto para a cidade, pela entrada principal mesmo. O objetivo de vocês é simples: apenas observar. Ajam naturalmente e avaliem o estado da cidade.
Os dois concordavam com a cabeça após cada pausa, quase em sincronia, como crianças.
— Fiquem atentos para qualquer movimentação suspeita, qualquer sinal de uma armadilha. Caso haja um desenvolvimento sério na situação, vocês causam um tumulto bem barulhento para nos avisar que temos de recuar. Não deve ser difícil, afinal, barulho é a especialidade de vocês dois.
Ambos receberam a cutucada sem abrir a boca.
— Enquanto isso, eu e Rohan seguiremos pelos pés das montanhas, contornando a cidade, até uma entrada bem mais discreta, e então iremos até onde Norkka costuma se entocar quando vem para essa região. Se tudo correr como o esperado, dali iremos até um posto especial dele escondido a alguns quilômetros ao sudoeste, entre aquelas duas montanhas.
Todos olharam para onde ele apontou, como se esperassem ver o lugar exato mencionado.
— Sairemos da cidade pelo mesmo lugar discreto pelo qual entramos, por isso vocês vão ficar a postos justamente no meio do caminho, assim não tem como nos perder quando passarmos por ali. É uma rua comercial, se não me engano. Rohan nos colocará a par desses detalhes sobre a região, a cidade e seus pontos de interesse daqui a pouco. Até agora, algum problema?
Todos aquiesceram em entendimento, apesar da tensão no ar.
— Caso as coisas não saiam exatamente como o planejado e venhamos a nos separar, o ponto de encontro será nos arredores do posto escondido de Norkka. Mesmo que ele não coopere, é uma área bem discreta, repleta de bons esconderijos. Alguma pergunta?
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A Lenda da Abominação - Livro Um: Amizade
FanfictionFaz aproximadamente mais de 200 anos desde a Avatar Korra. Nesse tempo, avatares vieram e foram, e o mundo regrediu. O ciclo se refez, e o atual Avatar da tribo da água criou uma paz duradoura e se transformou em celebridade. Uma divindade. E então...