Yan tinha perdido a noção do tempo. Parecia ter se passado meros segundos desde que Kuzou os havia deixado para vasculhar o casebre, já que lá estava ele de volta, como se nunca tivesse saído. Por que, então, a cena anterior parecia ter acontecido em câmera lenta?
O único movimento que os dois fizeram desde o incidente fora para se afastar do corpo, nada mais. Ficar tão próximo àquilo era insuportável. Não para Kuzou, no entanto. Claro que não. A primeira coisa que o ex-agente fizera fora saquear o corpo.
E agora lá estava ele, pedindo para eles levantarem, para poderem seguir viagem.
Pelo menos ele estava sendo delicado com a garota. A dobradora de fogo parecia destruída. Havia chorado sem parar desde que Rohan se retirara.
De repente, eles já estavam caminhando pela floresta. Yan sequer lembrava como conseguira levantar, muito menos quanto tempo fazia. Como não via mais a clareira, suponha que bastante.
Então já estavam fora da floresta e de volta à trilha. E lá estava Rohan, sentado de costas para o grupo; esperando por eles, quem sabe?
E assim já era de noite, e eles se encontravam em um pequeno porto. Kuzou negociava com alguém, enquanto o gigante mantinha-se afastado do grupo.
Por fim, eles estavam todos a bordo de um barco simples, vendo o porto em que eles estavam um segundo atrás sumir no horizonte.
O balançar do barco finalmente pareceu tirar o nômade de seu transe. Provavelmente por que ele percebeu que logo vomitaria. Enjoado, Yan deitou-se no chão do convés, olhando as estrelas.
Passado um tempo que o nômade ainda não sabia quantificar, Kuzou apareceu em pé ao seu lado.
— Como vocês estão? — perguntou ele, demonstrando cansaço.
"Vocês? ", conseguiu raciocinar o dobrador de ar. Então percebeu que Ember estava perto dele, encolhida como uma bola contra a grade do barco que os separava das ondas. Não tinha notado a aproximação dela. Não era como se ele estivesse lá muito atento, no entanto.
Ninguém respondeu ao ex-agente. Este, por sua vez, sentou junto com eles quando percebeu que nenhum dos dois estavam interessados em falar. Ficaram então todos em silêncio, apenas ouvindo o som do mar.
Uma banana acertou o rosto do nômade.
O dobrador de ar se endireitou com o susto, vendo a fruta rolar ao chão.
— Mas que po... — começou ele, olhando em volta, procurando o culpado.
— Teve um bom cochilo? — comentou Kuzou, com um leve sorriso no rosto. — Imaginei que estivesse com fome — continuou, apontando para a banana.
Yan ainda estava desnorteado, mas conseguiu balbuciar algum tipo de xingamento.
— Eu... cochilei? — inquiriu ele. Não lembrava daquilo também, para variar.
— Por alguns minutos, acredito — respondeu o forasteiro, oferecendo comida para Ember.
A garota aparentava estar mais calma. O rosto não se escondia mais entre os joelhos, e as lagrimas já começavam a secar. Ainda soluçava, no entanto. Ela aceitou comer.
Por alguns minutos, tudo que fizeram foi mastigar, olhando o horizonte.
Porém, o enjoo do nômade não demorou a voltar.
— Não lida muito bem com barcos, é? — indagou o ex-agente, vendo o amigo se deitar novamente.
— Não é como se navegássemos muito nos templos do ar...
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A Lenda da Abominação - Livro Um: Amizade
FanfikceFaz aproximadamente mais de 200 anos desde a Avatar Korra. Nesse tempo, avatares vieram e foram, e o mundo regrediu. O ciclo se refez, e o atual Avatar da tribo da água criou uma paz duradoura e se transformou em celebridade. Uma divindade. E então...