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Naquela noite, Regina e Robin se aproximaram mais pois puderam conversar sobre mais coisas do que costumavam.

Regina ligou para Henry, avisando que não dormiria em casa. Ela se sentiu envergonhada de anunciar isso para o filho, por isso foi bem breve.

- Ok, mãe. - ele respondeu, já pensando em ficar acordado até tarde jogando ou assistindo filmes de terror, o que Regina nunca permitia.

- Você vai ficar bem? - ela estava preocupada, nunca deixava Henry dormir sozinho em casa.

- Absolutamente. Eu tenho 15 anos. - ele havia se convencido de que aquela era uma idade alta.

- Ah claro, às vezes eu me esqueço disso. - ela foi sarcástica, mas aquilo era verdade, ela se esquecia mesmo. - Não durma tarde. Eu te amo.

- Eu também.

Ela desligou o celular com uma cara de preocupação, mas voltou a atenção para sua tarefa de ajudar.

Após terminarem de arrumar a mala, Robin deu um suspiro de cansaço, olhou para Regina por um instante e compartilhou seu pensamento:

- Não sei como você consegue usar essas roupas o tempo inteiro, de verdade. Não parecem nada confortáveis.

Esse era o tipo de pensamento que você tem e não diz em voz alta. A menos que você esteja bem confortável com a pessoa ou entediado.

- Acredite, elas são. - "Homens não sabem nada mesmo sobre roupas femininas." o pensamento passou pela cabeça dela.

- Não o suficiente para dormir. Vou te emprestar algo meu. - ele apontou com as mãos para a mala na sua frente, como se tivesse mostrando algo mágico. - Pode escolher.

Ela riu.

- Nós vamos dormir agora? Porque eu não estou cansada.

- Uau, você é pior que o Roland aos sábados. Incansável.

- Podemos assistir TV. Deve estar passando Mad Men agora.

Ele concordou, mesmo nunca tendo assistido a série. Se Regina gostava, devia ser bom.

Robin tirava as coisas de cima da cama, enquanto Regina tirava os sapatos de salto alto.
Os dois se deitaram, o braço dele em volta do pescoço dela, e ela se sentiu muito bem naquele momento.

O episódio já estava na metade, mas eles assistiram mesmo assim. Enquanto os créditos finais passavam, uma mensagem surgiu na tela informando que um episódio aleatório de House of Cards estava prestes a começar. Eles assistiram 2/4 do episódio, sem entender muita coisa, quando Regina olhou para ele, com a intenção de retomar a conversa. Ele estava concentrado na TV, tentando entender o enredo da série, e demorou a perceber o olhar dela.

- Eu não estou entendendo nada, Robin. - ela tentou iniciar uma conversação.

Ele finalmente olhou para ela, tirado de sua concentração, e ao ver o rosto dela deu um sorriso.

- Que horas você vai amanhã?

- Vamos pegar o trem às 8:00.

Regina parou de olhá-lo, criando um ponto fixo na TV em sua frente.

- Quando você volta? - prosseguiu, ainda sem olhá-lo. Ela sabia que ele não saberia como responder, mas resolveu perguntar mesmo assim; precisava ter uma ideia do tempo.

- Uma semana no mínimo... Eu realmente não sei. Essas coisas demoram.

Regina o olhou novamente, e ele viu a decepção no olhar dela. Resolveu que tinha que falar algo para acalmá-la.

- Eu te prometo que os dias passarão como um relâmpago, você não vai nem perceber. E quando você menos esperar, eu estarei de volta. Você vai até desejar que eu tivesse ficado fora mais tempo. - disse sorrindo.

- Até parece. - disse, séria. Estava muito para baixo até para brincar.

- Talvez eu devesse te deixar alguns beijos como lembrança.

- Nãão... - ela falou arrastado - Uma peça de roupa vai ser o suficiente. - Ele estava quebrando o mau humor dela.

Ele arregalou os olhos.

- Regina Mills, você é tão grossa.

- Pensei ter ouvido você dizer que eu era fofa mais cedo.

- Sabe de uma coisa? Mudei de ideia.

- Mentira.

- Só um beijinho, vai. - ele insistiu.

Regina cedeu, atendendo o pedido. E quando ela ia se afastando, Robin manteve o beijo.
Ela sentiu um quentinho na barriga, aquele que você tem quando beija alguém que gosta. Ela passou os dedos pelo cabelo dele.

- Como eu vou sentir sua falta. - ele sussurrou entre uma pausa no beijo. Aquele foi o momento em que ele mais se deu conta daquilo, quando estava tão próximo dela.

Regina retribuiu a declaração o puxando para mais perto.

A última vez que eles passaram juntos fazia tantos meses que parecia há uma eternidade.

Naquele momento, os dois se deram conta do quanto se amavam, e que se fosse possível, não deixariam a presença um do outro nunca mais. House of Cards na TV servindo como plano de fundo para aquela percepção.

...

Robin estava dormindo, mas Regina tinha dormido apenas um pouco antes de sentir sede e despertar. Ela pegou a camiseta que ele tinha deixado no chão, a colocando para ir até a cozinha buscar água. Era longa o bastante para chegar até suas coxas.

Ao passar pela sala, notou um feixe de luz saindo da janela de vidro que ia do chão até quase o teto. A luz iluminava grande parte do ambiente, o que a fez notar um porta-retrato em cima de um móvel. Ela pegou para ver melhor e na foto apareciam Robin, Roland e Marian sorridentes. "Uma família feliz." ela pensou, antes de colocar de volta no lugar.

Após beber água, ela subiu as escadas e voltou ao quarto. O de Roland estava bem à esquerda do de Robin, e ela pôde ver a fresta da luz do abajur passando por de baixo da porta. "Ele tem medo do escuro." raciocinou, e se lembrou de que quando Daniel morrera, desligar as luzes se tornou um pesadelo para ela, pois trazia todos os pensamentos e lembranças ruins à tona.

Ela entrou no quarto com todo cuidado do mundo para não fazer barulho e acordar Robin. Ela se deitou e se cobriu, se inclinando para dar um beijo de boa noite na bochecha dele.

"Regina, como você muda quando está com ele..." seu outro "eu" lhe advertiu. Às vezes ela sentia que aquela voz era como a metade má dela. Como a parte yang do yin-yang. E era justamente a parte que ela deixava dominar em si mesma, nos tratos com as outras pessoas.

Ela fechou os olhos, adormecendo com o cheiro de Robin em seu corpo.

Uma Nova Chance | Outlaw QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora