Dividida

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Regina pensava o tempo todo nas palavras de Robin. Sabia que ele estava sendo sincero, mas também foi sincera em dizer que aquilo tudo era difícil. E por mais uma noite não conseguiu dormir.

- O que eu faço? - disse. Pensou que se dissesse seus pensamentos em voz alta seria mais fácil organizá-los e tomar uma decisão claramente.

- Sempre achei ridícula a ideia de que uma mulher só pode ser feliz com um homem, nunca precisei disso. Mas sinto que ele e Henry são os únicos que me vêem com outros olhos e querem sinceramente me ver feliz. Eles acreditaram que eu tinha mudado e merecia outra oportunidade.

Ela costumava dormir cedo, e estava deitada desde às 21:00. Olhou no relógio, eram 22:34; mas ela simplesmente não conseguia fechar os olhos e descansar. Era como se sua mente lutasse contra seu corpo.

Enfim Regina tomou uma decisão e se levantou. Não podia ficar ali, tinha que ir até Robin.

Pegou uma calça preta justa no guarda-roupa, uma blusa branca lisa pois teria que colocar um casaco por cima de qualquer jeito. As madrugadas de Storybrooke traziam um frio lancinante no Inverno. Escolheu o casaco cinza e botas de cano baixo.

Pegou as chaves do carro em cima do balcão e saiu.

Ao entrar no carro, parou por um momento, fechou os olhos, respirou fundo.

- Regina, pensa bem... Não vá cometer nenhuma loucura. - disse para si mesma.

Estava começando a achar toda aquela coisa de falar sozinha esquisita. Talvez ela estivesse mesmo solitária e precisava de um pouco de companhia.

Enfim ligou a chave na ignição e partiu com seu Mercedes 560SL de 1986, que aliás era o único carro na rua sendo dirigido.

Robin morava perto da floresta, o mais longe possível da casa de Regina, mas como a cidade era pequena em 15 minutos ela chegou lá.

Parou em frente à casa dele, e a observou por um tempo, criando coragem para sair do carro.

- Essa é a última chance de desistir e ir para casa. - disse, baixinho.

Mas não queria ser uma covarde. Estava cansada de desistir, havia fugido do comprometimento por grande parte de sua vida.

Bateu na porta com três toques, e colocou as mãos nos bolsos do casaco. Olhava para cima, inquieta. Passaram-se 10 segundos e nada. No fundo estava torcendo para que ele estivesse dormindo, assim evitaria um possível constrangimento e voltaria para casa com o pensamento de "pelo menos eu tentei".

Estava se virando para ir embora quando um feixe de luz saiu da porta e se expandiu.

- Regina? - disse Robin, surpreso, com os olhos semicerrados.

- Oi... Espero não ter te acordado.

- Não acordou. Coloquei o Roland para dormir agora pouco. O danadinho conseguiu me convencer a deixá-lo dormir mais tarde hoje. Por favor, não fique aí fora no frio, entre. - ela se sentiu bem com aquela pequena demonstração de preocupação.

Regina não conseguiu fazer contato visual ao passar pela porta, fixando os olhos no chão. Era tarde demais, já estava constrangida. Aparecer na porta das pessoas de surpresa às onze horas da noite não era algo que fazia sempre.

Ela se sentou no sofá e cruzou as mãos uma na outra, como uma concha. Torcia para que seu nervosismo não estivesse transparecendo.

Foi então que ela percebeu que não tinha formulado o que ia falar. Enquanto estava deitada em casa, ela apenas sentiu que precisava tomar aquela decisão, mas não pensou nos detalhes que vinham depois. O jeito seria dizer o que estava em seu coração.
Robin se sentou ao seu lado.

- Você quer chá ou alguma coisa para beber? Eu posso fazer...

- Não, obrigada. Estou bem. - "Tirando minha condição psicológica no momento", pensou.

Robin a olhava com expectativa.

Eu queria te dizer que... - engoliu seco - Eu sinto sua falta. Como eu poderia não sentir? - disse, dando uma risada forçada. Tentava achar o mínimo de senso de humor naquela situação toda. - Antes de você ir embora, nós estávamos felizes. Posso dizer que eu não me sentia feliz daquele jeito há anos. E eu só quero aquilo de volta. Você não imagina o que eu tenho passado todos os dias desde que você partiu.

Robin se aproxima e pega na mão de Regina, apertando levemente. Seus olhos demonstravam dor enquanto franzia a testa. Ela para por um momento e olha para as mãos dos dois, sentindo o calor da pele dele se transferir para a dela.

- Eu estou cheia de ficar no caminho da minha própria felicidade. Essa não é uma relação perfeita, talvez nunca foi, mas eu estou disposta a tentar e fazer dar certo.

Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. Sorriu e a abraçou forte, dando-lhe um beijo em seguida; e foi como se tivessem se beijado pela primeira vez.

Apoiaram a testa uma na do outro, enquanto sorriam.

- Não vou te magoar outra vez. - prometeu Robin.

- Acho bom mesmo. Você não sabe do que sou capaz. - disse com tom de humor, e os dois riram.

Uma Nova Chance | Outlaw QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora