Os olhos de Rosamund St. John estavam firmes contra os de Henry Basset. Quem aquele pirata desonrado acreditava que era? Como ele poderia pensar em lhe eleger um marido assim, como se o matrimônio não significasse nada?
- Eu não poderia escolher isso assim, de pronto.
- Oras, para que tantas desculpas, Rosie. - disse ele enquanto observava os olhos dela escurecendo-se com a raiva que invadia-lhe a alma. - Você conhece esses homens há tempo o suficiente para julgar qual deles poderia ser um marido ideal para seus interesses.
Rosamund voltou seus olhos para os marujos sentados em barris e no piso de madeira do convés. Eram todos bons homens, como ela viera a descobrir enquanto conversava com eles, embora por um breve período enquanto distribuía suas refeições ou confraternizavam no fim de um longo dia de navegação, como era o caso naquele momento.
Homens excelentes com toda certeza, mas nenhum deles era o que tinha em mente. Ainda que seus planos envolvessem um homem com riqueza o bastante para dar a ela, sua mãe e irmã um teto decente, Rosamund não podia evitar que seu coração se visse preso em fantasias de que este homem seria forte, bem apessoado e de boa convivência. Porém, acima de tudo, esse homem a estimaria.
Nenhum deles encaixava-se nos termos. Não eram ricos, não tinham um teto, o mar era sua moradia, e apesar de terem um apreço por ela e seus dotes culinários, nenhum deles a fazia sentir-se como se estivesse sem chão, com seu coração batendo em disparada e os lábios ardendo de desejo para serem tomados por outros lábios.
Não, ela estava enganada. Havia um deles, sim, que a fazia se sentir daquela forma. E justamente o pior deles. O temível capitão.
- Se continuar tão indecisa, acreditarei que seu desejo é casar-se comigo, Srta. St. John.
Os olhos de Rosamund se arregalaram por ele ter chego tão perto da verdade dos pensamentos dela que se obrigou a dar um passo para longe dele, ao que não adiantou de nada, já que o Corsário Negro deu um passo para frente, chegando perto de Rosie o bastante para intimidá-la.
- Creio que lhe seria muito vantajoso casar-se comigo. Eu sou um capitão, tenho posses em ouro e as taberneiras lhe informarão o amante generoso que posso ser.
- Jamais me uniria a um fora da lei. - respondeu ela de pronto, usando toda a sua coragem para disparar aquelas palavras. O queixo erguido, demonstrando toda a raiva que sentia, deixando claro que o enfrentaria, mal sabendo que era justamente a sua altivez que tanto o atraia nela.
- E está disposta a unir-se com os hipócritas da sociedade? Pensei que fosse mais esperta que isso, querida.
- Não me chame de querida.
Ela franziu o cenho e se afastou novamente, observando uma vez mais os homens reunidos e não sentindo em absoluto a mínima vontade de se unir em matrimônio a qualquer um deles.
- Serei benevolente, Rosie, e lhe darei até o meio dia de amanhã para saber a sua escolha. O casamento será realizado à noite, de qualquer maneira. Quer você escolha o noivo, ou me queira no altar. A escolha é toda da senhorita.
Sem forças para discutir, Rosamund atravessou o convés até o quarto do capitão, onde bateu a porta com um estrondo, na esperança de que essa fosse uma resposta à altura ao disparate que o Corsário Negro cometia.
Murray colocou a mão por sobre o ombro do capitão com um sorriso que mostrava que o marujo sabia mais do que dizia e informou a Henry que o leme já estava à sua espera. A noite estaria escura, graças ao céu negro que prometia chuvas fortes no dia seguinte, mas aquilo não era páreo para Henry. Ele precisava da calma e do silêncio que vinham da casa do leme. Ali, com apenas o mar e o comando à sua frente, podia pensar bem nas tolices que vinha cometendo diante daquela moça.
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A Sedução do Corsário
RomantizmNo início do século XVIII, a donzela Rosamund St.John se vê cara a cara com o maior pirata de todos os tempos: o temido Corsário Negro. Os feitos do corsário eram conhecidos por toda a Inglaterra e além mar, seus tesouros eram inestimáveis e a sua d...