- Não importa o que você faça. – sussurrei, entredentes. – Apenas salve-a!
Então deixei a curandeira de Hogwarts fazer, literalmente, a sua mágica. Se observar Lethícia inconsciente era apavorante, ficar do lado de fora esperando por notícias era ainda pior. James parecia que a qualquer minuto entraria em colapso. Ou furaria um buraco da escola para Durmstrang. Lily continuava a chorar sem parar. E havia outras tantas pessoas aguardando ali por notícias que senti uma urgência de gritar que fossem embora. Que respeitassem o momento. Escolhi sabiamente, porém, e permaneci silencioso.
Dumbledore e McGonnagall surgiram ali, com ar preocupado.
- Será que podemos conversar, Srta. Evans?
A ruiva soluçou mais uma vez e ponderou, desviando seu olhar para mim.
- Vá, qualquer coisa eu vou te chamar. – exalei e pus um sorriso fraco no rosto, ou tentei pelo menos. – É sério!
Ainda me encontrava um pouco desnorteado com todos os acontecimentos; então, sem cerimônias, deixei meu corpo escorregar lentamente e cai no chão, sentado. Pus minha cabeça entre as pernas e suguei um pouco de ar. Somente agora percebi o quão complicado estava para dar uma simples inspiração.
E os minutos se passavam.
- Sirius – ouvi a voz de James, um pouco esganiçada, sussurrar. – Será... quer dizer, passa pela sua cabeça... Ah, droga. Ela vai morrer?
- Ah, cala a boca, Prongs. – rolei os olhos e ri. – É a Lethícia, tem certeza que essa garota vai nos deixar assim? Com tantos anos para nos irritar e encher o saco?
Vi-o sorrir.
- É, você provavelmente tem razão.
O silêncio permaneceu por alguns minutos, até que eu decidi sair para tomar um ar. Estava sendo sufocado naquele lugar com tantas pessoas. A noite estava gelada e algumas gotinhas de chuva caiam, o que não era normal para o final de junho. Estávamos quase no verão.
Esfreguei meu rosto com a pouca água que o céu despejava e retornei, cerca de dez minutos depois. A porta da enfermaria estava quase vazia agora, a não ser pela ruiva que cochilava no ombro de Potter, o mesmo, Remus e Dorcas. Todos pareciam meio adormecidos, portanto esmerei-me para não emitir nenhum barulho que os pudesse despertar.
A porta finalmente abriu-se e madame Pomfrey saiu de dentro com um ar de extrema fadiga, os ombros pesados.
- E então?
- Fiz tudo que estava ao meu alcance. – arregalei os olhos. – Agora só podemos esperar que ela se recupere.
O ar deixou meus pulmões com muito mais calma do que entraram. Por um décimo de segundo pensei que a minha doce Potter havia me abandonado para sempre e sem nem sequer me dar um beijo de despedida. Todas as minhas células se apavoraram com o pensamento.
- Posso entrar? – a mulher balançou a cabeça. – Nem que seja por uns minutinhos?
- Ela está adormecida, melhor deixá-la descansar.
Com a conversa baixa, logo meus amigos acordaram e olharam esperançosos para a senhora. Ela simplesmente deu de ombros e disse que fossemos embora, não eram mais horas de estar fora de nossa casa. Talvez amanhã pudessem visitar a menina, se a mesma estivesse em condições para recebê-los.
- Vamos embora, pelo menos temos a certeza de que ela está viva.
O cansaço me preenchia inteiro; nunca me sentira tão esgotado. Lily andava abraçada com James e sua aparência ainda me dava calafrios. Pensei que se um dia déssemos uma festa de halloween, Evans com certeza deveria usar aqueles trajes para dar susto nas pessoas. Sorri com o meu pensamento e adentrei o salão comunal, ansioso para ter um encontro com minha cama.
~~
Um pouco mais tarde, já no dormitório, recordei-me que, um pouco antes do ocorrido, ouvi vagamente Emilly e Regina planejando algo que envolvia sangue, muito dele. E se... Não! Elas seriam capazes de fazer isso com a própria família, seriam? Duvidava muito, mas de qualquer forma decidi compartilhar com James. Era bem melhor do que guardar a dúvida e ficar remoendo-a.
- Ei, Jim... Lembrei de algo.
- O quê? – murmurou, enrolando-se nos cobertores.
- Antes da Lily entrar no salão coberta de sangue... Tenho a plena certeza de que ouvi suas primas conversando sobre uma coisa estranha.
- Tão estranho a ponto de você estar ponderando para me contar?
- É, bem estranho mesmo.
- Desembucha.
- Bem, Emilly estava pondo um feitiço de percepção, então não consegui ouvir tudo. – contei, franzindo minha testa. – Em síntese, ela disse que como era a primeira vítima... Bem, "queria muito sangue".
Prongs ergueu-se, o rosto confuso.
- Tem certeza que ouviu isso, Padfoot?
- Absoluta.
- Será que há alguma ligação entre...
- Espero que não. – balancei a cabeça, em uma tentativa de descartar aquela possibilidade. – Sendo franco, não faço ideia do que faria com elas se descobrisse algum envolvimento com essa atrocidade.
- De qualquer forma, Pads, o que elas disseram foi algo sério e nós provavelmente devemos contar a Dumbledore. – confrontou-me e apenas assenti, concordando.
- E se... Elas estiverem envolvidas com... Oh, well, ele? – enfatizei a palavra "ele", para que o rapaz a minha frente entendesse.
- Céus, isso está fugindo do controle!
- Nem me fale. Estou com medo de que isso não tenha acabado aqui.
James balançou a cabeça e engoliu a seco. Com um sussurro, desliguei as últimas luzes restantes e deitei-me, esperando que os lençóis me aquecessem. Foi inútil, mas pelo menos a cama estava confortável. Não consegui parar de pensar em como aquilo poderia ter acontecido debaixo das barbas de Dumbledore. Quero dizer... Como alguém teve a ousadia de tentar assassinar alguém em Hogwarts?
Comprometi-me em descobrir quem estava atrás de tudo aquilo ou, pelo menos, confirmar minhas suspeitas.
Fechei meus olhos com força e rolei na cama, buscando uma posição agradável para finalmente entregar-me a uma boa noite de sono que recuperasse minhas forças. Pensei no dia seguinte e em como eu poderia ter a oportunidade de ver a morena novamente, com as bochechas um pouco mais coloridas, espero.
O cansaço torrencial me atingiu e não pude hesitar em dormir, afinal de contas.
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Tentação Potter
RomanceO que aconteceria se James Potter não fosse o filho único? Lethícia Potter é a gêmea do mesmo e junto com os outros Marotos, ela apronta todas em Hogwarts. E com o sétimo e último ano chegando, muitas coisas podem acontecer, tais como sentimentos...