Capítulo XII: daddy talk

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Agradeci aos céus pelo Sr. Potter ter me chamado naquele exato momento. A situação não estava mais se sustentando e logo eu teria que contar toda a verdade do meu amor por aquela menina. Só que... Eu ainda não me sentia à vontade para me abrir com ela. Tinha medo que fosse rejeitado. Sim, eu tenho medo da rejeição. É óbvio que, pelo menos por mulheres, eu nunca havia passado por essa sensação. A não ser essa maldita morena. Lethícia me dissera não umas milhões de vezes. Talvez fosse essa a razão pela qual me apaixonei. O terrível clichê. Odiava cair nesse mesmo padrão de cafajeste que se apaixona por garota que nega seu fogo.

- Sirius, eu soube por minha esposa que você e Leth estão namorando.

- Desculpe-me, tio Charlus, mas que história é essa? – agora eu estava confuso. – Eu não estou a namorando.

Ele sorriu, com um pouco de malícia em seu olhar.

- Vou confessar algo para você, Sirius. – ele encheu um copo com uma dose de uísque de fogo. – Durante minha vida conheci muitos Black e quando James chegou em casa dizendo que o melhor amigo dele era um, hesitei. Não é novidade para você que tua família tem um péssimo histórico e que ninguém gostaria de seus filhos andando com pessoas assim. Mas quando o vi pela primeira vez, soube instantaneamente que sua índole nada era semelhante com a de seus parentes.

- Tio, eu não estou...

- Ainda não cheguei ao ponto que eu quero. – ergueu as sobrancelhas, já um pouco grisalhas devido à idade. – Você foi se aproximando da minha família cada vez mais, até que veio morar aqui. Nunca permitiria que você chegasse perto da minha filha se não soubesse como essa história termina. Quando conheci Dorea, ela revirou minha cabeça totalmente. Esse mulher simplesmente parecia me odiar e ao mesmo tempo queria ser minha melhor amiga. Em um momento me ajudava a arrumar uma namorada e no outro destruía o meu encontro. O ponto é que, eu notei os olhares que você lança para minha Lethícia. Não sou bobo, aposto que ela mudou sua vida como minha Black mudou a minha. Talvez seja o destino. Um Black precisa de uma Potter e vice-versa.

Depois de ouvir calado todo aquele discurso, sorri. Não fazia sentido nenhum o Sr. Potter me chamar e contar todos esses detalhes do seu ponto de vista. Mas de certo modo, consegui me identificar em suas palavras. Lethícia Potter pôs meu modo vida inteiro para baixo. Um ano antes, eu adorava sair com garotas e fugir de seus cobertores no dia seguinte. Agora, pareço um cara patético em busca de uma aprovação.

A verdade é que todas aquelas confusões valiam a pena.

- Eu sei que Lethícia é teimosa e cabeça dura. – riu. – E sei que todas as amigas dela já te disseram isso, porém peço que vá em frente. Não quero que nenhum marmanjo como aquele Arthur acabe sendo o pai dos meus netos. Por mim, meu genro já está escolhido faz tempo.

Piscou para mim.

- Eu agradeço muito pelas palavras. – murmurei. – E pode deixar, não vou deixar nenhum "Arthur" roubar essa mulher de mim!

- É assim que se fala!

Deixei aquele escritório com a sensação de: man, essa foi a conversa mais estranha que eu tive na minha vida inteira. E o pior de tudo é que eu realmente gostei de ter estado naquele escritório ouvindo o pai da mulher da minha vida contar como ele conheceu a mulher da vida dele. Preciso de um como é que os trouxas chamam? psiquiatra isso, para ver se essa minha loucura me deixa de vez.

Entrei no quarto de prongs, que estava adormecido. Não me importei em nenhum momento e simplesmente o sacodi até que seu corpo desse sinais de vida. Provavelmente ouviria alguns gritos e depois estaria bom para ir. Aliás, aquele maroto não tinha direito de reclamar, já que ele fizera isso comigo algumas boas vezes.

- Sirius? – perguntou exaltado, abrindo os olhos. – Alguém morreu? Está ferido?

- Nada aconteceu, só preciso conversar com você.

- Ah, você entrou desse jeito e... Enfim, conte sua história.

- Eu estava com o seu pai no escritório.

- E daí?

- Pode deixar eu falar? – exalei pesadamente. – Enfim, ele me disse que eu deveria lutar por sua irmã.

- Ele fez o que, homem?

- Isso mesmo que você ouviu. – assenti, pasmo. – Contou a história dela com a sua mãe e disse algo como "meu genro já está escolhido faz tempo". Dude, eu estou assustado.

- Papai provavelmente estava bêbado. – rolou os olhos. – Isso está acontecendo com mais frequência agora.

- Cunhadinho, papai está com problemas. – brinquei. – Será que eles não estão fazendo sexo?

- Isso é baixo até para você!

Fez uma careta, o que me fez rir.

- Imagine, Jimmy! – soquei seu ombro. – Deve ser por isso que ele está tão nostálgico.

- Urgh, Sirius, não quero imaginar meus pais transando! – engoliu a seco. – Ou não transando. Isso é nojento.

- Certo, o ponto é que o que ele me disse finalmente me deu a coragem que eu preciso.

- Padfoot, escute-me com muito cuidado. – seu olhar era sério. – Primeiro, se você sonhar em fazer algo que machuque minha irmã, eu vou acabar com você.

Deixei uma gargalhada alta escapar e ele me encarou feio.

- Segundo: deixa de ser maricas, Black. – dessa vez ele quem riu. – Faz muito tempo que você deveria ter se declarado por ela. Que eu me lembre, no dia em que o namoro com o Arthur acabou, você disse que não desperdiçaria um segundo sequer.

- Pela primeira vez na vida você tem razão, prongs. – expressei, assentindo. – Amanhã mesmo eu irei conversar com ela e abrir o jogo.

- Você vai esperar por amanhã mesmo?

- Claro que vou! – respondi como se fosse óbvio. – Ela está dormindo e se você conhece sua irmã, sabe que se eu a acordar agora... Bem, de duas uma: ou ela me mata ou ela para mim.

- Urgh, você está sendo nojento de novo, Sirius! – exclamou, tremendo o corpo. – Certo, espere. E escute o que eu disse! Ou não, já que não teve muita serventia para mim.

- Relaxe, veado, a ruiva é louca por você. – piscou. – Irei ao seu casamento e com certeza serei o seu padrinho.

Deixei o quarto do meu amigo e migrei para o meu.

Enquanto procurava uma cueca samba-canção para vestir e ir dormir, pensei no que eu diria exatamente. Meu discurso ainda não estava exatamente elaborado e, sendo sincero comigo mesmo, sabia que aquilo era o menos importante. O que realmente me assustava era a sua reação. Se ela me estapearia e diria não; tocaria minha mão, pediria desculpas e diria não; ou então... Na última das hipóteses, diria sim e selaria nossa união com um gostoso beijo.

Droga.

Minha vida é uma porra de uma novela mexicana.

E eu sou a Maria do Bairro.

Quer saber?

Não vou esperar até amanhã.

Levantei-me da cama edeixei meu quarto, era agora ou nunca.

Tentação PotterWhere stories live. Discover now