Capítulo XVIII: oh, well

122 6 0
                                    

A dor era insuportável.

Pensei em todos os momentos traumatizantes e dolorosos que eu já tivera a oportunidade de experimentar; contudo, nenhum deles me proporcionara semelhante dor. Em um comparativo, sentia como se alguém abrisse o meu corpo de ponta a ponta com um bisturi, sem utilizar uma anestesia. E o espiral intenso continuava se repetindo, de novo e de novo.

— Que droga! – exclamei, enquanto retirava as botinhas e meias que estava calçada com. – Por que diabos ele tinha de ter feito isso?

— Ter feito o quê?

— AH! – berrei, assustada e de olhos arregalados. – Lily! Você quer terminar de me matar?

— O que foi que aconteceu? E por que você está com essa cara amassada e vermelha?

— O Sirius aconteceu, óbvio. – balancei a cabeça, entre soluços.

— Ah... Quer me contar o que aconteceu? Ou prefere só chorar enquanto eu te digo que tudo vai dar certo?

Rolei os olhos, rindo baixo e limpando as lágrimas. A ruiva se sentou ao meu lado, retirando alguns fios castanhos que insistiam em grudar no meu rosto e senti suas orbes verde-esmeralda queimarem-me. Comecei um pouco hesitante, omitindo o motivo pelo qual eu estava na busca de Sirius em primeiro lugar, não precisava de alguém buzinando nos meus ouvidos o quão irresponsável eu havia sido. Ao lembrar da possível criança que crescia em meu útero, senti a corrente lacrimal crescer.

As mãos delicadas de Lily tentavam me acalmar, assim como suas palavras doces.

— Eu sinceramente não acredito que o Sirius faria algo assim. – suas sobrancelhas estavam franzidas. – Você tem certeza de que isso não foi tudo um plano arquitetado pela Regina?

— Duvido muito. – suspirei. – Nós tivemos nossos problemas, só que acima deles tem o sangue. Somos família!

— Se você diz...

— Droga, Lily! – ergui meu tronco, olhando-a irritada. – Por que você está defendendo o Sirius?

— Eu não estou...

— É claro que sim! – rolei os olhos.

— Escute aqui, Potter! – ela crispou os lábios. – Sirius me contou diversas vezes o quão apaixonado ele é por você, o quanto ele desejava ser seu namorado e todos os eteceteras. Prefiro acreditar que isso tudo foi um mal-entendido do que meu amigo ser um belo de um mentiroso.

Suas palavras me fizeram calar por alguns segundos. Eu estava irada com toda a situação; no entanto, ela não deixava de ter razão. Sirius não precisava dissimular para mim. Ou pelo menos era o que eu tentava pensar, antes da minha mente ser rapidamente arrastada para jelousyville.

— Só um detalhe que falta você me dizer, e não posso deixar de frisar que estou curiosa. – riu, mostrando os dentes perolados. – O que você precisava contar a ele? Algo muito sério, espero, para justificar você quase ter me jogado escada abaixo em uma correria.

Vi-me, então, em uma encruzilhada.

Contar ou não?

— Ah, bem que pensei ter sido você a quem eu atropelei. – tentei desviar o assunto, mas a sobrancelha erguida estava incisiva.

— Vamos, não tente me enrolar.

— Certo... Bem, você sabe que eu e o Sirius, nós bem... O tempo todo... Droga, como vou contar isso para você? – soltei os ombros, desistindo. – Minha menstruação está atrasada.

Come again to medium sized fudge? — arregalou os olhos, surpresa. – Você está grávida?

— Sh. – tapei sua boca. – Se você falar mais alto, creio que os meninos daqui a pouco saberão. Não tenho certeza, no entanto creio que sim.

Tentação PotterWhere stories live. Discover now