Sabia desde o início que não deveria estar ali com aquela garota, mas insisto em confiar nas pessoas erradas. Após Regina alegar que precisava muito conversar comigo em particular e pedir com um par de olhos pidões, não pude rejeitar. Porém, em momento algum, dei-lhe abertura para tal ato. O pior de tudo é que parecia planejado. Os lábios quentes tocando os meus, minhas mãos em seus ombros e toda a porcaria da cena.
Lethícia nunca me perdoaria.
— Droga! – senti um ímpeto de socar a parede. – Por que você fez isso?
— Eu pensei que... Achei que você estivesse... – hesitou, não sabendo ao certo o que dizer. – Perdão, Sirius. Não quis em momento algum causar algum problema... Se quiser, converso com ela e explicarei tudo.
Abanei com a mão, negando.
Era meu problema e eu mesmo precisava resolvê-lo.
Finalmente deixei o lugar, a passos largos. Ainda pude ouvir ao longe um sussurro que claramente dizia "plano cumprido" e a voz era da Gainsborough que me beijara. Hell, sabia que a confusão estava apenas no começo. Muitas coisas ainda aconteceriam antes do trem retornar aos trilhos. Verdadeiramente, aquela era a última de minhas preocupações.
Sabia onde ela estaria se refugiando: a Torre de Astronomia.
— Você pode me deixar em paz, Sirius? – murmurou, ainda de costas para mim e encarando o infinito céu. – Só preciso... Ficar sozinha, não quero ouvir suas desculpas patéticas.
— Pare de ser assim! – expressei, indignado. – Não preciso dizer que aquilo foi uma encenação, eu não quis em momento algum aquele beijo e muito menos dei abertura para que aquela maluca fizesse isso.
— É o que todos dizem. – fungou, sabia que estava chorando. – "Eu não quis", "foi forçado" e etc. Save it, eu já conheço todas essas artimanhas.
Aproximei-me dela e sentei ao seu lado, seu corpo se retesou e ela afastou-se de mim como se tivesse levado um choque. Não conseguia conceber o fato de que a estava perdendo. Sou realmente um estúpido. Como pude dar crédito a uma prima que a odeia?
— Leth... Eu não preciso mentir para você. – sussurrei. – E você mesma sabe disso, certo?
— Não sei de mais nada. – esfregou o rosto um pouco, tentando apaziguar as lágrimas. – Olhe... Dei uma chance a mim mesma de conhecer um pouco mais você. Permiti sua entrada em minha vida e para quê? Para ser jogada de lado e usada com um brinquedo?
Crispei os lábios.
— Nunca mais diga isso! – exclamei, enfático. – Nunca brinquei com nenhuma das mulheres que já estive. Sou um cafajeste, certo, mas não porque fiz adoleta com os sentimentos de alguém. Quando eu disse que te amava, I mean it!
Ela sorriu, enquanto sugava uma lágrima presa em seu lábio. Cortava-me por dentro vê-la daquela forma e detestava ser eu o motivo de tudo aquilo. Segurei sua mão e dessa vez ela não me repeliu, parecia certo a conexão de nossos calores por aquele meio.
— Eu tinha algo para te contar naquela hora. – apertou meu dedo indicador. – Algo muito sério, para falar a verdade.
Aguardei, esperando que ela dissesse do que se tratava.
— Eu acho que, quero dizer... Fiz as contas e tudo o mais... Pode ser que... – Lethícia se atrapalhou com suas palavras. – Grávida. Acho que estou grávida.
— Come again to big fudge?— estava pasmo. – Você está o quê?
— Eu não sei se estou. – rolou os olhos. – Acho que sim.
— Mas... Mas nós... Eu sempre tive...
Ela sorriu terna e deixou-me para trás, cozinhando a ideia em meu cérebro. Fiz menção de tocar seu ventre, antes dela partir, porém não fui permitido. Como um passe de mágica, estava sozinho, incrédulo e sem saber o que fazer naquele momento.
~~
Perdi a conta de quantos minutos permaneci observando o céu e tentando por foco em meus pensamentos. Aquela não era uma notícia fácil de ser ouvida, para ser sincero, eu deveria estar tendo um faniquito neste exato momento. Desci as escadas de volta para dentro do castelo um pouco anestesiado e caminhei diretamente para o meu quarto. Não sentia fome ou vontade de estar perto de ninguém.
Eu seria pai!
Pai!
Droga, eu não estava preparado para toda aquela responsabilidade.
O tempo que passei sozinho no dormitório, utilizei para organizar todos os meus pertences que estavam espalhados. Sapatos, roupas, cuecas, livros, pergaminhos e tudo o mais que encontrei, guardei separadamente dentro do meu malão. Apesar de não ter sido o suficiente para apagar a preocupação de minha mente, serviu para anuviar a pressão que estava sentindo. Tenho a estranha mania de arrumar tudo quando estou nervoso.
Terminei tudo e ainda estava sozinho ali.
Questionei-me onde os meus amigos poderiam estar, queria contar para alguém tudo o que estava acontecendo. Aliás, a pessoa ideal seria Remus. Se eu contasse a Peter, ele não entenderia e provavelmente daria com a língua nos dentes no próximo segundo, e quanto a James... Bem, ele me mataria por ter engravidado e cortado o coração da irmã dele. Era um beco sem saída que apenas meu querido Moony poderia me ajudar.
A porta do dormitório masculino rangeu, permitindo a entrada de uma pessoa. Trinquei meu maxilar, enraivado por ela ter tido a ousadia de aparecer ali. Não bastava ter acabado com o meu relacionamento, ainda queria me fazer parecer culpado por tudo? Certo, eu era mesmo culpado. Não deveria ter dado cabimento aos seus pedidos e a encontrado as escondidas. Aquilo cheirava mal. Muito mal.
— O que está fazendo aqui? – indaguei, áspero.
— Eu tinha de ver se você estava bem.
— Ah, por favor! – rolei os olhos, em desdém. – Não finja como se você não estivesse feliz com tudo isso que aconteceu hoje.
— Não estou! – pareceu firme em seu discurso. – Quero reparar o que fiz!
Gargalhei, irônico.
— Certo, destruir um relacionamento que me custou meses de tentativas é algo que possa ser reparado assim, com um simples pedido de desculpas. Por favor, saia daqui agora.
— Olhe, não quero problemas. – seus olhos verdes pareciam indecifráveis. – No entanto, não deixo de achar que você está melhor sem ela, afinal, é verdade que Lethícia não te ama e só te deu uma chance por achar que você estava "mudado".
Engoli minha resposta.
Como ela sabia daquilo? Ninguém sabia sobre o que Lethícia me dissera na noite em que nós finalmente ficamos juntos. Nem mesmo Lily desconfiava do discurso. Aparentemente, estávamos ficando por diversão. É claro que era óbvio que ela não havia dito que me amava ainda, porém iria acontecer eventualmente. O que me perturbava era a parte do "só te deu uma chance por achar que você estava 'mudado'". Como ela sabia daquilo?
Levantei-me da cama e apertei com força seu braço.
— Você não tem nada a ver com isso! – enfatizei, tentando desviar do que ela dissera.
— Oh, querido Sirius, você não sabe da missa a metade. – piscou, rindo. – Sei de coisas que nem mesmo você sonha. Não brinque comigo ou poderá se queimar.
Quis revidar, contudo não tive tempo, ela abandonou rapidamente o dormitório masculino. Pensei em como o meu dia tinha sido péssimo. Aliás, péssimo nem começa a descrever o que aquilo fora. Certo, Merlin, já pode parar de brincar agora e deixar de atrapalhar minha vida.
Certo, não que ela tivesse como ficar pior claro.
Oh, shucks.
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Tentação Potter
RomansaO que aconteceria se James Potter não fosse o filho único? Lethícia Potter é a gêmea do mesmo e junto com os outros Marotos, ela apronta todas em Hogwarts. E com o sétimo e último ano chegando, muitas coisas podem acontecer, tais como sentimentos...