Como as cenas de um filme, se não ficou bom, trocamos os atores, e refazemos as cenas.
Eu dormi por horas e acordei com fome e com uma dor de cabeça horrível.
Não havia ninguém ao meu lado, nem vestígio de Noah ou qualquer rastro que ele esteve ali. Por um milésimo de segundo, eu achei que tudo não tinha passado de um sonho — ou pesadelo — e eu ainda era uma garotinha que acabou de chegar em Liverpool com a família. Sem segredos, sem saber que Noah existia, sem aceitar namorar Mark naquele dia na quadra de basquete, sem escolher o pior padrinho para Lauren, sem botar a Skyland em risco, sem Brad e Sophia terem rompido, sem saber da morte de Angie e sem meu coração doer tanto. Uma grande sequência de coisas que nunca deveriam ter acontecido.
Mas a realidade sempre vem, nas piores horas, ela chega. Como por exemplo, o post-it colado na tela do meu notebook:
"Fui pro meu apartamento, de tarde eu volto e a gente vai sair pra bem longe daqui. - Noah"
Não queria ninguém com pena de mim, nem eu mesma tenho esse direito, afinal eu tenho 17 e muito chão pela frente.
Minha cabeça latejou e eu fechei meus olhos sentindo eles queimarem. Eu estava com um tipo de ressaca que você não precisa beber muito para sentir.
Depois que eu criei coragem para descer, percebi que eu teria que enfrentar Sophia e Brad, que inclusive, eu teria que tirar algumas dúvidas.
Alguns segundos descendo as escadas, e a minha ficha começou a cair. Eu estava sem Mark, sem minhas aulas divertidas de basquete, sem os seus sorrisos e sem ouvir do treinador que eu consegui mudá-lo. Aquilo doía lá no fundo e eu quis chorar de novo, de novo, e de novo.
Me sentei no sofá com uma xícara de café nas mãos e olhei fixamente para a tela da TV desligada, refletindo um eu meio negro e distorcido. Tudo a ver.
A porta da sala começou a ser destrancada, e eu passei as mãos nos olhos para que não restassem lágrimas.
— Hey! Lily! Você desapareceu, onde você estava? — Sophia jogou os sapatos num canto e se sentou no outro sofá.
— Por aqui.
— A festa foi um sucesso!
— Você acha?
— Eu tenho certeza.
Percebi agora os contrastes da minha vida: enquanto Soph gostou da festa, eu já achei um fracasso.
Ela pediu para que eu abrisse seu cropped e avisou que iria subir para tomar seu banho.
— Antes que eu esqueça — Deu meia volta. —, Mark mandou me mandou uma mensagem, acho que ele quer falar com você. — Ela joga o próprio celular no meu colo e sai.
Peguei o aparelho nas mãos e vi a mensagem se destacar na tela:
MARK: "Soph, peça para a Lily me atender!"
Meus dedos nervosos queriam perguntar os porquês dele, mas isso não iria mudar o seu caráter, então, apaguei meu pedido de explicações e digitei fria e dolorosamente:
SOPHIA: "Ela pediu que você a deixe em paz, porque é tudo isso que ela precisa agora: PAZ!!"
Segundos depois ele mandou outra mensagem.
MARK: "Lily, eu sei que é você aí, podemos conversar? Por favor, eu amo muito você, dama"
Se eu sair viva depois de apagar essas mensagens e bloquear o número dele da agenda dela, eu não morreria tão cedo. E foi exatamente isso que eu fiz, sentindo meu coração apertar e tudo aquilo que você só sente por quem ama, e eu amava, infelizmente.
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A Teoria da Dama
Teen FictionVocê pode pensar o que quiser sobre o amor. Pode até acreditar na teoria de que ele realmente não exista. Mas Lily sabe o quanto amar foi divertido e doloroso para ela. Depois de se mudar da magnifica cidade de Manchester, no Reino Unido, Lily come...