EU CUIDO DE VOCÊ.

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Pela primeira vez eu estava arriscando meu limpo histórico escolar resolvendo matar aula de espanhol. Mas confesso que arriscar meu histórico tinha um propósito especial.

Mark batia a bola de basquete contra a parede da quadra. Me sentei na arquibancada apertando a toalha de rosto que eu tinha entre as mãos.

— Sua aula não é aqui — ele diz me assustando.
— Achei que você não tinha me visto.
— Todo mundo te vê, Lily.

Permaneci em silêncio enquanto Mark subia a arquibancada até se sentar ao meu lado. Ele respirava rápido, seu rosto estava vermelho assim como o ao redor do seus olhos verdes.

— Você parece bem cansado, tá aqui há quanto tempo?
— Não faço a mínima ideia.

Seguro a toalha que peguei do vestiário contra a testa dele, que me agradece fechando os olhos e relaxando o corpo.

— Você não acha melhor ir mais devagar nos treinos não? — perguntei.
— Não...
— Tudo demais faz mal.
— Você parece minha mãe falando assim — ele me olha, tirando a toalha da minha mão e colocando-a em volta do próprio pescoço.
— É que seu estado é preocupante.

Ele continuou me olhando, fazendo com que eu percebesse a piora do seu olho ferido.

— Você quis dizer o que com isso?
— Que você precisa cuidar desse olho.
— Mas eu achei que estava melhorando.
— Não tá.
— E o que eu faço?
— Eu cuido de você. Quer dizer, eu cuido... disso.

Ele sorriu e pareceu descobrir cada detalhe do meu rosto. Foi estranho, porque eu me senti uma estranha no meu próprio corpo.

As mãos dele se entrelaçaram com o meu cabelo, e depois de beijar minha bochecha, diz:

— Eu vejo você semana que vem.

Então eu passei o resto do dia, e toda a metade da semana sem ver Mark. Ele desapereceu como alguém que cansa da própria vida. E quanto a Brad, eu trataria de alguns assuntos com ele...

XXX

Quanto tempo da vida uma pessoa pode perder por causa de filas? Eu esperava pelo meu café, quando diante dos meus olhos, surge uma mão me oferecendo um copo fumegante. Olhei para o dono da mão. Brad. Sorrindo.

— Para mim?
— Sim. Onde está Sophia?
— Soph? Não sei. — Dei um gole. — Mas obrigada pelo café.
— De nada. — Nos sentamos na escadaria. — Você não vai esperar por ela na porta da sala como sempre?
— Não.
— O que houve?

Dizer que era "nada" me fazia sentir escondendo algo como Sophia faz. Eu contei para Brad, mas não queria mudar a impressão que ele tinha sobre ela.

— Se ela estiver com problemas, podemos resolver juntas — explico.
— Talvez ela só queira resolver os próprios problemas sozinha. Todo mundo tem esse direto.
— Eu faço tudo sozinha e eu gostaria ter alguém comigo — falei, quase como um sussurro.

Ele estalou língua e me disse que eu deveria "ficar fria". Eu prometi mentalmente que iria tentar. Demoramos alguns segundos em silêncio.

— Onde está o Mark? Ele tá bem? — perguntei.
— Ah, sim. Um olho roxo não mata ninguém. Você já viu alguém morrer por causa de olho roxo?
— Não, mas dias atrás estava bem feio.
— Não se preocupe, por mais incrível que pareça, ele sabe se cuidar.

Quando vi Sophia chegar, apostei no que Brad me disse e fiquei fria.

Ela se sentou entre mim e Brad na escadaria e os dois começam a conversar. E eu me senti de castigo dentro de um freezer.

A Teoria da DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora