Capítulo Cinco

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Espero que aproveitem e boa leitura
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Leondre Devries

Fazia exatamente duas semanas que havíamos chegando em Nova York, o apartamento onde morava com a minha mãe era grande, bastante espaçoso, era sábado, segunda-feira seria meu primeiro dia de aula em um colégio qualquer aqui em Nova York. O hotel onde moramos tem uma piscina enorme, tem também uma quadra para futebol e outra para algo que realmente não me interessava. Perto do hotel onde morávamos tem um parque não tão grande quanto o Central Park, mas o River Side Park era grande, bastante verde também, era tranquilo e calmo em dias como hoje. O céu está calmo do lado de fora, o sol não está quente, o tempo está perfeitamente agradável. Eu falei para a minha mãe que iria fazer compras de roupas novas já que era para ser uma vida nova. Entrei em um táxi e pedi ao taxista para me levar para o shopping, resolvi passar o dia todo ali, fiz compras, comi e tomei um grande milk-shake de maracujá na área de alimentação do shopping. Por último parei em um cabeleireiro, o cabeleireiro cortou meu cabelos dos lados deixando em cima grande de modo que ficava uma franja não tão grande caída no meu rosto levemente, agradeci o corte e paguei, depois disso dei um jeito de ligar para minha mãe que veio me buscar e me ajudar com aquele monte de sacola com roupas. Quando minha mãe me viu ela abriu um sorriso lindo e surpreso, ela me abraçou e ficou falando o quanto eu estava lindo, não que eu acreditasse muito nela mas resolvi concordar. Ela me ajudou com as sacolas e juntos fomos em direção a BMW de minha mãe, acho que nunca comentei que ela era gerente em um banco e agora aqui em Nova York também era a gerente , então pagavam muito bem a ela, sem falar nos benefícios. Não que eu fosse maluco por dinheiro, eu realmente não ligava para isso, muitas pessoas são ricas mas não são felizes, eu era uma dessas pessoas. Assim que chegamos no apartamento fui direto para o meu quarto guardar o que havia comprado, tinha comprado bastante coisa, muitas e muitas roupas. Sem falar em sapatos e alguns acessórios que completavam algum look.

Assim que terminei de arrumar tudo segui para o banheiro, precisava de um bom banho, então coloquei a banheira para encher, voltei ao quarto, tranquei a porta e fechei a cortina black-out da parede de vidro. Quando voltei ao banheiro tirei as minhas roupas em frente ao espelho, observado cada movimento, eu estava bonito realmente, o corte de cabelo fez muita diferença. As marcas em meu corpo já estavam bem claras, alguns poucos hematomas estavam roxo, mas eram bem poucos mesmo, a maioria estava vermelho ou rosa. Eu toque em uma marca roxa em minha barriga, o toque gelado do meu dedo em contato com a pele quente e exposta me deu uma sensação de arrepio. Eu contornei aquela marca com o dedo, ela não doía, mas ao olhar para ela uma sensação de incômodo aparecia. Eu odeio quem fez isso comigo, mas odeio mais ainda a mim mesmo por nunca ter feito nada a respeito, eu deixava, eles me ameaçavam dizendo que se contasse a alguém iria ser pior, e se já era ruim daquele jeito imagina pior? Um suspiro involuntário saí dos meus lábios e eu paro de encarar e contornar aquele hematoma. A banheira já estava cheia, termino de tirar minha roupa e entro na água quente, a sensação me fez relaxar involuntariamente. Meus pensamentos começaram a fluir como água. Então me veio a cabeça a primeira vez que me bateram, a primeira vez que me xingaram e me humilharam. A primeira vez que alguém me deixou, a primeira vez que eu senti vontade de morrer... Eu começei a lembrar de tudo, cada vez que eu me senti triste, cada vez que eu chorei escondido em meu antigo quarto. Cada vez que eu morria mais um pouco e ninguém percebia, ninguém intervia, ninguém ligava!

É lógico que minha mãe liga mas ela está sempre ocupada com o trabalho. Com esses pensamentos mesmo afundo na água da banheira, ainda de olhos abertos. Cada momento apareceu na água como se fosse um filme, eu observava tudo atentamente. O silêncio do banheiro e da casa pareciam fazer a parte instrumental do filme.

Sempre sozinho.

Idiota.

Garoto burro.

Feio.

Viadinho.

Nojento.

Deveria estar morto.

Ninguém gosta de você, ninguém nunca vai gostar de você.

Sem pai.

Desprezível.

Fracassado.

Perdedor.

Fraco.

Fraco.

Fraco.

Seu pai te odiava, ele odiava o garoto nojento que você é, por isso ele foi embora.

Fraco.

Sem que eu percebesse um soluço alto escapou da minha boca mas ele foi abafado pela água que começou a invadir meus pulmões. Todas aquelas lembranças, todos aqueles xingamentos, toda dor e sofrimento que eu já vivi. Tudo isso parecia me prender dentro daquela banheira, eu me debatia, mas algo parecia me segurar no fundo da banheira, a água entrava pelos meus pulmões e nada de ar. Eu estava desesperado. Eis que uma calmaria me abateu, meus músculos ficaram leves, eu decidi não lutar mais, era tudo o que eu sempre quis. Eu me sentia afundar cada vez mais naquela pequena banheira, acho que o oceano que havia dentro de mim havia finalmente me afogado.

Aquele silêncio, eu apenas escutava algumas gostas de água caindo dentro da banheira. O destino estava me oferecendo tudo aquilo que eu sempre quis. Eu não faria falta. Minha mãe provavelmente ficaria mal mas superaria. E então eu fechei meus olhos...

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Até o próximo
XX: Chard

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