Capítulo Dezenove

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CHARLIE

O modo como tudo pareceu passar tão lentamente era inacreditável. Depois daquele dia em que encontramos Leondre baleado em sua cama o meu mundo pareceu girar em câmera lenta. Dias se passaram mas parece que foram apenas horas.

Hoje fazia quatro dias que Leondre estava em coma. Era estranho pensar nisso.

Em um momento o doutor estava nos dizendo que ele teria que passar por uma cirurgia pois estava tendo uma hemorragia. No outro segundo veio a notícia de que Leondre havia entrado em coma. Era algo inexplicável.

Eu não sabia direito o que isso significava. Eu não sabia direito o que era ter medo de perder alguém até esse momento. Leondre era minha paixão. O amor da minha vida. O meu mundo. Meu tudo.

Sinto que de algum modo não saberia seguir sem ele. Pensar que a qualquer momento ele pode partir sem ter como voltar é estranho.

Eu sentia que a ligação entre nós. Aquela ligação estranha que mantinha eu e ele juntos está fraca. Como se ele estivesse partindo. E se caso isso acontecesse, Leondre estaria levando parte de mim com ele.

Acordo com a merda do despertador tocando incessantemente em meus ouvidos. Levanto da cama lentamente e vou até a janela. O céu estava nublado, completamente cinza, assim como os meus dias.

Eu me recusava a acreditar no que havia acontecido. Todos os dias quando iria dormir, pedia que tudo não passasse de um sonho. Ou no caso um pesadelo.

Kennedy era um monstro. Era fácil perceber o que ele havia feito ao Leo assim que entramos no quarto. Leondre completamente nu e com as mãos amarradas, sem falar no sangue na cama e uma fina camada de sangue que fazia uma trilha pela coxa de Leondre.

O meu primeiro pensamento foi que eu queria matar Kennedy, o segundo foi que provavelmente eu havia perdido Leondre. Mas assim que havia tocado em sua mão e ele falou comigo. Eu sent... Esperança.

O modo como ele falou que estava morrendo e que era o que ele sempre quis me fez querer... Eu não saberia explicar o que eu queria. Talvez gritar, chorar, implorar para que ele estivesse mentindo.

E então ele agradeceu a mãe dele, depois veio a declaração que eu queria ouvir. E junto com aqueles olhos fechados parte de mim... Simplesmente inexplicável.

- Droga Leo... - Murmurei socando a parede ao lado da janela. Minha mão doeu, mas aquela dor parecia insignificante perto da dor que estava sentindo em meu peito.

Lágrimas rolavam por meu rosto. Elas era quentes, faziam um caminho único até o meu queixo e depois caiam aos meus pés. Era fácil alguém me encontrar nesse estado, isso começou a acontecer muito depois daquele dia.

Abaixo minha cabeça, fecho os olhos fortemente e apóio minha testa na parede. Alguns minutos se passaram e eu tento me recuperar, mas era quase impossível.

Lentamente entro no banheiro e fecho a porta. Tiro a minha roupa e me olho no espelho. Eu estava horrível, tinha pequenas olheiras abaixo dos olhos avermelhados, meu rosto estava levemente vermelho pelo choro recente... Eu parecia tão sem vida.

Balanço a cabeça de um lado para o outro tentando voltar ao normal. Estava me distraindo facilmente. Entrei no box do banheiro e liguei o chuveiro. A água quente em contato com a minha pele me fez sentir um pouco melhor.

Shelter // Chardre Gay Love Story Onde histórias criam vida. Descubra agora