Capítulo 4 - Parte III

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Ainda com as imagens incomodas rondando a cabeça, a garota passou pelas portas de metal e recebeu imediatamente os raios solares contra a pele que estava mais fria do que ela realmente podia sentir. Era bem provável que toda a "ação" daquela manhã havia bombeado um pouco de adrenalina em seu organismo, levando-a a sentir-se aquecida.

Com um suspiro fechou os olhos e levantou o rosto recebendo o delicioso calor contra si, havia dias que estava precisando simplesmente parar e apreciar aquele presente divino que sempre amou. Quando era menor, todo o amor que sentia pelo verão era por causa dos dias longos. Para Abigail aquilo significava poder ficar longe da mãe por horas a mais do que o normal, porém quando entrou na adolescência e começou a freqüentar o lago que toda a escola se reunia a garota começou a desenvolver um verdadeiro amor pelo calor do sol em sua pele, pelos cheiros que o verão trazia e também pelos dias de férias que eram um verdadeiro presente.

"Férias... É disso que estou precisando." Pensou abrindo os olhos "Posso fazer uma viagem e ficar bem lon..."

A ideia começava a tomar forma quando os pensamentos foram interrompidos por uma imagem que realmente não deveria estar ali.

"Só pode ser brincadeira!" Resmungou passando as costas das mãos sobre os olhos torcendo para que fosse alguma espécie de ilusão causada pela saudade que a corroia cada dia mais. Infelizmente quando as mãos trêmula saíram do campo de visão ela ainda podia vê-lo, bem ali, tão lindo quanto da última vez em que teve o desprazer de tê-lo à sua frente.

Imediatamente seu coração deu um salto contra a garganta ameaçando escapar. Em seguida contorceu-se dolorosamente contra o peito levando a garota a soltar um baixo gemido. Sem conseguir tirar os olhos do rapaz levantou a mão e a guiou até onde doía, esperando que aliviasse um pouco, mas como sempre não adiantou, Abigail só conseguiu ficar sentindo um pulsar acelerado contra o peito.

Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, o dia já tinha sido ruim o suficiente, não precisava dele ali para acabar ainda mais com seu estado de espírito que já estava miserável o bastante.

"O maldito destino precisa por a cereja no bolo, não é?" pensou sarcasticamente.

Por alguns instantes seus olhos saíram dele e passearam pela Dodge RAM 2500 preta reluzente que estava estacionada bem à frente, aquela maldita caminhonete tinha muitas lembranças boas, desde momentos engraçados e divertidos até os mais quentes que a faziam ficar arrepiada apenas por recordar. No momento em que as lembranças vieram fortes em na cabeça sentiu uma pontada de saudade abraçar o corpo e tentar impulsioná-la na direção daquele que havia trazido tanta magoa com apenas um único erro.

Meneou a cabeça de leve tentando espantar as imagens traziam confusão e dor, felizmente elas se foram no momento em Abby cravou os olhos sobre ele. Recostado contra o automóvel estava um rapaz com quase um e noventa de altura, olhos negros intensos como a noite, cabelos castanhos bagunçados e diversas tatuagens do braço direito até uma pequena porcentagem do pescoço, concentrado no celular tinha as feições tensas e os olhos apertados.

Será que era pedir demais para que o dia fosse calmo? – resmungou puxando a mochila mais contra as costas, sem querer esbarrou no fio do fone que imediatamente caiu dos ouvidos – Hora de ir embora.

Antes que pudesse se virar para fugir como uma maldita covarde, o rapaz levantou o rosto e o pior aconteceu: os olhos de ambos conectaram-se imediatamente. Imediatamente aquela ligação que tinham e estava apagada voltou com força total fazendo com que a garota ficasse completamente hipnotizada pelo mar negro que estava a dez passos de distância, cada célula do seu corpo paralisou e tudo ao redor se foi, era como se apenas pudesse ver Noah e qualquer som, pessoa ou objeto havia simplesmente virado nada. Ele era o que importava, ele era o que ela queria e precisava.

Junto com todo o desejo e amor avassalador que encheu seu peito veio também a magoa, a dor e a decepção, lembrando-a do que aconteceu e de como ele havia acabado com cada pedacinho do seu ser sem dó nem piedade.

A morena estava uma verdadeira confusão com aquele encontro inesperado. Queria correr e abraçá-lo, sentir o calor de seu corpo forte contra o dela, mas também queria gritar toda a dor que o rapaz havia lhe causado, queria bater no seu rosto bonito, e também queria beijá-lo... Eram sentimentos tão contraditórios, e era exatamente assim que ela se sentia: uma bagunça sem sentido.

Queria lutar contra cada um daqueles sentimentos "bons" e deixar apenas os "ruins" para não cometer o erro de deixá-lo entrar mais uma vez em sua vida, mas era uma luta quase perdida, era impossível. Como alguém conseguia vencer o amor?

Temerosa com o que estava acontecendo consigo apertou as mãos em punhos até que as unhas cravassem firmemente nas palmas, precisava desviar aquela maldita vontade de querer correr para os braços do rapaz, para a dor que estava causando em sua mão. Contudo aquilo não estava sendo o bastante. A saudade estava abraçando-a cada vez mais forte a levando a recordar-se do cheiro dele, dos seus braços fortes ao seu redor e pior... Da forma como Noah sabia exatamente quais eram seus pontos fracos e gostava de brincar com eles, de a torturar até que ela estivesse completamente mole e entregue em seus braços.

Se fechasse os olhos e se concentrasse ainda podia sentir ainda a forma como ele a tocava no quadril com a ponta dos dedos puxando-a de encontro ao seu peitoral definido. A sensação dele aproximando-se dela e lentamente deixando a ponta do nariz escorregar contra a têmpora e seguir um caminho pela bochecha até finalmente alcançar a parte de trás da orelha onde mordiscava e beijava até fazê-la suspirar. Era tão viva e intensa que até a fez se arrepiar. Talvez só agora percebesse que o fato dele conhecer seus pontos fracos e usá-los não era mesmo uma coisa boa.

"Porra Deus, será que você não poderia ficar do meu lado pelo menos dessa vez?" Pensou amargurada. Ela nunca foi muito religiosa, mas sempre acreditou que havia um ser maior que olhava pela humanidade. Naqueles últimos meses a garota estava começando a achar que Ele havia esquecido-se dela ou sacaneado de propósito com sua porcaria de vida. Tudo estava dando errado e a deixando cada vez mais ferida.

Abbs. – chamou Noah desencostando-se do carro e dando os primeiros passos na direção da garota, porém antes que pudesse alcança-la um mar de cabelos loiros platinados jogou-se sobre ele, enrolando os braços finos e extremamente brancos ao redor do seu pescoço.

Que bom que você veio! – exclamou Amanda animada.

Confie em Mim (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora