quatre

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Já em meu quarto, eu andava de um lado para o outro constantemente em sinal de agonia.

— Calma aí garoto! Quer que o herói da cidade seja akumatizado? — insinuou meu kwami exasperado. E com razão mais uma vez.

Hawk Moth adora se aproveitar de pessoas em seus momentos ruins onde ficam frágeis, em busca de vingança a qualquer custo. E eu poderia ser uma vítima fácil mesmo lutando contra o desejo. Se minha vida não fosse assim, tudo seria bem mais simples! Apenas o Adrien, um adolescente normal francês que vai à escola normalmente sem nunca ter tido objeção no início, com uma mãe e pai presentes e sem irmão nenhum para complicar! Que raiva!

E sem que eu percebesse, apertei mais meus punhos, com meus dedos agora já extremamente pálidos.

— Adrien, para. Imagina se você for o próximo akuma? Pensa em mim, no meu camembert, seus amigos e... o amor da sua vida.

Refleti com o comentário de Plagg. Eu naturalmente não gosto de ficar rancoroso; minha mãe sempre me ensinou de como isso é perigoso. Então deitava minha cabeça em seu colo e ela contava histórias de super heróis fazendo cafuné no meu cabelo. Quem diria que eu acabaria sendo um...

Sorri genuinamente com a lembrança. Apesar da saudade sufocante, há muitas boas memórias dela.

Até refletir uma outra parte da fala do kwami: "o amor da sua vida". Automaticamente lembrei-me de alguém, fazendo minhas bochechas esquentarem. Não, é sobejo por parte dele.

— Seu exagerado! Ela não é assim também.

Ele voou para seu travesseiro no meio dos meus livros se aconchegando.

— Rá, duvido.

Revirei os olhos e então observei Paris da minha janela. Tão bonita e perigosa ao mesmo tempo. Apoiei minha cabeça no vidro frio, assim como minha vida, e fechei os olhos. Pensei nela, no quanto poderíamos ser felizes juntos. Mas infelizmente não se permitiu. Por fim suspiro, e escuto um baque violento da porta.

Chegou a hora.

— O que pensou que estava fazendo?! Achou que iria me enganar com esses seus planinhos bobos? Já disse para se colocar em seu lugar irmãozinho... e pelo visto não aprendeu a lição.

Ainda sem me virar, me recusando a ver a hipocrisia da situação, continuei calado. Estava tão cansado disso tudo.

— Oh, não vai responder? Seja homem Adrien! — aquilo foi o ápice da minha raiva.

— Eu sou um homem! Ao contrário de você. E humano acima de tudo. Eu penso nas outras pessoas Félix! E você? Fica apenas com esse seu nariz empinado pouco se importando com a vida à sua volta. E o pior, brincando com os sentimentos da Marinette! Como consegue viver, sabendo que é assim?! — aproximei-me cegamente encarando aquele semblante sério que me causava repulsa.

E mais uma vez aquele sorrisinho irônico.

— Quem disse que eu brinco com os sentimentos de Marinette? Porque pelo que eu, e inclusive até você, sabemos, ela gosta de mim, independente do que achas ou deixa de achar. Tão ingênuo, tão tolo meu caro... por isso não tenho que ficar aqui, escutando barbaridades vindas de uma criança! — cuspiu furiosamente em minha cara se virando para fora do quarto.

— Tolo... eu? Sou eu quem faço um escândalo sempre que algo sai errado dos meus planos calculistas? Sou eu quem corre desesperadamente atrás de alguém por pura ignorância? Jamais me compare a você.

Permaneceu parado, porém voltou a bater aquela porta me deixando mais uma vez sozinho naquele ambiente medíocre.

Plagg, que até então estava escondido, voltou para perto de mim me encarando silencioso e com pena.

Ah, se ela soubesse...

~•~

A azulada estava concentrada no seu esboço de um vestido que veio em sua mente, e impulsiva como é, tratou logo de passar para o papel. Realmente gostava de desenhar roupas, lhe diziam que era criativa e uma boa designer, e isso a satisfazia mais e mais. Até Jagged Stone a chamou para elaborar a capa de seu disco! Aquele fora o melhor dia da sua vida, tanto que na época, Adrien veio pedir um autógrafo dela. Sacudiu a cabeça instintivamente e voltou a se concentrar no croqui. Ah claro, apenas alguns detalhes na saia... uma faixa na cintura... sentiu estar plausível.

Era um vestido sem mangas rodado azul com várias tiras pretas em volta. Uma faixa branca marcava a cintura acompanhado de alguns brilhantes em sua volta. Era simples, mas de qualquer forma apenas uma ideia repentina.

Tikki estava quieta ao seu lado, apenas observando. Sabia que sua dona gostava de silêncio absoluto para se concentrar nas suas criações. Ela apoiou o lápis em sua boca avaliando o desenho; havia terminado.

— Está bom?

— Ótimo, como sempre! — falou adoravelmente otimista.

Sorriu enquanto guardava o esboço em uma pasta com mais desenhos. Até que ouviu gritos pela cidade. E numa fração de segundos, seu celular toca apresentando uma foto de Alya.

— Oi? — pergunta tentando manter normalidade em sua voz.
— Amiga? Viu que tem um novo vilão? Liga a televisão!

Sorrateiramente Marinette desce até a sala de estar e liga o aparelho. Há reportagens sobre um tal Pénombre todo dourado na Champs-Élysées. Até mesmo o cabelo. Que familiar...

— Marinette?! — ouve gritos se lembrando do celular em seu ouvido.

— Sim Alya, estou vendo. Ele não te lembra alguém?

— Foi por isso que te liguei, se não iria pensar que estou louca. Ele parece o...

— Adrien?

— Sim! Será ele? — perguntou preocupada.

— Não sei, mas irei descobrir. Até mais Alya! — desligou a chamada rapidamente.

“Hoje ninguém me deixa responder...”  pensa a ruiva inconformada.

Marinette ohou para a kwami receosa, que assentiu já entendendo a situação, logo proferindo as duas palavras tão significantes:

— Tikki, transformar!

......

Será? u.u.

Half of Person❌MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora