treize

766 83 13
                                    

Atualização yaay. Curta, mas enfim. Boa leitura sz.

---------

— Q-quer dizer, senhor Agreste?! — espasmos de pânico presenciavam em descontrole pelo seu corpo, ainda em choque. Por quê ele estava lá em alta madrugada?

— O que está fazendo no quarto do meu filho à esta hora da noite? — perguntou frio como de costume, o avaliando detalhadamente com a visão de superioridade.

A mente de Adrien aparentava uma explosão. O susto era enorme, e com isso, não conseguia achar uma boa desculpa. Era praticamente impossível achar uma boa desculpa para aquilo afinal.

— E-eh... Ele... me pediu pra vir... visitá-lo... — seria demais ele cavar um buraco e simplesmente se enterrar à sete palmos do chão diante daquela situação?

Gabriel continuava irredutível com o peso psicológico causado pelo olhar, como se queimasse cada centímetro do corpo trêmulo do loiro.

— Você e ele, são amigos? — seu tom gélido era capaz de criar calafrios.

— S-sim... — desejava tanto parar de gaguejar.

— Hm... — fez uma pausa. — Ele não está no momento. — concluiu por fim, virando-se e saindo pela porta.

Adrien continuou estático... completamente. Nem havia percebido que prendera a respiração e seus pulmões queimavam pesados em busca de ar. Conseguiu um progresso, porém ofegante. Tentou respirar fundo, buscando controle pelo episódio infame. Aquilo era totalmente estranho. Seu pai raramente entrava no seu quarto, e agora, do nada está ele ali, às duas da manhã talvez? Além de que nunca reagiria dessa forma nem com Nathalie, sem contar do sumiço como Adrien. Muitas perguntas sem resposta, afinal, nenhuma teoria fazia sentido, nem mesmo a mais mirabolante. Ele fora apenas inexpressivo, como o habitual.

Sentou-se na cama vagarosamente, enquanto se destransformava. Plagg caiu ao seu lado, também tenso. Céus, como ele tinha o porquê daquilo na ponta da língua, mas não podia abrir a pequena boca. Deveria manter elas à salvo, no mínimo de segurança mesmo que irreal.

Tudo teria seu fim, porém a incógnita de como será era devastadora. Há basicamente duas hipóteses: ou eles conseguem o que querem ou os quatro dão um jeito de combater. Adrien não sabia, muito menos Marinette. Oh, pobres heróis... o fim estava próximo.

Permaneceram calados, apenas com o silêncio do cômodo escuro e vozes mentais procurando razão.

“O que ele estava fazendo aqui? Por quê não expulsou Chat Noir? Como agiu tranquilamente com a ausência de Adrien?”

Pena que as respostas somente virão depois. E nada agradáveis.

~•~

A noite se passara e Adrien não conseguiu nem alguns minutos de cochilo. Sua mente estava trabalhando demais, e ele odiava isso. Não sabia até onde iria com aquele cansaço tanto psicológico quanto físico. Já Marinette teve essa proeza após transcorrer cerca de meia hora sentindo ainda o gosto de Chat em seus lábios, deitada na cama. Entre xingamentos mútuos e desejos repreendidos, caiu num sono profundo. Infelizmente de apenas três horas porque havia aula.

Com o ensino mais intensivo por conta da próximidade das provas de entradas à universidades de futuros promissores, o Collège Françoise Dupont decidiu estender um tanto a grade escolar. Como era início de agosto acompanhado do verão — o máximo permitido era até dia 15 —, os alunos deveriam entrar de férias, e eles deram bons suspiros de ansiedade pela chegada. Bom, ainda havia as provas de final do bimestre, o que de fato era um problema a mais para pesar na cabeça de ambos.

E foi de acordo com a normalidade da sua vida pacata de Marinette: acordar afobada com Tikki a chamando, arrumar-se às pressas e chegar atrasada na primeira aula da Srta. Bustier. Nada além daquele lado comum que ela possuía.

Entretanto para Adrien não fora. Somente o fato de não ter pregado o olho a noite era um começo plausível. E, exausto com bolsas escuras embaixo das orbes verdes opacas, foi para a escola tendo que aguentar as perguntas de Nino e Alya sobre o motivo daquele seu estado. Realmente amava os dois e sua preocupação benevolente, mas chegava a lhe dar impaciência. Então deu sorrisos fracos alegando que havia jogado vídeo game a noite inteira.

Encontrava-se quase dormindo em sua cadeira. As vozes de Nino, Alya e Srta. Bustier ao redor eram como breves zumbidos. Até que avistou Marinette entrando na sala, com o semblante culpado por ter chegado atrasada mais uma vez, e não pôde evitar sorrir. A azulada estava linda aos seus olhos, embora de cabelos soltos pouco embaraçados e respiração desregulada pela corrida que obteve, junto aos olhos baixos.

Ela era sua única luz dentre aquela escuridão complexa na qual vivia. Ela fazia tudo valer a pena, por trás de todas as máscaras que escondia.

Queria tanto beija-la, provar mais uma vez do viciante gosto de morango enquanto a tomava em seus braços ali mesmo, como acontecera horas anteriores... entretanto sabia que não podia e isso o matava. Passou a língua entre os lábios secos e suspirou.

“Paciência Adrien, paciência”.

A azulada notou seu olhar sobre ela, e optou ignorar. Desde aquele incidente do intervalo, ela não sabia como agir perto do mesmo. Desconfiava daquelas intenções, o que a deixava de certa maneira aborrecida. Andou rápido até seu lugar ao lado de Alya e sentou.

E assim se resumiu o dia: Adrien buscando bom senso, Marinette reunindo todo seu orgulho despedaçado e ambos tão perto, porém tão longe um do outro.

Half of Person❌MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora