Capitulo 2

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"Eu sempre achei que o meu gato tivesse problema de fixação. Ele sempre olhava fixamente para o meu rosto, até que um dia eu percebo que, na verdade, ele sempre olhava para o que havia atrás de mim."
                                  ***

Estamos no Kansas a mais ou menos duas semanas. Daric já havia arrumado um emprego em uma corretora. As tardes naquela casa eram entediantes, éramos só eu e Lili minha gata.
Minha rotina diária era a mesma todos os dias, levantava as 07:00 da manhã para fazer o café da manhã de Deric. Ele saia as 08:00, e quase sempre eu voltada a dormir por mais umas duas horas. As 10:00 eu estava de pé novamente e preparava o almoço. Daric nem sempre estava presente, o que tornava meus dias mais tristes ainda.
Nessa manhã saio da cama no horário de sempre e desço para fazer o cafe. Ainda estou atordoada com o que aconteceu noite passada.

O tempo lá fora não está como ontem, nada de chuva, nem mesmo neblina, venta um pouco, mas nada comparado à noite de ontem.

Abro a porta dos fundos para Lili que entra como um jato, ela se esconde atrás de um dos armários da cozinha. Parece assustada. Olho para fora, a procura de não sei o que. Não havia vizinhos a menos de dois quilômetros. Éramos só nós naquele fim de mundo.
Tranco a porta e volto a fazer o café.

_ Bom dia!_ Deric aparece de repente na cozinha.

Levo um susto.

_ Bom dia!_ falo um pouco sem ar.
Daric me estuda por um tempo.

_ Você está estranha._ ele senta na mesa e eu o sirvo café.

_ Eu?_ pergunto como se não soubesse nada_ Foi só um susto.

Sorrio nervosa.

_ E ontem, o que foi aquilo?_ ele pergunta um pouco desconfiado.

O sorriso desaparece, a expressão em meu rosto e rígida agora. Sinto um calafrio só de lembrar daquilo.

Respiro fundo tentando parecer tranquila.

_ Foi só um pesadelo_ afirmo
Daric termina seu café.

_ Está na minha hora_ ele me dá um beijo.

Daric sai. Vou até a sala e ligo a TV. Dessa vez não fui dormir novamente, na verdade eu ainda estava sem coragem para ir até o quarto.

Apesar da TV ligada o silêncio daquela casa me perturbava. E eu nem sabia explicar o por que. Sinto falta de Lili aconchegada em meus braços enquanto assistimos TV. Olho para os lados, nada dela.

_ Lili, cadê você?_ me penduro no braço do sofá tentando vê-la.

De repente Lili dá um salto em minha direção. Levo um baita susto e bato com as costas no sofá. Estou ofegante. Lili está parada na minha frente, os olhos fixos em mim. Tento levar a mão até ela, mas ela mostra os dentes em ameaça.

_ O que está acontecendo Lili?_ estou tão nervosa que me dou ao luxo de achar que ela pode me responder.

Viro-me para a TV, parecia loucura, mas eu posso afirmar com toda sanidade que possuo, o reflexo aterrorizante de algo atrás de mim não era confusão da minha cabeça. Não consigo desgrudar os olhos do que vejo, apesar do rosto estar completamente borrado, posso ver que é uma mulher. As roupas eram de épocas, os cabelos estavam bagunçados. Analiso tudo que posso antes do borrão chegar bem perto de mim e eu gritar.

Corro até a cozinha e retiro uma faca do cepo. Como se aquela coisa pudesse ser atingida por uma pecherada.
Fico na cozinha por horas antes de Daric chegar. A julgar por sua cara de espanto ao me ver sentada no chão com uma faca nas mãos, a única certeza que eu tinha era de que ele achava que eu estava ficando louca.

Horror em Kansas City. (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora