Assim que a enfermeira nos deixa sozinha eu despejo todo meu ódio em palavras a Susan. Em toda minha vida eu tinha formado a pior imagem possível daquela mulher. E agora, depois da declaração do jornalista, eu estava ainda mais furiosa.
_ Não se altere_ Susan fala calmamente_ Raiva não a levará em lugar algum.
Ela se levantou da cadeira e com bastante dificuldade anda até um sofá. Não a ajudo. Sigo-a esperando que ela me diga tudo que sabe sobre toda aquela maluquice.
_ Você sabe o que está acontecendo comigo?_ pergunto me sentando logo em seguida.
_ O que está acontecendo?
_ Não se faça de desentendida_ altero a voz e um enfermeiro a poucos metros já fica alerta_ Você precisa me contar tudo que sabe.
Susan dá um sorriso.
_ E o que eu ganho com isso?
Olho incrédula para ela.
_ Tudo bem_ ela faz que sim com a cabeça_ Lhe contarei tudo que sei, mas antes preciso saber o que exatamente aconteceu.
Me ajeito no sofá me preparando para lhe contar tudo, aquelas lembranças embaraçavam minha mente, lembro-me de todas como se as estivesse vivido hoje. Desde a morte dos meus pais a minha vida tomou um rumo inesperado, e eu precisava saber o por que.
_ Tudo começou quando meus pais morreram, tinha uma família, e eles falavam coisas.
_ Que coisas?
_ Sobre sacrifícios.
Susan olha para os lados para ver se ninguém está nos escutando.
_ Continue_ ela pede
_ Um ano depois fui para um orfanato, e eu via coisas. Vivi lá quatro anos, e então fui adotada por outra família. Eram uns loucos. Eles não eram muito diferente dos primeiros, e por incrível que pareça falavam todos sobre a mesma coisa_ me inclino até Susan e a lanço um olhar feio_ Sacrifício.
Em nenhum momento Susan parece surpresa, o que me deixava ainda mais furiosa. Ela sabia o que estava acontecendo comigo, e tinha algo haver com isso.
_ Então sofri uma tentativa de assassinato, fui adotada por uma mulher que se tornou uma mãe para mim, me casei, e essas loucuras continuam acontecendo. Há algo ruim naquela casa, eu sei. Mas também a algo de ruim comigo, e você vai me contar o que é.
Desta vez Susan estremasse.
_ Eu a conheci pouco tempo após a morte de seu avô. Eu estava desolada, e atolada de dívidas. Seu avô morreu, mas a responsabilidade de seus atos caiu toda sobre mim. Estávamos tentando nos estabilizar quando sua mãe disse que estava grávida, ela e seu pai ainda não eram casados, então eu soube que parte daquela responsabilidade também cairia sobre mim.
Susan dá uma pausa enquanto tosse, parece estar muito doente.
_ Eu estava desesperada, então ouvi falar sobre uma mulher que resolveria meus problemas. Eu a procurei, Bridget não era nem um pouco amigável, mas disse que me ajudaria.
Bridget? Eu reconhecia esse nome de algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde.
_ Ela falou que tudo que eu precisava fazer era sacrificar meu primeiro neto e tudo se resolveria.
Meu corpo todo se estremeceu, a minha própria avó havia me oferecido em sacrifício. Meus olhos estavam cheios de ódio.
_ Não me olhe assim, você faria o mesmo no meu lugar_ ela fala
_ Não, eu não faria.
_ Perto de completar nove meses, convenci sua mãe a viajar comigo até o Kansas, era onde Bridget morava. A ideia era realizar o sacrifício com você no ventre de sua mãe, e estava dando certo, estávamos quase terminando quando seu pai chegou e a arrancou de lá. Sua mãe me proibiu de vê-la, impediu qualquer acesso meu a você.
_ E com razão_ digo_ Você é um monstro.
_ Não Hanna, eu não sou não. Procurei por sua mãe várias vezes, não para terminar o que comecei, mas para impedir o que estava por vir.
_ Do que você está falando?
_ Você não havia sido sacrificada, mas já estava feito, você já havia sido oferecida. E ele a buscaria, onde quer que você fosse.
Meus olhos se enchem de água, eu estava sendo perseguida a uma entidade porque minha própria avó me ofereceu. Ela era culpada pela morte dos meus pais.
_ Bridget disse que teria de ser completo, de qualquer jeito. Então, ela fez com que seus pais fossem mortos, e você foi para outra família, mas antes que completasse também foram mortos. Você passou de um lugar para o outro e como sempre escapava de seu destino, então Bridget cuidou para que você fosse para o único lugar que ela sabia que você não escaparia.
_ Onde?
_ O seu lar meu bem, o casarão GRINFORD.
_ Mas e as outras mortes, como você explica isso?
_ Eu não sou a única que faz sacrifícios meu bem.
Agora tudo fazia sentido. Bridget era a bruxa maluca dona do casarão. Casamento, casa por metade do preço, era tudo parte do plano.
_ Aquela era a casa dela, ela havia feito vários sacrifícios ali, e sabia que se você fosse para lá, não teria mais escapatória, estaria feito.
_ E como eu desfaço isso?
_ Não a como desfazer meu bem.
_ Você é louca_ me levando do sofá, a essa altura já estou gritando_ Eu não vou deixar você fazer isso comigo.
Um enfermeiro vem até a mim e me segura pelas costas, me debato enquanto continuo gritando.
_ Você vai apodrecer nesse hospício, por que você é louca.
O enfermeiro me arrasta até a saída. Mas antes que me jogue para fora, Susan o impede.
_ Tem uma coisa que você pode fazer para acabar com isso.
Escuto-a, mas não falo nada.
_ Está escondido no porão da minha casa, há uns cinco quilômetros daqui. É um objeto, uma faca. Está enrolado em um pano. Traga-o até mim, e eu a livro de tudo isso.
Assim que ela termina de falar o homem me leva para fora da sala me impedindo de voltar. Olho as horas no celular, já era para o jornalista ter chegado. Eu queria ir atrás daquela pista, mas não sozinha.
Vou até o estacionamento e entro no carro, preparo-me para sair, mas logo em seguida Hunter chega, e está acompanhado do detetive.
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Horror em Kansas City. (COMPLETO)
رعبUm jovem casal recém-casado tem a vida virada ao avesso após se mudarem para um casarão em Kansas City. O sonho da casa própria se torna um pesadelo no momento em que o casal passa a ser aterrorizado por um mal que habita na casa. O pavor de ser ato...