Acordei com um barulho incessante do badalar de um relógio. Abri os olhos preguiçosamente e quase tive um enfarte quando vi Melissa parada feito uma estátua a meu lado. Seus cabelos finos estavam partidos no meio por de trás das orelhas, fazendo eu me lembrar vagamente da forma com que minha mãe se arrumava.
_ O que você está fazendo aqui?_ me levando lentamente.
_ Evitando que você salte da janela.
Encaro ela. Qual era a dela? Ela era a atual do meu ex marido, não era sua função ser legal comigo.
_ Você se lembra do que aconteceu ontem?_ ela pergunta
Faço que sim com a cabeça.
_ A propósito, obrigada por me tirar de lá._ agradeço.
Para minha surpresa Melissa evitou que eu pulasse janela abaixo, ao invés de me empurrar e acabar com todos os seus problemas.
_ Onde está o Taylor?_ pergunto
_ Se não me engano recolhendo um cadáver nas pedreiras.
Olho incrédula para ela.
_ Ele recebeu um chamado, acharam um corpo nas pedreiras. Ele não queria sair de perto de você, mas foi obrigado. Então eu me ofereci para ficar aqui.
_ Por que está fazendo isso?_ finamente pergunto.
_ Fazendo o que?_ ela se faz de desentendida.
Fico calada.
_ Nós não somos inimigas, Hanna. Eu sei que eu errei com você, mas nunca lhe desejei mal. Você está passando por momentos difíceis, eu só quero ajudar.
Confesso que eu não esperava aquela resposta.
_ Você recebeu uma ligação.
_ De quem?
_ Eu não me lembro bem o nome..._ Melissa fica pensativa_ Ah, Susan. O nome dela é Susan.
Sinto meu corpo gelar. Como Susan sabia que eu estava de volta?
_ Algum problema?_ Melissa pergunta
_ Não. Posso ficar sozinha?
_ Claro.
Ela sai do quarto me deixando só. Peguei o computador do Taylor e entrei na página do jornal local. Corpo nas pedreiras? Ninguém havia publicado nada sobre o assunto ainda, e apesar de não ter ligação nenhuma com aquilo, algo não me parecia certo.
Peguei meu celular e disquei no número do Taylor. Ele atendeu no terceiro chamado.
_ O que aconteceu?_ ele pergunta imediatamente._ Está tudo bem com você?
_ Sim.
Ele suspira aliviado.
_ Eu soube do corpo, já sabem que é?
_ Sim.
_ E quem é?
Taylor fica calado por alguns segundos.
_ Não e ninguém._ percebo que ele está mentindo pelo seu tom de voz. Mas por que?
_ Taylor, quem é?
_ Hunter._ ele finalmente fala.
_ Hunter, o jornalista?
_ Sim.
_ Como aconteceu?
_ Suicídio. Uma testemunha viu ele pular da ponte.
Tento processar em minha cabeça um motivo pelo qual Hunter suicidaria. Ele era um homem bem sucedido em sua carreira, tinha mulher, filhos. Que diabos aconteceu?
Passei o resto do dia sentada em minha cama me culpando pelo que aconteceu com Hunter. Eu não conseguia não me sentir de certa forma culpada. Eu o envolvi nos meus problemas.
Na manhã seguinte fui ao velório do Hunter acompanhada do Taylor. Vesti um vestido preto de manga e sapatilhas da mesma cor. Penteei meu cabelo e fiz uma trança logo em seguida. Olhei minha face no espelho tentando disfarçar o cansaço do dia anterior eminente em minha pele.
Dirigimos por quarenta minutos até chegar ao cemitério. Tinha mais gente do que eu podia imaginar. Mas claro que haveria, Taylor era um jornalista famoso localmente.
_ Eu sinto muito!_ sussurrei para a mulher de Hunter, assim que a avistei.
Mas ela não retribuiu como eu pensei que seria, ao invés disso, me lançou um olhar furioso seguido de um tapa na cara deixando a marca de seus cinco dedos.
Olhei para ela surpresa enquanto esfregava meu rosto tentando entender o por que daquilo.
_ Você o matou._ ela rosnou com uma voz amargurada.
_ Do que você está falando?_ Taylor pergunta me acolhendo em seus braços_ Está tudo bem?_ ele sussurra baixinho.
Faço que sim com a cabeça.
_ Foi tudo sua culpa._ dessa vez ela chorava.
_ Por favor, do que você está falando?_ praticamente imploro sem entendê-la.
Ela fica calada por um tempo olhando para todos os lados como se temesse ser ouvida por alguém. Após ter certeza de que o que quer que ela procurava não estava ali, ela voltou-se para nós.
_ Ele estava fissurado com sua história. Assassinatos, pactos demoníacos... isso sempre chamou a atenção dele._ ele da uma pausa.
_ Mas o que isso tem a ver com a morte dele?_ Taylor pergunta
_ Você não entende, desde que ele começou a se envolver com vocês, as coisas ficaram estranhas.
_ Estranhas como?_ pergunto desesperada.
_ Na madrugada de ontem, Hunter passou a noite lendo as reportagens que encontrou na sua casa. Ele passou dias revirando aquelas coisas, e ontem, do nada, ele decidiu que teria que falar com você. Pedi que ficasse em casa, na verdade implorei, mas ele não sossegou até sair de casa. Disse que era importante vê-la.
_ Comigo? Mas ele não veio até mim.
_ Ele estava assustado demais, coisas ruins começaram a acontecer em nossa casa. Era assustador. O Hunter não tirou a própria vida, aquela coisa tirou. E você precisa impedi-la.
_ Que coisa?_ Taylor quem pergunta.
Eu estou horrorizada demais para dizer se quer uma palavra.
_ O demônio._ a mulher de Hunter sussurra e sai de perto imediatamente.
Meu celular toca de repente me impedindo de ir atrás dela. Atendi imediatamente, mesmo sendo um número desconhecido.
_ Hunter precisava ficar quieto. Ele é irritante demais._ uma voz fala no momento em que atendo.
_ Susan?
_ Não meu bem, vovó._ em seguida vem uma gargalhada.
Taylor e eu nos entreolhemos.
_ Acho que temos um problemão.
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Horror em Kansas City. (COMPLETO)
TerrorUm jovem casal recém-casado tem a vida virada ao avesso após se mudarem para um casarão em Kansas City. O sonho da casa própria se torna um pesadelo no momento em que o casal passa a ser aterrorizado por um mal que habita na casa. O pavor de ser ato...