Sexta- feira, 15 de julho de 2010.
_Você não me falou desses acontecimentos da sua infância.
_ Eu nunca falei disso com ninguém, já era estranho demais para mim.
_ Mas você acha que isso tenha alguma ligação com a casa, você nunca tinha frequentado aquele lugar_ o policial pergunta confuso.
_ Eu não sei, no começo achei que estava acontecendo comigo como antigamente, mas houve outras mortes, não sei explicar isso.
_ A dona da casa era praticante de bruxaria, fazia rituais demoníacos, você sabia disso?
Como um flash back todas as lembranças das conversas dos meu pais veio toda em minha cabeça.
_ Rituais?_ minha cabeça começa a girar_ Não pode ser.
O policial me encara esperanto por alguma explicação.
_ Não tem como eu escapar disso!
Como num piscar de olhos às luzes da sala do interrogatório começam a se apagar.***
Oito anos antesQuando eu tinha nove anos de idade meus pais foram assassinados. Fui levada por um casal de malucos e vivi em cativeiro por um ano. Eu era apenas uma criança, mas me recordo de tudo que me aconteceu naquela época.
Morávamos em uma casa abandonada em Saint Louis bem afastada da civilização, éramos apenas eu e aquele casal. A mulher tinha cerca de cinquenta anos, e a julgar pela sua aparência horrível eu adorava chamá-la de velha bruxa, isso me resultou em vários tapas na cara, mas eu suportava.
Já o homem, apesar de ter assassinado meus pais, não era capaz de fazer mais nenhuma barbaridade comigo, além de ter matado as pessoas que eu mais amava nessa vida. Ele vivia dizendo coisas que me deixavam muito confusas, além de aterrorizada.
A primeira vez que ouvi a velha marcar uma data que supostamente seria o dia de um "sacrifício", entrei em pânico, sim ela amava me referir como um objeto que deveria ser sacrificado.
Um mês antes do tal sacrifico acontecer fui resgatada por dois policiais, que imediatamente atiraram nos dois seqüestradores. Ver a bruxa morrer não era triste, na verdade nem ver o homem morrer me entristeceu, eu só sentia pavor, medo, mesmo depois de mortos eles me perturbavam.
Vivi dois anos em um orfanato, o inferno, era como eu o chamava. Aquelas crianças só me infernizavam, apesar de eu ser a criança mais estranha daquele lugar, eles não tinham sequer motivos para me insultarem. Quer dizer, talvez seja por que contei para uma garotinha do orfanato que costumava a ver coisas antes de dormir. Ela me dedurou para a diretora que me fez passar três dias trancada em um quarto escuro, "o quarto do castigo", acompanhada somente do meu medo.
Dois anos depois fui adotada por um novo casal, e acreditem, eu preferia mil vezes o orfanato. Meu quarto era no porão, que nada mais nada menos era cheio de infiltrações, desenhos de símbolos horrendos nas paredes, uma iluminação péssima e uma cama caindo aos pedaços.
Me perguntava todos os dias por que aquelas coisas estavam acontecendo comigo, perder minha família, ser referida como um sacrifício por um casal de loucos que juravam conversar com o Diabo, e mais uma vez ir parar em uma família que colecionava símbolos satânicos nas paredes do porão, onde eu dormia, sem falar nas coisas que eu via em minha frente, prefiro não detalhar, é aterrorizante demais. Mas de uma coisa eu tinha certeza, o inferno existia, e eu tinha a péssima sensação de que algo bem ruim planejavam me levar para lá.
Com o passar dos anos eu comecei a me acostumar com o lugar, me adaptei ao frio congelante do porão, dei um jeito em toda a bagunça daquele lugar, e o mais importante aprendi a deixar de lado todo aquele medo. Pelo menos esse era o plano.
Perto de completar quinze anos, um ataque de solidariedade consumiu "meus pais", ganhei um quarto novo lá em cima, algumas roupas novas e um cordão estranho que eles alegavam ser de família.
Apesar de não poder frequentar um colégio eu tentava aprender o máximo possível em casa. Encontrei livros escondidos no porão e lia todas as noites. Um deles falava de bruxaria, rituais, coisas que eram absurdas demais para crer.
Numa certa noite, desço as escadas e vou até a cozinha beber um copo de água. Ouço o casal conversando na sala, na verdade era um cochicho baixinho. Andei silenciosamente e parei perto o bastante para ouvir a conversa.
_ Já está na hora Ben_ a mulher andava de um lado para o outro, estava nem nervosa.
_ A gente não pode simplesmente fazer isso Elaine, esqueceu que os vizinhos a conhecem?_ Ben responde_ Temos que sair da casa, aí sim faremos tudo.
_ E você acha que temos tempo, os últimos que tentaram completar o serviço e esperaram tiveram um fim trágico_ Elaine parece estar decidida a fazer algo_ Ela tem que morrer.
Senti todo meu corpo tremer, deixo o copo de vidro cair no chão. Elaine e Ben se entreolham após deduzir que eu ouvi tudo. Sem pensar duas vezes subo as escadas correndo, Ben está atrás de mim. Entro rapidamente no quarto e tento fechar a porta, mas ele era mais forte que eu umas cem vezes. Ele entra no quarto e me cata pelo pescoço, Elaine vem logo atrás e tranca a porta.
Eu mal conseguia respirar, me debatia tentando me desvincular, mas nada. Quando Ben me soltou, Elaine começou a se aproximar.
Dei alguns passos para trás em direção à varanda do quarto, olho lá em baixo pensando em alguma saída, mas era alto demais.
_ Você só causa problemas garota, já devia estar morta a anos_ Elaine continuava se aproximando.
_ Do que você está falando?_ pergunto incrédula.
_ Você precisa morrer, a gente precisa que isso aconteça_ dessa vez foi Ben quem falou.
_ Mas por que?_ meu corpo todo treme.
_ Não importa_ Elaine grita enquanto aponta uma faca a mim.
Olho para baixo novamente, respiro fundo e sem nenhum aviso me jogo de uma altura suficiente para quebrar todos os meus ossos. Vejo Ben e Elaine olharem lá de cima e apesar de sentir uma dor horrível consumir todo meu corpo infelizmente eu não estava morta. Ainda.
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Horror em Kansas City. (COMPLETO)
HorrorUm jovem casal recém-casado tem a vida virada ao avesso após se mudarem para um casarão em Kansas City. O sonho da casa própria se torna um pesadelo no momento em que o casal passa a ser aterrorizado por um mal que habita na casa. O pavor de ser ato...