Capitulo 14

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Deixo o jornalista entrar assim que ele me oferece ajuda. Parecia maluquice, mas ele sabia do que estava falando. Hunter fica na sala enquanto preparo um café na cozinha, ele mexe em suas papeladas enquanto me observa de esguelha.

Assim que termino, levo uma bandeja de café e biscoitos e sirvo ele. Hunter estava bem sério e se recusou a tomar o café.

_ Tem certeza? Não está tão ruim_ ofereço-o mais uma vez.

Ele recusa.

_ Soube que seus pais morreram quando você era criança, pode me contar mais sobre isso?

Hunter coloca um gravador em cima da mesa.

_ Eu tinha nove anos.

_ E como aconteceu?

_ Estávamos em casa, na hora do jantar. A campanha toca e o meu pai vai atender, minha mãe e eu ficamos na sala, então um barulho forte ecoou por toda casa. Meu pai estava jogado no chão e um homem armado entrou e logo em seguida atirou nela. Ele tinha uma tatuagem no pescoço, um pentágono, seus olhos sombrios e maldosos..._ dou uma pausa_ Depois disso me levaram.

_ Como se lembra de tudo isso?

_ Você esqueceria do rosto que matou seus pais?

_ Você não tinha nenhum parente, avós?

_ Meus avós paternos morreram, e minha avó materna nunca conviveu comigo.

_ Por que?

_ Minha mãe não gostava dela, sempre que tentava contato minha mãe desligava e a proibia de me ver.

_ E você sabe por que?

_ Não faço ideia.

Hunter revira a papelada em sua pasta, em seguida me entrega uma foto. Uma mulher de aproximadamente sessenta e cinco anos sentada em uma cadeira, pela placa de recepção mostrada na foto, posso deduzir que está em um hospital.

_ Quem é ela?

_ Susan Thomas.

_ Minha avó?

Ele faz que sim com a cabeça.

_ Eu podia jurar que já estava morta.

_ Susan está internada em um hospital psiquiátrico a quinze anos.

_ E porque está me mostrando isso?

_ Ela é a resposta de tudo, Hanna._ Hunter me lança um olhar sombrio_ Na verdade ela pode ter lhe causado tudo isso.

Meu corpo todo treme com aquela declaração. A vida inteira meus país me manteve afastado da minha avó, por algum motivo que eu nem fazia ideia. E agora eu estava frente a um homem que nunca vira na vida, que sabia mais coisas sobre mim do que o normal e estava disposto a me ajudar.

_ E onde ela está agora?

_ No hospital psiquiátrico de Lawrence.

Olho para a foto novamente me perguntando se deveria ou não seguir a diante com aquilo. Mas aquela era minha chance, eu não podia deixar aquela coisa machucar mais ninguém e nem a mim.

_ Quando a gente vai?

_ Amanhã, bem cedo.

Assim que esclarecemos como funcionária tudo sobre a viagem Hunter vai embora. Já era 16h00 da tarde quando dirigi até o hospital para visitar Daric.

Chego até o hospital e peço que a recepcionista me encaminhe até o quarto dele.

_ Me desculpe, mas só é permitido uma visita por vez.

_ Mas eu sou a única que visita o Daric, quem está aqui?_ pergunto sem entender.

A recepcionista olha em sua prancheta a procura de algo.

_ Melissa Kent, visitou seu marido por três dias seguidos.

Agradeço a recepcionista e vou até o sofá e me sento. Minha cabeça fórmula mil coisas absurdas a essa altura. Daric já havia sido infiel uma vez, eu não podia acreditar nessa possibilidade.

Espero por alguns minutos, mas não suporto toda aquela demora. Num movimento de distração da recepcionista corro até a ala dos quartos sem que ela me veja. Entro no quarto e lá está ela, sentada na cama ao lado de Daric.

Visitei Daric todos os dias desde o acidente, ele já havia tido uma melhora, mas ainda era incapaz de falar ou abrir totalmente os olhos. Mas hoje, quando o vi, seus olhos estavam mais abertos que o normal e ele conversava com Melissa.

Bato na porta e Melissa dá um pulo da cama. Daric me encara, mas não fala nada.

_ Estou atrapalhando alguma coisa?

Melissa faz que não com a cabeça. Espera alguns segundos e então pega sua bolsa e sai da sala sem dá nenhuma explicação. Ando até a cama e me sento. Olho para ele que ainda não fala nada, aquele silêncio só dificultava as coisas, eu sabia bem o que significava.

_ Desde quando?_ meus olhos se enchem d'água.

_ Não... Me... Hanna_ Daric não consegue completar a frase.

_ Quer saber, não interessa_ me levanto da cama_ Vou viajar para Lawrence, depois que eu consertar isso, quero que pegue suas coisas.

Daric tenta se mover da cama, mas a dor lhe impede.

_ Você não vai ter problema com companhia_ vou até a porta.

_ Hanna. Hanna?

Assim que saio do hospital dirijo de volta para casa, choro durante todo o caminho. Pior que a dor de passar por aquilo era saber que Daric não me amava.

Hunter e eu planejamos viajar logo que amanhecesse, mas o que aconteceu no hospital me fez repensar em várias coisas. Arrumei algumas roupas em uma mala pequena, peguei os papéis que Hunter havia me entregado, procurei pelo endereço do hospital psiquiátrico e dirigi até Lawrence.

A viagem durou em torno de quarenta e cinco minutos. Me hospedei em um hotel por uma noite, iria até Susan assim que amanhecesse.

Acordei 08h00, tomei um banho e dirigi até o hospital. Logo que cheguei tive que preencher um questionário e assinar alguns papéis. Esperei por mais ou menos uma hora e então pude ir até minha avó.

Uma moça me levou até uma sala, havia várias pessoas lá, a maioria delas eram idosos. Percorremos pela sala por um tempo então paramos frente a uma mulher sentada à uma cadeira. Era ela.

_ Susan?_ a enfermeira chegou_ Você tem visitas.

Susan olhou diretamente para mim e abriu um sorriso sombrio.

_ Eu sempre soube que você viria.

Horror em Kansas City. (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora