Capítulo I - A fé não é sentimento.

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"Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno

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"Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno."

(Mateus 5.37)

São Paulo, 06 de janeiro de 2016.

O quarto de hospital em que Teresa se encontrava era tedioso. Totalmente branco, não tinha nada que pudesse entreter a garota, enquanto ela ainda estivesse em observação médica. Por mais que tivesse falado mil vezes que estava bem, ela não podia sair dali e com razão, após um mês em coma desde o acidente os médicos a tratavam como se fosse uma boneca de vidro.

Teresa não queria que tudo aquilo fosse real, queria que seu irmão ainda estivesse vivo, queria que sua mãe não precisasse sair do quarto toda vez que fosse chorar, para que não o fizesse em sua frente

Nos primeiros dias, apenas ela tinha vindo e ficado ali com a jovem, tinha trago algumas margaridas para enfeitar o espaço, junto com a Bíblia, mas Teresa dificilmente pegou naqueles dias em que estivera ali. O livro Sagrado só não começava a ajuntar poeira, porque Dona Angelina, mãe de Teresa, sempre quando estava por ali para fazer companhia para filha, ficava lendo.

Mas aquele dia seria especial, Júlio, seu namorado iria visita-la, e Teresa não poderia estar mais ansiosa, estava com muitas saudades do rapaz, porém infelizmente no momento que ele havia posto os pés dentro do quarto, a garota sabia que tinha algo errado. Os dois se conheciam desde que se entendiam por gente e era nítido saber quando algo incomodava o rapaz.

E dito e feito, quando Júlio se sentou em sua cama, e depois de um longo silencio começou a falar, Teresa queria ser qualquer outra pessoa na face da terra do que ter de presenciar aquele momento.

-Desculpa, Tessa. -Júlio falou brincando com o lençol que cobria as pernas da jovem tentando reunir coragem o suficiente para levantar os olhos até ela. -Eu procurei um bom motivo para fazer isso, mas não achei. -Ele olhou para a moça tentando passar a melhor expressão. -Apenas sei que Deus está me mostrando que não fomos feitos um para o outro. -Pronto, as palavras haviam sido ditas e por mais que Júlio quisesse retira-las não poderia mais.

-E por que Ele não me mostrou isso também? -Teresa perguntou com a voz embargada olhando fixamente para a parede da sala em que estavam. Ela não podia retribuir o olhar, era certo que rios de lágrimas escorreria de seus olhos.

Júlio mordeu o lábio como sempre fazia quando estava nervoso.

-Desculpa jogar tudo isso em cima de você, logo agora que você saiu de coma, mas é melhor que seja assim. Você é uma mulher forte, Deus vai preparar o homem cert... -Ele tentou se explicar, mas começava a gaguejar. Assim como Teresa, Júlio sempre havia gostado da garota. Desde criança, ele tinha um sentimento dentro de si que não importava o que acontecesse, os dois acabariam juntos, mas agora aquela certeza aos poucos se desmanchava e como doía! Ele não saberia dizer se estava doendo mais dentro dele do que na garota.

-Já terminou, Júlio? -Ela o cortou friamente, sua voz era dura e seca.

-Você vai chorar? -Sua voz saiu cautelosa. Ele havia chorado, quando pensou naquela decisão, por muitas vezes chorou.

-Apenas saia, por favor. -Ela se limitou a dizer.

Júlio se levantou com todo o seu corpo duro com baque da emoção do momento ainda vestido com o uniforme de obreiro. Deu o último olhar para Teresa, já tinha em mente que não iria ser tão fácil terminar mais de três anos de namoro, mas o rapaz não podia agir pelo sentimento. Se Deus o estava incomodando para tal ato, ele iria fazer, por mais que doesse, Júlio não colocaria sua salvação em risco por nada e nem por ninguém.

A Obra de Deus não se fazia com emoção.

Ele abriu a porta do quarto do hospital com o único pensamento, não suportaria causar tristeza na moça.

Que Deus te dê forças, assim como Ele me deu. Ele orou silenciosamente, e quando fechou a porta de si, pode entender que a dor do sacrifico, era a única dor que anulava todas as outras.

 Ele orou silenciosamente, e quando fechou a porta de si, pode entender que a dor do sacrifico, era a única dor que anulava todas as outras

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