Capítulo VI - Convidamos vocês...

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"Pois a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força desfalece por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem

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"Pois a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força desfalece por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem."

(Salmos 31.10)

São Paulo, 02 de dezembro de 2010.

Já haviam se passado quatro meses desde a partida de Rafael para a Argentina. O verão havia começado e Teresa só se dava conta que os dias estavam se passando quando via que todos ao seu redor estavam prosseguindo com suas vidas e ela continuava a mesma pessoa.

Por mais que o tempo passasse, Teresa se sentia presa ainda naquele domingo em que seu irmão havia morrido. Ela não sentia mais o mesmo prazer de viver como as outras pessoas, seus dias apenas se passavam e ela fazia tudo que precisasse fazer automaticamente. Ia para a faculdade, fazia seu estágio, colocava o uniforme de obreira para ajudar nos cultos em sua igreja, mas nada parecia ter o mesmo valor que tinha antes.

Rafael até mesmo havia deixado o número de telefone e algumas vezes havia mandado mensagens pelo WhatsApp para ver como a garota estava, mas Teresa não o respondia, muito menos ligava para ele, seu orgulho era maior e a única coisa que fazia era ficar horas em seu Facebook vendo as fotos que o rapaz postava dos pontos da Argentina que ele achava bonito.

Ela sentia sua falta, mas não podia admitir que estava com saudade após ela mesma o ter deixado partir. Toda aquela confusão de sentimentos era culpa dela, Teresa nunca fazia nada certo!

Foi em uma quarta-feira, após o culto realizado a noite. Teresa estava sentada próxima a mesa da sala das obreiras enquanto ajeitava sua bolsa e algumas coisinhas para guardar em seu armário, quando Sara chegou a sala toda saltitante atraindo olhares das outras obreiras que estavam ali.

-Meninas! Vocês não vão acreditar no que eu tenho na mão! -Ela balançou vários envelopes em frente ao rosto. -Convite de casamento!

-De quem? -Larissa perguntou.

-Adivinhem!

-Ah, por favor! Nos dê logo isso! -Jennifer resmungou ao lado de Teresa.

Ela entregou para cada uma, endereçada com os nomes. Quando chegou nas mãos de Teresa, a garota sentiu o peito afundar a cada linha percorrida pelos seus olhos.

"Convidamos você para o momento mais importante de nossas vidas. Pois o que Deus uniu, o homem não pode separar!

Assinado - Júlio Camargo e Amanda de Sousa. "

Uma tontura passou por Teresa e a garota desviou o olhar daquele envelope. Júlio se casaria no próximo mês! E ela nem se lembrava de saber que ele estava namorando! O rapaz sempre havia sido muito discreto e se havia postado algo em suas redes sociais, a garota sequer havia visualizado! Ela nem sabia quem era aquela Amanda, mas já imaginava que a garota era mil vezes melhor do que ela! Afinal, Teresa e Júlio haviam namorado por tanto tempo e o rapaz nunca sequer havia tocado no assunto de casamento, e agora ele já ia casar com uma moça que havia namorado em menos de um ano!

A jovem não sabia descrever como estava se sentindo naquele instante, mas sabia que tinha algo de si que havia sido derrubado com aquele convite. O fato era que por mais que nenhum dos dois houvessem mais trocado nenhum tipo de contato, Teresa tinha esperanças que Júlio voltasse a ser seu namorado e que as coisas voltassem como eram antes, quando ela não se sentia deslocada, fria e distante. Eram esperanças mínimas, mas ela ainda as tinha.

-Você sabe né que era para ser seu nome aí no convite. -Jennifer sussurrou ao pé do ouvido de Teresa, sendo que assim apenas a jovem a escutava. -Mas infelizmente você não era boa o bastante para ele, para ser uma esposa de um pastor. E não foi nem boa para segurar aquele obreiro, Rafael né?

A garganta de Teresa se fechou. Ela pegou sua bolsa desajeitadamente e se levantou com tudo. Acabou derrubando vários papeis, mas não se importou nem ao menos se deu ao trabalho de voltar e arrumar.

Saiu da salinha com os olhos ardendo., a garota só queria chegar em casa onde ela não precisava fingir ser aquilo que ela não era.

-Obreira? -Teresa quase deu de cara com o pastor. A moça engoliu o choro. Aquilo já estava tornando uma tarefa impossível. -Está tudo bem?

-Sim, senhor. -Sua voz vacilou.

Ele levantou uma das sobrancelhas preocupado e olhou para o convite que ainda estava nas mãos de Teresa. Era claro que ele sabia do que se tratava, Júlio não esqueceria de convidar o pastor.

-Você tem certeza?

-Tenho! -Ela sorriu para tentar ser mais convincente. -Só tenho que ir para a casa agora. Minha mãe acabou de me ligar.

Nem esperou pela resposta do pastor. Apenas se desviou dele e se dirigiu a saída.

Não precisava falar nada, novamente elas estavam ali. Malditas lágrimas.

 Malditas lágrimas

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