Capítulo 9

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O relógio apontava para as oito em ponto enquanto eu ia para a mesa de costume, na mesma velha lanchonete.

Desde muito pequena eu vinha aqui com minha irmã antes da aula. Tomava-mos café da manhã junto de Zoe, a garçonete.

Os pais dela são os donos, e como estávamos na mesma sala as rosquinhas saiam de graça.

Foram bons tempos. Tipo aquelas memórias que não saem de sua cabeça, entende?

Aquelas coisas inesquecíveis que por algum motivo, mesmo tentando, não consegue apagar.

- Sarah? – Zoe se aproximou da mesa já com meu café em mãos. – Como é sempre o que você pede, aqui está!

- Obrigado Zoe!

- Ah, e antes que eu esqueça. Sua mãe ligou me perguntando se podia mandar algumas cartas pra você no endereço da lanchonete, já que ela não sabia em que hotel você estava. E claro, que eu disse que sim, então aqui está. – Zoe me entregou dois envelopes brancos completamente lacrados.

- Nossa, que rápido...

- Pois é, parece que é importante. Se precisar de alguma coisa Sarah sabe que pode contar comigo, sempre estarei atrás do balcão!

- Tudo bem Zoe, obrigada! - Falei em risos.

O endereço do remetente mostrava-se da Noruega. Porém o nome estava como "Geoen Mayrge".

Delicadamente abri-o retirando de dentro dele uma carta aparentemente escrita à mão.

A letra era sim, conhecida. Porém não me lembrava da onde já havia o visto.


"Quantas saudades eu sinto de você, Sarah.

Talvez você não acredite, mas eu posso confirmar com total certeza que é de você que eu mais sinto falta.

Não são coisas materiais, muito menos do passado um tanto quanto indesejado lembrar, que eu tenho memórias. Eu não quero te ver sofrer, ao relembrar disso. Ao imaginar suas lágrimas escorregando levemente em suas bochechas, já me vem a grande vontade de chorar.

Prefiro ver sua risada estonteante, que libera o sentimento em mim de sempre querer estar ao seu lado.

Eu amo você, Sarah, não é nenhum segredo.

Eu viveria o que tivesse de ser vivido, e fazeria o que tivesse de ser feito simplesmente para passar o resto da minha vida ao seu lado.

Aliás, como já dizia Vinicius de Moraes:


Eu sem você sou só desamor. Um barco sem mar, um campo sem flor. Tristeza que vai, tristeza que vem. Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.


Espero que você sinta a mesma coisa Sarah, pois como eu já disse, não sei o que sou capaz de fazer sem estar ao seu lado.

Vemos-nos em breve...

Geoen Mayrge"


Tudo o que me intrigava era como aquele nome desconhecido sabia de mim e do meu passado.

Ou até como um desconhecido podia me amar dessa tal forma como ele escreve.

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