O vento gélido passava calmamente em minhas bochechas, fazendo assim, uma boa parte de meu corpo se resfriar, enquanto olhava as árvores em minha frente.
Se o lugar era bonito?
Sim, podemos dizer que era.
Porém, era mais bonito quando eu vinha aqui por outras pessoas, não pelo meu filho.
Eu estive observando o local, todas as pessoas, que não por coincidencia, eram muitas.
Entre todas elas, não havia uma em que pudesse preencher esse vazio que estava dentro de mim.
Afinal, seria difícil.
Não achar uma pessoa em que preenchesse.
Mas sim, lidar com essa dor infinita.
A dor que não tem cura, a dor que nunca será passageira.
Sei que, o certo, seria recuperar-me em partes, para poder assim, pelo menos seguir em frente.
Porém eu não queria. Não queria ter que deixar o mundo em que vivi, o mundo em que me tornei uma pessoa de verdade.
Eu não queria partir.
Estou sendo dramática em certo ponto?
Pois acredite, eu até posso estar!
Mas, você já perdeu um filho?
Principalmente dessa forma?
Essa era a resposta que sempre se passava em minha mente quando todas aquelas pessoas vinham até mim, para desejar os seus sentimentos, e dizer para eu ficar bem.
Não tem como ficar bem. Seria tão difícil assim para aceitar?
A realidade é essa, e todos precisam encarar.
Eu não estou bem.
E provavelmente não vou ficar.
- A mãe irá falar alguma coisa? – A voz do padre me acordou de meus pensamentos.
Levantei-me com certo receio ao ter que falar na frente de tantas pessoas.
- Às vezes eu queria apenas me sentar em frente à janela e me lembrar de tudo que vivemos juntos. – Comecei a falar. - Como naqueles flashbacks de filmes de época. Você foi embora, e isso doeu muito. Pois eu não te vi fechar a porta. Não te vi olhar pra trás. A sua ida foi lenta e silenciosa. Como alguém que não tem pressa de chegar ao seu destino. Que para, senta e conversa. Fica para o chá, mas vai embora antes da noite. Enquanto eu observava o local, pude lembrar-me de um dos maiores prazeres de Thomas. Observar tudo ao seu redor. Por alguns instantes eu achava isso um pouco estranho, porém, ele tinha razão ao querer conhecer mais ao seu mundo. Eu acho que não irei dizer sobre o quanto estou triste, afinal, quem não está? Thomas era certamente o menino mais amoroso com todos aqui presentes sem dúvidas. Sim dói, dói de mais um coração partido, dói perder um amor, aquela dor lancinante que parece cortar o peito, que causa agonia no corpo todo e sua maior necessidade é gritar, gritar a plenos pulmões sua dor. Dói porque você se sente partido, perdido, como se metade de você fosse arrancada, como se a vida perdesse a cor e o brilho, tudo morre aos poucos e some, tudo se torna breu e tristeza. Dói, não é segredo que dói. A gente perdeu algo importante, algo que amávamos muito, perdemos um bocado de nossa alma. E porque tudo isso? Porque teve que acontecer logo com ele, não é? Porém, aos poucos a duvida tem moralizado as minhas emoções. Minha razão e meus sentimentos deterioram com o pesar deste silencio que se intensifica. A ausência me enlouquece, posso ouvir cada pulsar do meu coração enquanto lagrimas escorrem pelo meu rosto. Mas o que eu posso fazer? Você pulsa em minhas veias. Aquela parte boa que existia em você ainda habita algum lugar aqui dentro de mim. Perdida em um labirinto sem fim. Dói em saber que não te verei novamente. Que não te darei mais o carinho que precisa. Que não te colocarei mais para dormir. Você foi-se rápido de mais. Tinha muito em que viver ainda. Olhe por mim ai de cima, que aqui de baixo eu cuido disso pra você. Eu te amo eternamente meu filho. – Coloquei uma rosa branca em cima de seu caixão enquanto voltei-me ao meu lugar, sentindo assim todas as lágrimas presas saírem de uma só vez.
O abraço confortante de minha mãe me acolheu.
Porém não me conformou o tanto como esperado.
***
Leves batidas na porta se ecoaram em meu quarto.
Em certo momento eu simplesmente não queria se quer me levantar.
Já se passaram três dias desde a morte de Thomas.
E também já se passaram três dias em que eu não como ou bebo.
Tem sido difícil até eu me levantar de minha cama.
Minha mãe adentrou a porta em certo receio em ter que falar comigo.
- Você precisa comer Sarah, você não come nada há dias, todos nós ainda estamos tristes, porém precisamos levar de alguma forma.
- Não estou com fome.
- Coma pelo menos alguma fruta, pode ser?
- Não estou com fome.
- Quando estiver então, você me fala tudo bem? Eu preparo alguma coisa pra você. Quer que eu ligue o rádio pra você?
- Ta.
Minha mãe ligou o rádio que tocava Pretty Hurts, da Beyoncé.
Ela saiu levando a porta consigo.
A música tinha um pouco da descrição que eu estava sentindo.
Ain't got no doctor or pill that can take the pain away
The pain's inside
And nobody frees you from your body
It's the soul that needs surgery
It's my soul that needs surgery
Plastic smiles and denial
Can only take you so far
And you break
When the paper sign leaves you in the dark
You left a shattered mirror
And the shards of a beautiful pastEu sinto a falta dele todos os minutos, todos os dias.
Nunca deixarei ele partir, pois estará para sempre vivendo em meu coração.
Eu precisava dele aqui comigo.
Precisava continuar.
Porém a cada segundo que se passa fica mais difícil ainda me convencer que ele nos deixou.
Mais difícil ainda era saber que ele podia estar aqui conosco, porém um certo infeliz tirou a vida de meu pequeno.
O laudo da morte mostrou-nos que o tiro foi especialmente para matá-lo.
A pergunta que se passava em minha mente era o por que?
Por que o mataram?
Um menino tão doce.
Será que foi por minha culpa?
Talvez algum criminoso que sente raiva de mim?
Talvez eu já tenha o interrogado de maneira que ele não tenha gostado.
Trevor Stewart, talvez?
Eu não sei.
Porém irei saber.
Vou prosseguir pelo meu filho.
Por mais que seja difícil.
Por mais que eu não queira que ele vá embora.
O que eu sei que nunca irá acontecer.
Mas eu vou conseguir.
Vou achar o maldito em que matou meu filho.
E vou fazer a vingança que tem que ser feita.
Vou cuidar disso, Thomas, mamãe vai cuidar disso.
Olá queridos, vocês estão bem?
Não esqueçam da estrelinha aqui em baixo por favor!
Até o próximo capítulo guys! ;)
All the love, mel xx
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FBI
Mystery / ThrillerE por fim, minha arma é posta sobre a cabeça do homem em que tanto procurei. O momento que tanto esperei, o momento que a justiça estava em minhas mãos. Ele matou meu filho, e eu o matarei também.