Capítulo 52

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-Que lugar sujo! - reclamo observando a multidão reunida ao redor do Hing.

       Havia todo tipo de apostadores, desde o homem que aparentavam ter grande influência, e aos que depositavam ali, o salário do mês.

-Viemos aqui pra lutar, não beber uma cerveja. E se quer saber, esse lugar é um dos melhores.

-Não tá mais aqui quem falou...

     Diogo parecia abituado com o movimento e os locais daquele lugar. Sigo seus passos ao local, que segundo ele, servia como uma área para que os competidores se preparassem.
       O número de participantes não era muito grande, mas o assustava mesmo era o tamanho de cada um deles. Nem se fizesse academia minha vida toda chegaria ao condicionamento físico daqueles homens.

-Com medo? - indaga.

-Nem um pouco. A quanto tempo vem aqui?

-Essa é a segunda vez...

      Poucas mulheres circulavam pelo resinto. Na verdade começo a acreditar que seria a única louca a lutar.
       Diogo se aproxima, estendendo uma roupa para que me trocasse. Um shorts e uma blusa regata, ambas de cor preta e caimento folgado.

-É... Até que você sabe escolher uma roupa confortável...

-Inicialmente pensava em um shorts e um top, mas tenho a impressão que você me mataria se fosse obrigada que vestir essa roupa em um lugar como este.

-Eu nunca vestiria uma roupa dessa em lugar nenhum Diogo. Onde posso me trocar?

-Desculpa mas não temos banheiro.

-Esta cheio de homens aqui Diogo! Não vou me trocar no meio deles!

    Ele ri.

-É brincadeira! Esta vendo aquela porta no canto? Lá tem um banheiro.

     
     Em poucos minutos volto ao local  com roupa, e cabelo preso. Diogo já se trocara, sentado num banco sujo rolava as ataduras entre as mãos, como se decidisse se deveria ou não colocá-las.

-Está linda! - debocha.

-Eu sei... deixa só sua namorada saber disso!

-Ex namorada.

-Da próxima vez quero usar uma calça dessas! - digo reparando na calça preta.

-Pode deixar, providenciou. Quer ? - questiona levantando a atadura.

-Onde conseguiu isso?

-Um dos caras me emprestou.

-Não quero nem imaginar o tanto de suor que essa coisa tem.

-É por isso que ainda não coloquei, está muito sujo.

-Falando em sujeira, quando chegar na escola, me lembre de tomar um bom banho com desenfetante. Vocês homens não tem cuidado com nada não é?

-Não me envolvo nesse pacote.

-Com quem vamos lutar? - indago mudando de assunto, assim que vejo os lutadores se posicionarem perto da porta.

-Essa é a última luta , a decisiva! Depois começa outro campeonato, mas primeiro temos que vencer esse.

-Se é a última, porque disse que era sua segunda vez?

      Ele coça a cabeça, percebendo que acabara de cair na própria mentira.

-Eu menti... -admite. -Temos duas lutas hoje, a primeira será fácil, mas a última.... bom ... é decisiva. Se passarmos na primeira teremos de lutar com o famosos King Kong. -diz apontando discretamente em direção a um homem que correspondia ao quádruplo do meu tamanho

-Legal... vai ser divertido...-Digo sarcástica.

-Ele já é campeão por quinta vez.

-Alo pessoal! As apostas já foram cesadas ! E a partir de agora vamos começar com o mais esperado evento! King Kong e Robin VS Wilke e Sleine.

      Gritos ensurdecedores são ouvidos por todo o lugar. King Kong sorria, como se já tivesse sua vitória garantida.

-Escolham seus adversários!

        King encarou Sleine, que sorriu aterrorizado. Já seu parceiro, grudava os olhos no opositor, como se sua própria vida dependesse daquilo. Um sinal é ouvido, e a luta começa.
       O campeão até lutava bem, mas o problema é que o seu maior aliado era o seu peso, e isso o desfavorecia no requisito agilidade.  Se formos espertos, conseguimos a vitória, se não, nossa próxima parada será o hospital. Depois de longos minutos de análises sobre as técnicas de luta utilizadas, me dei conta que elas não existiam. Alguns misturavam diferentes espécies de artes marciais, outros, sequer as tinham.

-Quais são as regras?

-É uma luta clandestina, não existem regras...

-E que história é essa de escolher o adversário?

-Isso não faz a mínima diferença, você pode trocar de parceiro a qualquer hora. A única regra que todos preservam é que se o seu adversário já caiu, não interrompa na luta do outro.

-Pensei que não existiam regras.

-Você entendeu o que queria dizer.

-Ok, eu fico com o King e você com o Robin.

-Não! Eu quero o King!

-Acredite, se você o enfrentar, não sairá vivo.

-Valeu Mike Tyson de saia.

- Ei vocês! São os próximos! - grita um dos competidores.

     Depois de Robin e seu parceiro vencer, o Hing é desocupado, dois homens carregam os corpos dos adversários para fora.
    Entramos no Hing ouvindo sons de desaprovação, não resisto a tentação de devolver o favor.
    
-Atenção senhores!  Pool e Minage VS Natasha e Diogo.
   
      Acho que deveríamos criar um codinome.
         Pool parecia ser mais forte, e foi exatamente o tipo de adversário que me atraiu. Por isso me posicionei à sua frente. Sem muitos esforços, a luta começou como terminou, fácil.  Sorriamos felizes pela primeira conquista daquela noite.
 
-Lutou bem...- elogia Diogo.

    Sentados no banco, a espera da próxima luta, Diogo massageava os pequenos ossos da mão, como isso pudesse aliviar a dor que sentia.

-Preciso de uma coisa!

     Ele permanece em silêncio, permitindo que eu contínuasse.

-Preciso prender meu cabelo...

     Ele ri e se levanta, voltando segundo depois com um elástico amarelo.
     Torço o nariz, sentindo o suor molhando os fios de cabelo.

-Vocês até que lutam bem... - disse Kong Kong se aproximando com o seu amiguinho.

-Já vocês são razoáveis. - sorrio.

      Diogo me encara, com o canto dos olhos, pedindo para que parasse com as provocações.

-Pelo menos desta vez você arrumou uma parceira bonita... lamento pelo  seu antigo parceiro. - diz Robin.

-Nisso temos que concordar Robin. - Diz King, me fazendo revirar o olhos.

-O que vieram fazer aqui?! - indaga Diogo, que pelo o que percebi, começava a estressar-se com a situação.

-Acho melhor vocês falarem menos é deixarem energia pra luta... vocês com certeza vão precisar!  - disse, e suas expressões ficam sérias.

-Veremos...

    Os dois se afastam, ainda tentando manter a pose de "machões intocáveis".

-Não devia ter provocado! - se irrita Diogo.

-E você deveria procurar a mamãe, bebê.

     Na última luta, quem perdesse seria diretamente eliminado. Portanto, a tensão no ar era visível. O único sem provinha do próprio público, não mais dos lutadores.

Agente MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora