Capítulo 54

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     Depois das aulas, finalmente estávamos livres para aproveitar a tarde. Simon estava em missão, e segundo me informaram, demorariam um bom tempo pra voltar.
      Sara me olhava, aparentemente brava, e Diogo saciava sua fome com um pedaço de bolo confeitado.

-Posso saber onde estava?! Te procurei em todo lugar!

-No meu novo emprego de Stripper. - respondo, vendo em seguida, Diogo pausar a garfada surpreso. - Epa é brincadeira, onde ficou o sentido de humor ?!

-Você tem um sentido de humor muito peculiar. - diz Sara .

-E isso significa?

-Acho melhor nem explicar...

-Perai, vocês acham mesmo que eu seria capas de fazer isso?

-Conhecendo seu estado mental... não me resta dúvidas! - disse Diogo, que sorria sarcástico.

-Não estou falando com você, volta pro seu bolinho.

-Pelo menos ainda tenho sanidade mental.

-Você disse bem! "ainda", me provoca que perde  rapidinho!

-Vocês dois, podem parar?

       A mesa ficou em silêncio, Diana aproveitava-se disso pra me irritar, beijando e abraçando Agus, o qual correspondia ao excesso de carinho.  Ajeito o uniforme, encomodada, não gosto de  sentir essas coisas.
  
-Oi pessoal.

    Olho para Tales, agradecendo mentalmente por interromper naquele momento, porque sentia que do jeito que andava, daqui a pouco as coisas se tornaria mais sérias entre aqueles dois. Sorrio de canto, cumprimentando-o com um aceno.

-O que foi isso? - sussurra Diogo.

-Ja ouviu falar em cumprimento?

     Tales sorri, e segura minha mão.   
Não consigo evitar o incômodo, mas também não faço questão de afasta-lo.

-Bem... eu vou indo... tenho que fazer um trabalho de geografia. - digo levantando.

-Eu te acompanho! - se prontifica Tales.

      Durante o percurso esperava que ele iniciasse uma conversa, mas caminhamos em silêncio.

-Esta entregue.

-Ah... obrigada...

-Natasha, eu... bom... eu queria saber... se...

-Fala logo Tales.

-Você quer sair pra jantar, nessa noite?

-Ufa, pensei que fosse me pedir em casamento. - gracejo. - Sabe o que é Tales, tenho compromisso hoje, mas podemos marcar para outro dia...

-Como quiser, nos falamos depois?

 -Claro.

      Ele sorri, e para minha surpresa se aproxima, segurando minha cintura e selando nossos lábios. Me afasto, um pouco dele sem ar. Não pelo beijo, mas pelo fato de ter sido pega de surpresa

-Epa garotão, vamos devagar!

-Aé, me desculpe, acho que me empolguei...

-Sem problemas. Só não faça isso de novo sem a minha permissão.

       Ele concorda, e entro no prédio sem olhar para trás.
        Folheio alguns livros, com dificuldade de me concentrar em geografia.
      Sara e Mariana entram rindo, esperei algum tempo, na esperança que elas percebencem que alguém ali precisava estudar, e calassem a boca ou se retirassem.
    
- Calem a boca! - grito.

-Epaaa alguém está nervosa!

-Mari, não provoca,  ela não está de bom humor. - avisa Sara.

-Isso pra mim é crise de solteirilis!

-O que é isso? - questiona Sara, erguendo uma sobrancelhas, intrigada.

-Eu acabei de inventar... mas tenho certeza que alguém já disse isso antes!

-Se você acabou de inventar, então como alguém já disse? - indaga.

-Com certeza o dom da Mariana não é piada.

-Não entendi...

      Sara tenta explicar, mas eu a corto.

-Deixa Sara, isso pra mim é crise de loirismo. - digo, e recebo duas almofadadas na cara. - Foi mal! Esqueci que vocês loiras! 

-Muito ingressadinha Morgan! - diz Sara.

-Adivinha o que vamos fazer hoje à noite? - questiona Mari.

-Odeio esses joguinhos!

   Ela bufa.

-Você é irritante Natasha.

-Vamos fazer uma saída de casal.  - Explica Sara, saltitando de felicidade.

-Hoje estou ocupada, não posso ir... - digo.

-Nat, me desculpe, mas... é um encontro de casais ! - murmura.

-Muito engraçadinha, e quem disse que eu estou sozinha?! - provoco.

-Que? Tá brincando!!!

-Você tá namorando o Agus? - pergunta Sara.

-Não disse que estava namorando.

-Mas você disse que...

-Esquece o que eu disse. -reviro os olhos.

      Após logos desfiles de roupas pelo quarto, elas finalmente estavam prontas, maravilhosas. Diogo telefonou, dizendo que já estava a espera do lado de fora, e ambas saíram com a mesma animação com qual entraram.
     Fiz questão de apagar a luz, deixando apenas que através da janela a lua iluminasse meu quarto.
     Meus pensamentos são voltados novamente para Luiz. Suspiro cansada, pensava que já esquecerá esse assunto, mas ele continuava lá. Quando pequena comparava minha vida a um brinquedo, mais especificamente uma montanha russa, sempre em movimento, sem intervalos de tempo para descansar, e quando raramente isso acontecia, novas novidades surgiam para coloca-lo nos trilhos.
      Não sei se tomei uma das melhores decisões em sair da OSCU, sinto falta do ritmo corrido. No entanto, continuar trabalhando para o meu ex chefe não era uma opção.
       Sonhava tanto em ter um pai, e hoje, apesar de tudo , não consigo sonhar ou mesmo me imaginar chamando Luiz de pai. Sei que ele não fez por mal, e que seus objetivos poderiam até entrarem na escala de nobreza, dói saber que por egoísmo próprio cresci  imaginado ser órfã.
       E que ainda por cima não teve a coragem de dizer a verdade quando nos reencontramos.










Agente MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora