20 - Aulas práticas

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Will tem me perseguido. Aparentemente ele está preocupado com os meus problemas, sobre o tal do Diabo disfarçado e sobre o rei Nicholas. Essa manhã eu acordei com batidas na porta e para minha surpresa ao invés de ser o dono da casa, meu querido professor, era William.

Ainda estava de pijamas e com o cabelo bagunçado quando abri a porta, vi quem era e fechei a porta na cara dele me jogando na cama em seguida.

- Emma. Abre. 
- Nunca.
- Eu quero conversar.
- Desde que não seja sobre o demônio ou o rei Nicholas.
- Tenho duas coisas a dizer. Por favor chame o demônio pelo nome, é estranho demônio. E por que chama o Nicholas de rei Nicholas?

Assim que ele acabou de falar ouvi uma discussão abafada, imaginei que era Harrison me ajudando a me livrar dele, sorri e me levantei. Fui até o banheiro e fiz minha higiene matinal, coloquei um vestido branco que eu não sabia que habitava meu armário.

Vamos fingir que eu só queria estar arrumadinha ou algo assim e foi por isso que resolvi arrumar o cabelo em uma trança de lado. É um motivo bem melhor do que eu queria ficar mais tempo trancada no quarto só para o caso de William ainda estar aqui. Só adiantando, não serviu para nada.

Saí do quarto e vi Will sentado no sofá olhando para o nada, passei reto e fui direto para cozinha. Como sempre o café da manhã estava pronto, hoje era dia de novidade. Toda semana em pelo menos um dia o professor fazia café com coisas naturais deste reino, cada dia algo diferente, hoje era esse dia.

- O que temos para o café hoje? 
- William está na sala.
- E eu estou com fome. - dei um sorrisinho 

Peguei um prato de não-faço-ideai-do- que-é e um copo de pode-ser-até-veneno e fui até a sala de estar, coloquei o prato na mesa e bebi um gole da bebida. O silêncio era desconfortável, William quase nunca ficava calado, quando ficava ele estava na pior.

Coloquei o copo na mesa ao lado do prato em cima da mesa em frente à estante de livros, ok, estava nervosa. Olhei para Will e franzi a testa, ele nem se movia.

- Não posso te contar o nome dele, do demônio eu digo, mas podemos chamar ele de Adams. - tentei esboçar um sorriso - E é só uma mania, vou voltar a chamar ele de Nicholas eu juro, vou esquecer isso.
- Recebi uma carta da Maggie, ela disse que os pais dela são adoráveis, que Ethan, quer dizer papai, ainda vai visitar ela de vez em quando. A sua mãe também. - ele finalmente me olha
- Isso é bom não é? 
- Isso depende, é acho que é. - ele dá um sorriso fraco - Vem, vamos para aula.
- Ahn.. claro.

Só para deixar claro não é porque a escola ensina magia ao invés de matérias normais que ela não é chata ou não tem os babacas e as patricinhas. Eu não sei se minha personalidade é simplesmente demais para eles ou se a minha proximidade com a família real é, mas eu não fiz muitos amigos.

A escola é exatamente como uma escola daquelas de filme, é claro, tirando as proteções mágicas, de qualquer forma, eu havia me cansado da parte normal da escola. Uma parte do Colégio é apenas para os que querem aprender a magia na prática, geralmente, magia de ataque, já que na aula teórica só se aprende magia de defesa.

A algum tempo eu me inscrevi e arrastei William comigo para as aulas práticas. O lado bom das aulas é que nunca se fica entediado, o lado ruim é que o professor, eu descobri, era o Sr. Adam Wright, conhecido por mim como Demônio, ou talvez, Diabo.

A turma era composta por alguns poucos jovens comuns, a maior parte tem medo desse tipo de aula, e por vários guardas, tanto em treinamento quanto já em serviço. Geralmente a sala é só um grande salão protegido com magia, no entanto hoje alguns bancos preenchiam o ambiente, na verdade quase bancos, William tentou se sentar e caiu no chão assim como quase todos os outros.

- Bancos ilusórios. - o professor apareceu de sei lá onde  e os bancos sumiram - Prefere ficar em pé?
- Hã? - percebi que ele olhava para mim - Não vim para aula prática para ficar sentada assistindo.

- Boa resposta. - ele sorriu de lado - Hoje vou avançar vocês, desse jeito estão me entediando. - ele apontou para o lado e símbolos surgiram no ar - Escolham.

- Olha, para um professor, você explica muito mal. - Will se levanta
- Veja bem, você. Os poderes de um Peregrino precisam ser canalizados e usados da maneira certa, só precisam decidir que caminho querem seguir.

- Tudo bem, aquilo é fogo, água, terra, vento, gelo, natureza.. - indico os símbolos - E os outros?
- Escuridão e luz. - Will completa - Espera, como eu sei disso mesmo?
- Interessante. - Logan tocou a testa de William
- Nada interessante. - ele tira a mão do professor
- Hipóteses? - Adam olha em volta para seus alunos - Como vocês são calados. Você não escolhe. - ele volta olhar para Will - Já escolheu.
- O que? Eu não.. Emma? Em?

Essa parte da história é o que me contaram por que eu não me lembro de nada. William me disse que eu estava em pé como se estivesse hipnotizada com as mãos estendidas e palmas viradas para cima e atraía os símbolos de luz e escuridão para perto de mim. 

Logan me disse que assim que os símbolos se tocaram uma explosão mágica de sombras e reflexos apagou todos os alunos e guardas e ele foi o único de pé, já que, era o mais esperto e com certeza o mais poderoso naquele lugar. Palavras dele.

Agora vou contar como me lembro, eu estava encarando os símbolos de longe, boom, não me lembro de nada, boom, eu estava caindo direto nos braços do meu professor que estava claramente apavorado, boom, não me lembro de mais nada.

Acordei em um quarto pequeno e todo bagunçado que não se parecia em nada com a enfermaria do Colégio e muito menos com a enfermaria do castelo. Minha visão estava, hm como descrever, errada, no entanto conseguia ver que o Demônio estava sentado em uma cadeira com os pés na cama onde estava e um pirulito na boca. 

- Finalmente. - ele tirou o pirulito da boca e sorriu - Teu amigo acordou bem mais cedo. 

Olhei para o outro lado e Will estava sentado com as mãos e pernas amarradas, ele olhava para mim e mesmo não tendo nada que o impedisse não falava nada.

- Oque? - tentei me levantar mas estava amarrada na cama - Ei idiota! Me solta!
- Tão fofa. Tão interessante. Tão perigosa. - ele parecia se divertir - Ele também, quer dizer, sem a parte do fofa.
- Ah obrigado. - Will murmurou
- Ah qual é, vamos nos divertir. - ele pegou um canivete e cortou minhas amarras - Está tudo bem princesa. Ajude o seu amigo, vou fazer algo. - me levantei e fui ajudar o Will

Assim que estávamos os dois soltos abracei Will, otimista demais, revendo a situação. William apontou para trás de mim, quando olhei, Logan estava parado encostado na parede, e a porta havia sumido.

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- Amyone

PeregrinosOnde histórias criam vida. Descubra agora