17 - A alguma coisa divertida

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- Senhorita Lee? Senhorita Lee. - o professor de história da magia me acorda dos meus pensamentos
- Sim? - respondo colocando um sorriso falso no rosto - Desculpe.
- Pode me dizer sobre os diferentes reinos? Os mais próximos pelo menos. - ele sorri de volta
- O País das Maravilhas? - ironizo e todos riem
- Ririam menos se estivessem dois anos a frente e.. - o alarme o interrompe - Sumam.

Todos se levantam, pegam suas coisas e saem da sala exceto eu, continuo sentada olhando pela janela da sala.

- Vá embora senhorita. Ficar aqui não vai melhorar sua vida em nada. - o professor bagunça meu cabelo carinhosamente e saí como todos os outros

Nos últimos dias eu havia passado bastante tempo no Colégio mesmo depois das aulas para evitar o castelo. As aulas que aprendia não eram as mesmas que aprendia na Terra mas o Colégio se parecia exatamente como o de antes e isso me fazia me bem.

Abri meu caderno na última página, peguei um lápis e comecei a desenhar tudo o que fazia parte da minha vida antiga, minha casa de infância, meu cachorro, qualquer coisa. Acompanhei no relógio o tempo se passando, uma, duas, apenas desenhei por três horas até Nathan aparecer.

- Emma, alguém sente sua falta. - ele se senta na carteira do professor
- O Papai Noel? Não vejo ele a uma semana. - fecho meu caderno e guardo minhas coisas
- Não, não é ele, mas se o vir avise que também sinto saudades. - ele sorri
- Ele é real?! - Maggie entra na sala eufórica
- Oh, era ela. Pff. - rio e vou até eles - Fique por perto. - pisco para Nathan - Vamos Mags!

Maggie chegou a conclusão de que eu precisava reservar um tempo para fazer alguma coisa divertida, ela fez algumas pesquisas e segundo ela achou a coisa mais divertida de todos os reinos. Quando saí do Colégio havia uma carruagem esperando por nós.

Foram várias horas de viagem com algumas paradas para o que eu acho que eram travessias de fronteiras. Passei o tempo todo tentando convencer Maggie a dizer o que íamos fazer porém ela não cedeu.

Quando chegamos ao nosso misterioso destino, o cocheiro abriu a porta e estendeu a mão para Maggie a acompanhando. Olhei para fora ainda de dentro da carruagem, estávamos em campo aberto, não podia ver nada por perto além da neve que cobria toda a antes verde grama.

- Pensou que haviam te esquecido princesa? - William aparece e estende a mão
- Sabe, odeio que me chamem de princesa, - ignoro sua mão estendida e desço - príncipe.
- Onde estão os modos? - ele ri - Não congele por favor. - ele me cobre com um casaco - A diversão nem começou.

Nunca, jamais, em hipótese nenhuma rejeite o convite misterioso dos seus amigos, sério. Andamos em baixo da neve por uns dez minutos desviando de árvores até chegarmos à uma cabana de madeira. Maggie já estava lá esperando por nós e o cocheiro já havia ido embora.

Nem sequer entramos na cabana, fui arrastada ainda sem saber o que iríamos fazer para uma cachoeira logo atrás da mesma. Não me pergunte sobre o que aconteceu, mas em um momento estava nevando e eu estava tremendo mesmo de casaco e no outro estava ensolarado e não pude suportar um minuto com as roupas que usava.

Antes estava em uma grande floresta coberta por neve e agora estava depois da floresta em um campo de flores sem nem seque um floco de neve. No meio das flores uma cachoeira deixava tudo mais encantador.

- Willi.. - começo a falar boquiaberta
- Ainda nem viu a melhor parte.
- Ali Will! Ali! - Maggie grita animada

Não me pergunta sobre isso também, virei a cabeça para onde a pequena apontava e o que vi era o ser mágico que qualquer ama e que, pelo menos eu pensava assim, não existe. Quando virei a cabeça vi um unicórnio correndo por entre as flores.

- AI MEU DEUS! WILLIAN! WILLIAN! - grito eufórica e agarro o braço do Wilian
- EU SEI! EU SEI! - ele grita de volta e pega minha mão - Vamos montar um unicórnio princesa.

Talvez eu tenha ficado com um pouquinho de medo, só um pouquinho. Subi em um dos cavalos mágicos com a ajuda de William e ele subiu em outro com Maggie. Os unicórnios saíram em disparada assim que subimos como se soubessem o que fazer.

A sensação do vento do rosto e do Sol na pele era diferente de em qualquer outra situação, a adrenalina e a sensação de que qualquer coisa poderia acontecer eram indescritíveis. Eu juro que até vi um rastro de arco-íris surgindo no caminho do unicórnio, no entanto, não pense que só porque são unicórnios não iria cair, eu caí, e feio.

- Droga. Você está bem? - Will salta do unicórnio dele
- William. Sua irmã. - aponto para Maggie que tentava se equilibrar sozinha no unicórnio
- Droga. - ele sai correndo atrás da irmãzinha e eu começo a rir deitada no campo

Depois de recuperarmos a pequena e nos certificarmos que todo mundo estava bem pegamos nossos casacos e fomos para a floresta gelada. As garotas, ou seja, eu e Maggie fomos para dentro da cabana preparar chocolate quente e os garotos, ou seja, só o Wlliam foi buscar lenha para a fogueira.

O estranho sobre a minha vida é que ela é terrível, a maioria dos dias parecem pesadelos e as pessoas próximas a mim morrem ou vão embora de repente, porém ao mesmo tempo, existem alguns simples momentos os quais fazem minha vida parecer a melhor.

- Quantas garotas do Colégio já ficou? - jogo uma pipoca na boca de William
- Do Colégio? Sei lá perdi a conta. Com quantos guardas dormiu? - ele joga uma na minha
- Sei lá perdi a conta. - dou de ombros - Isso me faz perder o direito de te odiar por isso?
- Completamente. - ele dá um sorriso típico - Você é igual a mim princesinha.
- Sabe como é, príncipe, princesa, claro que somos. - sorrio

Ouço os passos rápidos de Maggie vindo da direção do quarto, ela havia dormindo à algum tempo atrás me deixando sozinha com William. A pequena pegou uma caneca com chocolate quente e marshmallows e se sentou ao meu lado.

- Eu quero um Mags. - dou um empurrãozinho nela
- Eu faço. - Will levanta
- Que cavalheiro. - brinco e rio
- Haha.

Não era chocolate quente, era café, e eu bebi rápido demais. Corri atrás de William por um tempo, até que Maggie colocou o pé em sua frente e ele caiu. Nunca, jamais, de forma alguma irrite alguém que é completamente capaz de te carregar.

Assim que William levantou do chão ele me jogou por cima do ombro e saiu do jeito que estava correndo da cabana, passou pelos unicórnios e pulou na cachoeira comigo ainda no ombro. A cachoeira era funda então eu sendo pequena não dei pé, Will me soltou por um minuto e o casaco pesado me puxou para baixo.

Obviamente eu entrei em desespero e comecei a me debater e tentar gritar, obviamente William me ajudou, obviamente ele começou a rir de mim enquanto me levantava.

- Idiota. Idiota. Me solta! - começo a me debater novamente
- Quer mesmo se afogar? - ele fala com dificuldade já que estava voando água em seu rosto - Ou me matar afogado talvez? - ele reclama
- Eu te odeio. - paro de me debater
- Que princesa pequena. - ele ri alto

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- Amyone

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