O PASSADO DE MARISA
Na sexta feira seguinte Marisa teve uma desagradável surpresa. Ao chegar em casa depois do trabalho, deu de cara com Otávio, seu ex-noivo no maior bate papo com sua mãe que lhe era toda sorrisos e atenção. Ao ver a cena, Marisa soltou o suspiro, misto de desânimo e desgosto e o cumprimentou já em movimento por mera formalidade.Sua vontade era passar apressada pela sala dando logo as costas àquela figura, para aquele canalha. Otávio era um sonso de marca maior, se fazia de santo mas era o maior mulherengo do pedaço,apesar de ser seu noivo, "comeu" metade das supostas amigas dela, fez do coração de Marisa "gato e sapato", em momento algum respeitou a relação deles, falou para dela pelas suas costas à todas as suas amigas, ela era literalmente a "trouxa ingênua", como ele mesmo a intitulava. Ela ficou muito decepcionada e extremanente amargurada no momento em que descobriu tudo sobre ele e sem perder tempo rompeu o noivado. Para não se expor demais ou ter que dar extensas explicações, optou por não contar toda a verdade para sua família, no fundo ela queria calar e esquecer. Como um caramujo, ela queria recolher-se a proteção da sua casca. Por não revelar o motivo do rompimento, todos acabaram ficando contra ela, o que fez com que Otávio ainda saísse da história como ofendido, o injustiçado. Aos olhos dos pais de Marisa, como uma menina de família poderia sair de um compromisso dessa forma, afinal, já era um namoro de anos, com um rapaz até certo ponto bem sucedido e de família distinta. Eles já tinham inclusive alguns itens do enxoval comprados, fruto de alguns presentes recebidos.
Por isso, naquela tarde, Marisa passou pela sala emburrada indo apressada para o seu quarto. Fechou a porta, sentou-se na cama e o escudo de força ameaçou cair, Marisa teve então vontade de chorar ao relembrar toda aquela tristeza do seu passado representado sob aforma do seu ex-noivo presente ali na sua sala. Contudo, nem deu tempo dela refletir ou das lágrimas brotarem nos seus olhos. Logo vieram as batidas na porta.
Marisa abra a porta! Nós precisamos conversar. - Falou Otávio.
Marisa encheu-se de raiva e respondeu:
Vá embora e não me procure mais por favor, tenho certeza de que não temos mais assuntos pendentes.
Talvez ainda possamos ter, depende de você.
Vou dizer pela última vez; VÁ EMBORA!
Tudo bem, hoje eu vou deixa-la a sós com seus pensamentos, mas eu prometo que volto. Só te peço que ouça sua mãe, ela só lhe quer bem, assim como eu. Estou arrependido de ter aceitado você me deixar, hoje vejo que deveria ter insistido mais com você. Por isso, queria te pedir mais uma chance.
Nunca mais você vai me enrolar e me fazer sofrer. Nunca mais você terá minha atenção ou sequer um pensamento meu. Vá embora de uma vez e me deixe em paz.
Do lado de fora da porta se fez silêncio o que fez com que Marisa não retivesse mais suas lágrimas. Para ela era muito ruim assim,inesperadamente reviver todos aqueles sentimentos de angústia e raiva, todo sofrimento que aquilo tudo lhe causara. Tudo era como uma cicatriz que teimava em doer como a mudança do clima. Marisa sentiu-se frágil e desprotegida e chorou copiosamente deitada de lado toda encolhida, abraçando suas pernas em posição fetal, como que se colocando em posição de defesa. Ela nem saiu mais do quarto,seja para jantar ou conversar, apesar dos pedidos insistentes de sua mãe. Ela não queria falar com ninguém e só depois de ser vencida pelo cansaço, dormiu com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
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Três. Um jeito de amar
RomancePREFÁCIO Existem limites para o ato de amar? Será possível simplesmente demarcar fronteiras em sentimentos e dizer até onde eles podem ou devem ir? Sonhar, amar, desejar, viver. Conjugamos esses verbos sob a forma de atitudes que, no fim, é que...