O JANTAR
As meninas ficaram de levar somente o vinho, Jéssica combinou de apanhar Marisa em sua casa por volta das 19h, assim, por volta das 20h estariam tocando a campainha do apartamento do amigo delas.Quinze minutos antes do combinado Jéssica já buzinava em frente ao portão da casa dos pais de Marisa, com quem esta morava.Surpreendentemente Marisa também já estava arrumada e pronta para ir. Fez um sinal lá de dentro que já estava indo e menos de cinco minutos depois já estava entrando no carro da amiga. Durante o trajeto um silêncio cúmplice abateu-se entre elas, conversaram bem pouco e nada sobre o jantar em si ou suas expectativas. Pareciam querer manter ainda que inconscientemente uma aura de mistério em torno de tudo, preferiam não especular sejam lá quais fossem as expectativas e objetivos de uma ou de outra, ambas não ousavam quebrar o encanto envolvido ou o pacto silente que existia entre elas. Distraída e sem perceber, Jéssica acabou por dirigir um pouco depressa demais e cinquenta minutos depois de deixarem para trás a rua onde Marisa morava, entraram na rua em que ficava o apartamento de Antony. Estavam bem adiantadas mas não resistiram a ansiedade e optaram por não fazer qualquer tipo de hora. Anunciaram-se ao porteiro, subiram pelo elevador e poucos segundos depois tocavam acampainha do apartamento. Antony abriu a porta e lhes deu um largo sorriso ao vê-las, seguido de um abraço apertado e um beijo caloroso nas bochechas de cada uma delas. Ele vestia um avental preto sobre sua calça jeans e uma camiseta de malha branca. Jéssica e Marisa entraram e foram direto para a sala de jantar, Antony dirigiu-se até a cozinha, preparou alguns queijos e frios como aperitivo para servi-las enquanto o aguardavam terminar o jantar. Ele os trouxe numa elegante tábua de madeira. Em seguida abriu uma das garrafas de vinho que as damas trouxeram, serviu três taças que alijá estavam dispostas e então propôs um brinde:
À nossa noite! À amizade!
Ambos sorriram animados pelo brinde e deram ao mesmo tempo o primeiro gole no vinho encarando-se. Ele retornou para a cozinha como o objetivo de concluir o jantar. As duas continuaram sentadas na mesa que divisava o espaço com a cozinha separados somente por uma meia parede, dali ficaram observado-o dar os últimos retoques no prato que preparava.Era tudo tão organizado, meticuloso, cada tempero no seu lugar,retornando à ele após ser usado. Antony tinha de fato ares de quem estava ali e sabia o que estava fazendo. Elas conversavam entre si em voz baixa na maior parte do tempo alternando olhares na direção dele, bebiam vinho, soltavam risinhos abafados e por vez ou outra teciam algum outro comentário em voz alta e lhe chamavam à conversa, nessas horas ele apenas sorria, meneava sua cabeça concordando com o que era dito. Depois de algum tempo ele levou o último prato que preparava ao forno, tirou seu avental enquanto caminhava sorrindo na direção delas, aproximou-se já despido dele.As duas reparam nesse momento no corpo esbelto e levemente malhado de Antony diante delas. Os braços apertados pelas mangas dobradas da camiseta, o porte ereto, o tórax modelado cuja mesma camiseta moldava. Ambas olharam para ele enquanto este ainda vinha na direção delas e depois se entreolharam e sorriram tal qual duas adolescentes diante do garoto mais popular do colégio. Ele veio, parou diante delas, as duas mãos apoiadas sobre a mesa na extremidade oposta de onde se sentavam. Ele sorriu como se sorrisse para uma delas de cada vez, um riso simples mas que parecia peculiar e especial, exclusivo,seu melhor sorriso, aquele que se espalha pela face, encontra os olhos e está presente em cada parte de suas expressões faciais.Aquele sorriso de dentes perfeitamente alinhados e bem claros, que cativava, seduzia e envolvia aliado aquele olhar esverdeado e penetrante que perpassa os olhos e nos toca a alma sem a mínima chance de defesa.
Bem senhoritas, agora precisam me dar licença pois enquanto o forno termina meu serviço preciso tomar um banho e me aprontar para o jantar, afinal vocês chegaram um pouquinho adiantadas e não me deram tempo para aprontar tudo, inclusive a mim mesmo. O apartamento é de vocês, fiquem a vontade para explora-lo o quanto quiserem, afinal de contas ele nem é tão grande assim, muito ao contrário, é até bem pequeno, sem muitas chances de se perderem. – Concluiu ele.
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Três. Um jeito de amar
RomancePREFÁCIO Existem limites para o ato de amar? Será possível simplesmente demarcar fronteiras em sentimentos e dizer até onde eles podem ou devem ir? Sonhar, amar, desejar, viver. Conjugamos esses verbos sob a forma de atitudes que, no fim, é que...