Capítulo sem título 20

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UM DIA NO PARQUE


Aproximava-se o aniversário de Antony, faltando cerca de dez dias para a data específica. Ele e Marisa passavam uma tarde na Quinta da Boa Vista,relaxavam na grama sob a sombra de uma grande árvore. Na frente deles à uma certa distância, algumas crianças corriam e brincavam próximas ao lago. Marisa estava sentada recostada numa árvore grossa, enquanto que Antony permanecia deitado com a cabeça repousada sobre as pernas dela. Ela lhe acariciava os cabelos e sua face com seus dedos finos e delicados e seus olhos se perdiam no horizonte sem compromisso. Ele ao contrário, mantinha as pálpebras fechadas, totalmente absorto e livre de preocupações. De repente,Marisa quebra o silêncio e lhe pergunta:

 - Você sente falta dela?


 - De quem? Marisa?


 - De quem mais seria? Ou vai me dizer que havia ainda mais alguma mulher na sua vida? - Disse isto dando-lhe um leve beliscão.


Antony sorriu e abriu os olhos, ela longe de ter de fato ficado chateada,encarou seus olhos e sorriu junto com ele que então respondeu:

 - Sim e não!


 - Como assim? Não entendo...


 - Sinto-me tão feliz quando estou contigo que nossa felicidade já me basta. A conexão que temos é tão boa que eu não quero de forma algum estragar isto, quebrar o clima. Você é linda e maravilhosa, a melhor namorada que alguém pode querer ou ter. Por isso, melhor não falarmos sobre isso. Águas passadas não movem as pás do moinho.


 - E se eu te disser que sinto a falta dela. - Marisa disse isto encarando-o com certo ar de seriedade.


Antony hesitou por um um momento antes de continuar aquela conversa. Também ele sentia falta de Jéssica, mas a última coisa que ele desejaria hoje em dia era magoar Marisa. Jéssica era um assunto delicado e do qual ele não poderia dizer ou fazer nada a respeito, estava além das suas mãos ou da sua vontade. Ele sabia bem como era se sentir perdido e rejeitado, entendia como poucos como era aquela sensação de estar a sós consigo mesmo e muito por isso, mediu bem as próximas palavras antes de proferi-las.

 - Jéssica é uma pessoa muito especial, daquelas que tem uma aura que contagia. Aquele seu sorriso brilhante e o seu bom humor fazem falta em qualquer lugar, à qualquer um. Mas para isso acontecer, para ela poder ser ela mesma, esta pessoas que nos cativa, ela precisa estar feliz e para que ela seja feliz, precisa encontrar o seu caminho, as suas vontades. Vocês tem uma ligação forte por conta da amizade antiga. Natural que sinta falta de estar com ela.


 - Isso é verdade, só espero que ela esteja mesmo bem.


 - Oxalá que sim!


 - Mas mudando drasticamente de assunto, acho que tem alguém prestes a ficar mais velho! - E lhe fez cócegas ao dizer isto.


 - Deixa isso pra lá, depois dos trinta a gente não comemora mais aniversário.


 - Nada disso, precisamos sim de uma festa, ainda que ela seja uma festinha privê. - Corando de vergonha e ao mesmo tempo soltando uma gargalhada ao dizê-lo.


Antony levantou-se e permaneceu em silêncio sentado com o corpo lado a lado ao dela, olhando-a fixamente nos olhos antes de soltar:

 - Que história é essa de festinha privê? Você está ficando bem assanhadinha, dona Marisa.


 - Por que? Não gosta mais dos meus modos? - E Marisa deu um sorriso de malícia e em seguida mordeu de leve os lábio inferior.


 - Absolutamente! Eu amo tudo em você, sem exceções. - Antony ao dizer isto procurou de imediato pelos lábios de Marisa o que rendeu um beijo quente.


Depois do beijo, Antony continuou:

 - Você é a mulher da minha vida!


 - Ah, é! E a Jéssica?


Antony mudou a expressão da face, ficou sério, abaixou os olhos e disse:

Não posso e não devo falar sobre ela, ela não está aqui. Quem está aqui comigo agora é você! Nesse momento é isto que faz sentido pra mim.


Marisa lhe fez um carinho e pousou seus lábios no dele, num longo beijo de bocas fechadas. Seus lábios pressionados um de encontro ao outro,seus olhos a esta altura fechados mas com certeza que os dois estavam enxergando-se além de si mesmos uma tal felicidade. Em seguida eles se levantaram e saíram com ternura caminhando de mãos dadas pelo parque, o sol amarelo do fim do outono aquecendo-lhes de leve a face tal qual um beijo de amor.


Assim era a relação entre Antony e Marisa, repleta de uma quietude, de uma paz de espírito, tudo muito singelo, fácil e descomplicado.

Três. Um jeito de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora