O DIA D –O PEDIDO
O sábado chegou trazendo consigo uma série de grandes expectativas.Marisa e Jéssica tinham a certeza de que seriam alçadas à condição de namoradas de Antony, vislumbravam um mundo de ótimas possibilidades agora que tinham a certeza de terem encontrado o homem de suas vidas. Dormiram e acordaram de repente como mulheres apaixonadas, ávidas por viverem uma grande história de amor, não um conto de fadas mas sim, uma história de paixão, de beijos e sorrisos onde o final feliz era o agora. Antony não deixava também de estar ansioso e cheio de expectativas, desde que ele havia optado por aquele caminho, deixou de pensar demais para não ter dúvidas ou crises de confiança e consciência. O que ele estava por fazer beirava a loucura e apesar de não o estar fazendo pelo motivos cuja a imensa maioria dos homens o faria, ele tinha medo, ou melhor, uma quase certeza de que poderia ver a ser mal interpretado. Ele tinha ganas em viver e depois de muito tempo inerte e entorpecido, Antony sentia outra vez o calor da paixão em seu coração. Era difícil avaliar se ao tomar tal decisão estaria agindo com a razão ou com a emoção. Decidira-se por ouvir a voz do seu coração, afinal, só não saberia discernir entre qual das duas metades ouvir.
Ele comprometeu-se em mais uma vez cumprir seu papel de "gentleman"e buscar as duas amigas em suas casas. Passou primeiro pela casa de Marisa fazendo questão de entrar, cumprimentar e conhecer os pais dela. Tanto o pai quanto a mãe de Marisa pareceram nutrir uma simpatia espontânea por ele. Seus modos polidos, seu jeito simpático e cativante de sorrir, o olhar atento ao ouvi-los falar, as palavras gentis e educadas que proferia. Sua mãe ainda titubeou um pouco, não pretendia ainda dar o braço a torcer e tentou manter certa distância, por algumas vezes pareceu desconfiada e reticente. Não queria dar abertura para aquele homem que surgia de repente na vidada filha com o qual ainda tinha relações estremecidas. Mesmo que sem um motivo concreto, ela não se rendeu ao charme de Antony. Havia apenas dois dias que Marisa e sua mãe tinham voltado a se falar mesmo que de um jeito ainda meio informal e talvez até por isso, sua mãe ainda mantivesse os ares de estranheza. Quando enfim Marisa surgiu na sala, Antony que até aquele momento mantinha-se sentado no sofá, levantou-se de pronto, pediu licença aos pais dela, caminhou até ela e com grande reverência, tomou suas mãos entre as dele,beijando-as enquanto olhava nos olhos dela. Marisa como de costume ficou ruborizada, mais ainda por estar na presença dos pais dela. Antony então lhe disse:
Você está como sempre, linda demais?
Ela agradeceu o gracejo com um belo sorriso. Usava um vestido azul de alças, justo na parte superior e com uma espécie de saia rodada na parte inferior.Usava um sapato tipo scarpin de saltos nem tão altos também na cor a azul, combinando com o vestido. Ela usava brincos pequenos e um colar fino com uma pequena pedra pendurada no centro,ambos pareciam ouro branco. A maquiagem um pouco mais carregada que o habitual mas tudo muito discreto como de hábito. Os cabelos estavam soltos com um arranjo em forma de arco e uma flor branca e azul do lado esquerdo da cabeça. Despediram-se de seus pais e ao saírem porta a fora, Antony ofereceu o braço para que de braços dados caminhassem até o seu carro.
Jéssica já aguardava por eles no portão de sua casa muito ansiosa, vestia um vestido preto justo e curto. Vestia também uma meia-calça preta e uma bota de cano curto. Nos lábios um batom cor de vinho puxado para o vermelho e brincos cumpridos nas orelhas. Jéssica também estava linda aos olhos de Antony com aquele seu estilo mais autêntico e peculiar, uma beleza quase selvagem, indomável. O carro mal parou e ela já foi entrando pela porta de trás, enfiando-se entre Antony e Marisa que estavam nos bancos dianteiros. Sem cerimônia tascou um beijão no rosto dele, quase colado em sua boca deixando as marcas de batom dos lábios dela na bochecha de Antony, para só então, enfim,esparramar-se no fundo do banco traseiro, sendo observada em sua falta de modos por ele através do espelho retrovisor central. No caminho para o restaurante praticamente só as duas amigas falaram.Assuntos fúteis, típicos de amigas que não se falavam há tempos.Gargalhadas aos montes, papos sobre outras conhecidas delas, amigas em comum (ou nem tão amigas), sobre modas, fins de namoros e novos casais na praça, traições. Antony a esta altura só poderia mesmo ouvir. Estava alheio ao assunto tentando alinhar seus pensamentos,conter a ansiedade e o nervosismo. No fim ele agradecia por aquela distração, pois não queria transparecer que não estava de fato interessado no que diziam, afinal não era do seu feitio fazê-lo.Além disso, aquele monte de amenidades acabava por trazer descontração ao ambiente que poderia conturbar-se com o passar da noite.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Três. Um jeito de amar
RomansaPREFÁCIO Existem limites para o ato de amar? Será possível simplesmente demarcar fronteiras em sentimentos e dizer até onde eles podem ou devem ir? Sonhar, amar, desejar, viver. Conjugamos esses verbos sob a forma de atitudes que, no fim, é que...