Capítulo sem título 15

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A PROPOSTA


O clima esquentava, os sorrisos nos rostos cada vez mais frequentes,era como se cada frase dita significasse um novo sorriso. Suas mãos involuntariamente se procuravam, queria e precisavam se tocar, sentir o calor de suas peles, quem sabe um beijo, um abraço, um carinho mais ousado. Era uma atmosfera de familiaridade, um quê de intimidade, casualidade, cumplicidade. Todos eles se queriam, se gostavam, se bastavam e então na cabeça de Antony, veio o estalo. O momento só poderia ser aquele, tudo parecia conspirar a favor, era mais do que propício e ele precisava aproveitá-lo. Ele então tomou mais um pouco de saquê, pegou emprestado um ar mais sério, quase professoral, fez aquele som típico de quem tira o pigarro da garganta para lhes chamar a atenção. Elas se entreolharam e ambas sorriram com excitação e satisfação em expectativa. Calaram-se. Antony respirou fundo parecendo tomar fôlego, ele havia ensaiado bemas palavras, medido cada linha do que tinha à dizer, mas agora parecia que as palavras lhe escapuliam travessas. Tinha tentado planejar cada gesto, imaginar cada interjeição, cada possível reação e comentário, cada senão por parte delas. Todavia, era praticamente impossível realizar previsões, estar preparado para oque nem ele sabia que poderia acontecer, sobre o que pensariam a seu respeito. Ele mesmo achava-se meio louco ante ao que estava prestes a dizer, será que achariam viável ou ousado demais? Era bem provável que acabasse por perder as duas pensando em não magoar qualquer uma delas que fosse. Tudo isto se passava outra vez pela cabeça numa fração quase eterna de segundos enquanto as palavras ainda não lhe vinham a boca. Então tomado por uma coragem que aflorou nele como a erupção de um vulcão, enfim falou.

Bom meninas, vocês como boas e lindas representantes do sexo feminino que são, devem estar se roendo por dentro de curiosidade sobre o que vou dizer agora. Pode parecer meio louco o que direi, por isso, peço a vocês que me ouçam até o fim e, se possível não me interrompam, pois não é fácil dizê-lo à vocês. Tudo o que aqui direi é reflexo do que trago comigo em meu coração.


Ambas silenciaram mais, perdendo um pouco do sorriso que até pouco tempo ostentavam, suas expressões tensas e agora preocupadas. Um certo arde sobriedade estabeleceu-se no ar, uma atmosfera de expectativa e certa apreensão. Antony continuou:

Creio que vocês já conhecem bem sobre minha experiência com o amor, sobre tudo o que passei, sobre o que penso sobre este assunto em particular. Eu ainda acredito que o amor é nossa melhor possibilidade para sermos felizes. Por um tempo eu me fechei, deixei meu coração entorpecido, em compasso de espera, como que guardado e preservado numa caixa cuja chave, apesar de saber onde estava, eu não queria ver ou buscar. Eu me encolhi e me abstive temendo por amar e tornar a me magoar. Porém a caixa em que meu coração estava guardado não era de todo segura, era de cristal, transparente e fácil de ser violada. Assim aconteceu nessas últimas semanas, de repente eu me vi envolvido de novo, querendo amar, flertando e brincando desse jogo chamado sedução, exposto às paixões. Fiquei encantado por completo, atraído por olhares, por sorrisos, gestos doces e palavras simples, pelo modo como elas eram ditas. Eu era outra vez um pequenino inseto numa teia, incapaz de escapar, alheio à minha vontade. No começo minha razão dizia que não, insistia para que eu fugisse, saísse correndo depressa e escondesse novamente aquela caixa. Era tarde demais, foi impossível resistir a tantos encantos e por isso, decidi abrir aqui diante de vocês a caixa que contem meu coração, decidi enfim deixar a chave abri-la definitivamente, assumir e aceitar o que eu estou sentindo e ir atrás do que acho que vai me fazer feliz.


Neste instante tanto Jéssica quanto Marisa nem sequer olhavam uma para outra, o sorriso bobo estava pronto para aflorar em suas faces. Ambas ouviam a seus ouvidos a mais linda declaração de amor de suas vidas. porém como Antony parecia fazer apenas uma pequena pausa,elas não ousaram quebrar o silêncio e optaram por continuar apenas ouvindo.

Três. Um jeito de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora