A OUTRAPARTE
Do outro vértice deste triângulo, Jéssica sentia-se dispersa e insegura como nunca antes se sentira na vida. Tudo bem que entre ela e Antony houve um acordo tácito de silêncio, que não houve planos ou juras para serem cobradas, mas pelo jeito atencioso e romântico dele, ela esperava mais, esperava que ele fosse logo ligar após anoite de amor que tiveram. Tudo bem que não era de criar expectativas sobre os homens ou sobre seus relacionamentos, e até por isso, mesmo que não percebesse, era um comportamento estranho a ela aquele que vinha tendo. Algumas vezes ela se pegou pensando em como seria namorar de verdade com Antony e se ele seria mesmo capaz de enfim fazê-la acreditar que de fato há um príncipe encantado para cada mulher nesse mundo. Nunca pensou que este dia chegaria ou quem sabe, sempre quis que isso acontecesse consigo, mas pela primeira vez ela parecia acreditar que talvez, quem sabe, pudesse se descobrir apaixonada.
Não era mulher de esperar atitudes, era sim do tipo que fazia as coisas acontecerem. Por isso, Jéssica acordou do seu devaneio, desistiu de aguardar que algo acontecesse e apesar de meio confusa e perdida,caprichou na produção. Vestido curto e colado no corpo,ressaltando-lhe as formas voluptuosas. Maquiagem provocante, marcante e com um quê de sensualidade. Vestiu aquele sorriso imenso tipo arrasa quarteirão. Munida dessas armas, ela decidiu ir a luta, ou seja, foi atrás de Antony. As aulas haviam terminado e ele caminhava distraído pelo campus da faculdade onde lecionava em direção ao estacionamento para buscar o seu carro. Sua bolsa com material didático num dos ombros e mais alguns livros debaixo do outro braço.Ele olhava para baixo e era praticamente certo que ainda pensava na doçura de Marisa e na sutileza de suas palavras, estava a mais ou menos à uns cinco metros do carro quando levantou enfim o rosto na direção de onde ele estava e vislumbrou ali, em pleno estacionamento da faculdade, sentada sobre o caput do seu carro, comas pernas cruzadas em suas grandes coxas e com um decote que chamaria a atenção até em frente a um internato de padres, Jéssica, olhando para ele com aqueles olhos que dizem: "Olhos grandes são para te ver melhor" e com a arma que mais lhe chamava a atenção,aquele sorriso imenso, franco e escancarado, quase brilhante que parecia ir além do seu rosto e contagiava a tudo e a todos em torno de si, aquele sorriso que Antony julgava que tinha luz própria. Ele em um primeiro momento interrompeu seus passos e ficou ali imóvel como um inseto que cai na teia de uma aranha e não percebe, em seguida seus olhares capturaram um ao outro e ele seguiu seu caminho até lá. Caminhou devagar, sem dizer palavra alguma, deu a volta completa no carro admirando-a, esquadrinhando cada palmo daquelas curvas fartas que ele tanto desejou em sua adolescência e que há pouco ele possuíra por completo. Aquelas curvas pelo qual suas mãos hábeis haviam passeado sem cerimônia e aqueles lábios impregnados do gosto da luxúria e do desejo, aquele desejo que desencaminha e reorienta os sentidos, entorpecendo e eclipsando sua razão.
Olá, sentiu minha falta? - Disse ela.
Eu diria que sentir sua presença é melhor do que sentir sua falta. - Disse ele de pronto.
Ela olhou a pele do braço arrepiada e em seguida olhou de volta para ele, antes de continuar.
Olha o efeito que você causa em mim! Como você não ligou, decidi eu, procurar por você.
É como diz o ditado, se Maomé não vai a montanha....
....A montanha vai a Maomé – Completou Jéssica que continuou.
Eu não sou uma daquelas frágeis donzelas que simplesmente se isolam nas torres de seus castelos a espera do resgate de seus príncipes encantados. Se meu príncipe não vem, eu vou e sequestro ele...
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Três. Um jeito de amar
Storie d'amorePREFÁCIO Existem limites para o ato de amar? Será possível simplesmente demarcar fronteiras em sentimentos e dizer até onde eles podem ou devem ir? Sonhar, amar, desejar, viver. Conjugamos esses verbos sob a forma de atitudes que, no fim, é que...