O ENTENDIMENTO
Apesar de toda insegurança e toda confusão que lhe provocou aquela noite,Marisa não quis ir para sua casa e enquanto Antony dirigia para lá,a meio do caminho ela pediu que ele a levasse para cada dele.Trocaram poucas palavras, parcos olhares. Antony entendia que precisava respeitar o tempo pedido por ela para digerir o assunto, deforma alguma queria invadir o "seu espaço", sua cabeça.Afinal de contas, até mesmo ele ao aventar tal possibilidade dentro dele, ficara um tempo confuso quanto ao que verdadeiramente pensar.Aquela ideia apesar de vir para ele num estalo, precisou ser amadurecida, medida, antes que ele se decidisse por fazer-lhes aquela proposta. Ao chegar na casa dele, o silêncio persistiu por um tempo.Marisa sentou-se junto a mesa, enquanto Antony envolveu-se em assuntos domésticos. Depois de alguns minutos, ela lhe pediu para tomar um banho. Antony lhe arrumou toalhas limpas e lhe deu seu roupão, caso ela preferisse usá-lo. Ele disse a ela, que poderia ir ficar no quarto dele depois, que iria separar alguns itens enquanto ela tomava banho e, se quisesse, podia até trancar a porta depois que entrasse. Marisa nada disse em resposta, pegou as coisas e foi direto para o banheiro. Despiu-se, abriu o chuveiro e se deixou distrair por um tempo observando a água cair, antes de efetivamente começar a banhar-se nela. Ela enrolara o cabelo formando um "coque"atrás da nunca evitando assim molha-los e enfim, deixou que a água quase morna caísse sobre suas costas e seus ombros, fluíssem entre os seus seios. Sua musculatura estava tensionada, ela precisava relaxar, pensar com mais clareza. Afinal, renunciara à toda razão ao não sair correndo daquele restaurante e sequer admitir uma possibilidade qualquer de ficar com aquele homem. Marisa já se magoara antes, fora iludida e enganada, mas desta vez, apesar de toda loucura da situação, ela sentia que podia dar certo, ou melhor, ela queria que desse certo, pois estava muito envolvida, completamente apaixonada. Ela sentia-se segura ao lado de Antony desde que se lembrava. Para ela, desde sempre. Aquele cheiro de homem e aquele jeito dele fazer amor, as vezes tão menino, tão meigo, noutras vezes tão sedutor, senhor de si, viril. Ela estava confusa demais sim, mas lhe era impossível negar que estivesse tão apaixonada e envolvida, disso ela não podia ou não conseguia fugir, dele ou de si mesma, ou mesmo dos sentimentos que a consumiam. Ela amava o jeito como ele cuidava dela, de cada detalhe, do seu modo de lhe olhar nos olhos que a deixavam ao mesmo tempo nua e transparente, à vontade.Se decidisse por seguir aquele caminho, haveria sem dúvidas consequências, mas desta vez, ela parecia disposta a arriscar, ela queria viver o momento, jogar todas as suas fichas num único número da roleta, provar do doce sabor do amor durasse ele o tempo que fosse.
Do lado de fora, antony tentava não pensar muito contudo suas atenções se dividiam mesmo que não quisesse, entre Marisa, ao seu lado, e Jéssica tão distante e perdida. Ele pensava nas reações distintas, na surpresa dessas reações que em nada refletiram seus pré-pensamentos. Só lhe vinha agora à mente, as inúmeras possibilidades que se somavam aquele jogo, um incontável número de vertentes. Todavia, não lhe convinha naquele momento tentar supor,fazer conjecturas ou planos, o preocupava não saber sobre Jéssica mas ele de certa forma sentia prazer ao ouvir a água que descia do chuveiro aberto banhando Marisa, ali nua e tão perto. Antony preparou um chá de camomila para lhes serenar os ânimos e ajudar com que relaxassem um pouco. Marisa saiu do banho e ao vê-la ele notou que ela vestia seu roupão. Nela parecia largo e desproporcional, fazendo com que Marisa tivesse que segura-lo, não permitindo que o mesmo se soltasse de seu corpo por completo. Ela percebeu o engraçado da situação só de olhar para Antony e lhe sorriu um riso encabulado e descontraído de volta. Este ofereceu a ela o chá que bebia, ela aceitou e o bebeu com gosto e certo prazer.Outra vez Marisa sentia-se segura e cuidada ao lado de Antony,sentia-se num clima de aconchego e familiaridade. Depois de tomarem o chá, Marisa disse que agora pretendia descansar. Antony outra vez solícito, ofereceu-lhe sua cama. Ela levantou-se da mesa e lhe deu as costas indo na direção do quarto, mas antes que ela desse três passos, ele pediu para que ela esperasse. Marisa se deteve e virou-sena direção dele que também se levantou. Foi até ela e lhe segurando as bochechas, beijou-lhe a testa com ternura cumprimentando-a com um singelo "Boa noite!". Ela fechou os olhos e um arrepio lhe percorreu o corpo ao ser tocada por Antony. Ao reabri-los deu de cara com o olhar atento e apaixonante dele e então,tudo clareou ou tudo anuviou-se de vez. Marisa o pegou pelas mãos e o trouxe junto dela para caminharem na direção do quarto dele. Ao chegarem lá, ambos se sentaram na cama, se entreolharam e então Marisa novamente fechou seus olhos oferecendo a ele os lábios ávidos por serem beijados. Antony aceitou o sinal e lhe deu um beijo quase casto, enquanto com cuidado lhe acariciava a face. Quando seus lábios se descolaram, Marisa sorriu em resposta e lhe disse:
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Três. Um jeito de amar
RomansaPREFÁCIO Existem limites para o ato de amar? Será possível simplesmente demarcar fronteiras em sentimentos e dizer até onde eles podem ou devem ir? Sonhar, amar, desejar, viver. Conjugamos esses verbos sob a forma de atitudes que, no fim, é que...