1. Trouble Sleeping

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O sol da manhã já brilhava ardentemente pelas frestas da minha cortina e incomodava meus olhos. Viro para o outro lado e protejo meus olhos da luz com meu cobertor, achando uma posição perfeita para dormir pelo resto do dia. Porém, uma voz longe e feminina me chamava, ecoando em meus sonhos e ficando cada vez mais alta, mais alta, mais alta...

- Garota, se você não pular dessa cama e ir pro chuveiro, eu vou ter que te dar um banho aí mesmo. Ouviu, Alice? - Mamãe sai do quarto batendo pés e fecha a porta com um baque forte.

Com essa bela chamada eu saio da cama e me arrasto até o banheiro sentindo o peso da insônia que me tomou há uma semana, devido a uma semana de provas arrasadora que acabou com minha saúde física e mental. O resultado de tantas noites sem dormir é a minha cara inchada, olheiras negras e lábios rachados, ou seja, eu parecia uma versão feminina do Frankenstein. Nada que uma ducha gelada não resolva.

Visto a primeira roupa que vejo no armário (que consistia em um jeans velho e uma camiseta amassada) e desço as escadas correndo, já que o relógio do corredor acusava 6h30 e minha primeira aula de hoje começa às 7h, aula do professor Victor que por sinal, é o professor a qual eu me candidatei para sua iniciação científica e odeia atrasos na aula.

Papai estava sentado na mesa da cozinha verificando alguns papéis da empresa com sua xícara de café amargo.

- Alguém está atrasada para a aula? - Ele sorri para mim enquanto eu beijo sua testa e peço a benção.

Mamãe tira os pães da torradeira enquanto despejo o café na minha xícara. Abraço-a por trás e beijo sua mão pedindo a benção.

- Deus te abençoe... Agora engole essa comida. - Passo a manteiga no pão e me apoio na ilha da cozinha. Olho para o relógio da cozinha e bebo meu café todo, dando as últimas mordidas na torrada.

- Meu Senhor, eu estou muito atrasada. Mãe, pai, amo vocês. Tenho que ir...

Pego a mochila que estava na cadeira, meu celular e as chaves da minha moto. Corro o mais rápido que posso para acelerar com a moto e sair da rua em que vivo, mas não há possibilidade de uma moto 2007, caindo aos pedaços, suprir minha pressa.

Oro pelo trajeto inteiro para que não ganhasse uma multa por excesso de velocidade e estaciono a moto ao lado do prédio de Letras. Continuo a correr até chegar no elevador que me prega uma peça: Estava em manutenção. "Okay... Respira fundo Alice... Não temos nenhuma necessidade de perder a cabeça... Seja longânima... É só subir três andares de escada."

- Trinta minutos atrasada, Alice? Inédito... - Todas as minhas tentativas de sentar no fundo da sala e me esconder foram por água abaixo. Levanto com minhas bochechas flamejantes recebendo os olhares de minhas amigas que estavam no centro da sala.

- Perdão, professor... - Pego meu caderno e minha mochila e ando em direção à porta.

- Pode ficar... Hoje você deu sorte, meu humor está excelente. - Ele lançou aquele sorriso maravilho (um dos quesitos que mais atrai todas as estudantes do UFRJ), me fazendo ficar mais calma. - E vai sentar perto da suas amigas.

- Obrigada, professor.

"Obrigada Senhor!"

"Ui! Parece que o senpai te notou..."

Juliana sussurra em meu ouvido assim que a aula de Victor acaba e dou um tapinha de leve em seu ombro, a mesma começa a rir. Gabi passa um dos braços em meus ombros e aconchega sua cabeça em mim.

- Acho que ela fez de propósito, Ju... - Gabriela fala calmamente e belisco sua mão. As duas riam mais do que antes.

- Foi só no início, meu Deus. Esquecem o Victor, okay? - falo.

Odisseia (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora